Capítulo 2

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Abri os olhos.

A primeira coisa que vi foi árvores.

Árvores?

Sentei-me e vi que estava em cima de galhos e folhas. É uma floresta.

"Como eu vim parar aqui?"

Tudo estava muito confuso. A última coisa que eu me lembro era de estar no Sunday's Pick e... Oh, não!

Eles devem estar me caçando (essa é a melhor forma de falar que eles estão me procurando, acredite). O que foi que eu fiz?

Fiquei de pé e olhei ao meu redor.

Tinha muitas árvores, nenhuma trilha. Não sabia se era de noite ou de dia (mesmo porque eu nunca havia presenciado o dia, apenas a escuridão). De onde eu venho não existe dia. Não existe a luz.

Entre as folhas e os galhos altos das árvores vinha uma luz fraca, boa o suficiente para eu saber onde eu estou indo e onde eu estou pisando.

Comecei a andar depois de uns 5 minutos observando o local. Com 40 minutos de caminhada, eu estava suada e cansada, parei e sentei em cima de uma pedra. Fechei os olhos.

Senti a presença de alguém, alguém a me observar. Abri meus olhos e lentamente levantei minha cabeça. Ao ver quem era, senti um enorme alívio. Levantei rapidamente para o abraçar.

- Tio!

***

Comecei a chorar assim que o abracei, não pude me conter.

- Olá, querida. Olá, Lilith- falou ele com sua voz suave, que mais parecia estar cantando a mais bela e pura canção.

- O que aconteceu, tio Bryan?- murmurei com minha voz abafada pelas roupas do meu tio.

Levantei meu rosto para olhá-lo nos olhos.

- O que aconteceu? Onde estou? Eles seguiram você? Como você chegou aqui?

-Calma, garotinha.- ele sorriu- está tudo bem, tudo bem.- falou ele acariciando meu rosto.

Me acalmei um pouco. Eu tinha que adimitir que estava com medo.

-Eu usei mágia para lhe transportar para o mundo dos humanos. E eles não me seguiram, na verdade eles nem estão preocupados comigo. Todos estão à sua procura.

Estremeci. Não queria nem pensar em quando eles me achassem.

- Por que você fez isso? É muito perigoso!

- Fiz para te protejer, meu anjo negro.

- Ah, tio - comecei a chorar. Quando eles encontrassem o Tio Bryan, vão matá-lo! - O que vai acontecer?

- Irei lhe contar tudo. Primeiro iremos a um chalé aqui próximo, que eu comprei para você ficar enquanto tudo se resolve. Vamos lá, eu lhe contarei tudo.

O chalé era... simples e pequeno (para quem estava acostumado com mansão medieval como eu). Tinha tudo humano: os móveis e a decoração, até mesmo o ar. Mas tudo bem, aqui será meu refúgio nos dias que virão.

- Primeiramente - começou o Tio Bryan - Você irá viver como uma humana. Irá a escola e terá que fazer "amigos" aqui.

- Irei fazer o que for preciso- falei, sentando pesadamente em uma cadeira de madeira.

- Você está matriculada em uma escola, no 2 ano do ensino médio. Seu nome vai ser Lili Hayes, você veio de New York, foi transfirida para a escola High School Saint Denis. Seu pai é um empresário muito importante . Ele é um homem ocupado e viaja muito, e você acaba tendo a obrigação de morar sozinha.

Ele se sentou em uma cadeira do meu lado.

  - Você está em Bluesky City, um cidade,se é que eu posso chamar dessa forma, muitissimo pequena. O país não está no mapa pelo mesmo motivo. Está localizado entre a Antártida e a Austrália. Sabe, isso é uma grande irônia.

- O que?

- O nome do país, Bluesky. Se você olhar lá fora pela janela, verá que o céu é escuro de tantas nuvens de chuva.- falou ele apontando para uma janela do meu lado esquerdo.

Observei o céu. Era  mesmo cinza.

- Você sabia de tudo?

Ele olhou atrás de mim, para o céu

- Sim.

- Por que você não me contou? - falei lavantando bruscamente da cadeira e olhei para ele.

- Para te proteger - falou ele levantando suavemente da cadeira e me abraçando. - Para te proteger.

Momentos mais tarde, quando meu tio me deu todo o tipo de informações precisas e havia ido embora, tomei um banho e  fui deitar.

Acabei adormecendo ao som das gotas de chuva batendo contra a janela.

Acordei com o maldito despertador tocando. Levantei rapidamente para desligar aquele trosso, amaldiçoando os humanos que haviam criado aquilo.

Tomei um rápido banho e fui me vestir. Escolhi uma blusa preta de mangas que chegavam até o cotovelo, calça jeans preta e um tênis chamado All Star. Amarrei meu cabelo em um "rabo de cavalo" (como minha mãe costumava chamar o penteado).

Percebi que estava com fome, peguei uma caixa com o nome "leite" na geladeira.  Tinha que combinar algo com o "leite". Vi outra caixa com o nome "cereal".

Dei de ombros e peguei as duas caixas e coloquei sobre a mesa de madeira.

Peguei uma tigela e uma colher. Li na caixa do "cereal" as instruções. Era só misturar tudo. Depois do longo trabalho de misturar tudo eu comi "a coisa". E era mesmo bom!

Quando terminei, peguei minha mochila (que tinha todos os materiais precisos), e fui em direção a escola, que não parecia ser muito longe, e não era. Em 10 minutos consegui localizar a escola com a ajuda de um mapa.

Fui para a minha primeira aula, que era com um tal de Senhor Smith.

Ao abrir a porta da sala, vi que o professor já havia começado a aula, e todos viraram a cabeça na minha direção. Não fiquei envergonhada, já estava acostumada com esse tipo de constrangimento. Pedi licença, logo depois ele me apresentou à turma como Lili Hayes ( como eu e o tio Bryan combinamos), e perguntou se eu queria falar algo. Balancei a cabeça, negando.

-Bem, sente-se onde você quiser - falou ele.

Escolhi a última cadeira vazia da sala (já que as outras estavam ocupadas por "moleques").

Fiquei de lado de uma janela e atrás de um garoto que não parava de me olhar.

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