Prólogo - Uma sombra na escuridão

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Londres
1984

O Orfanato de Colister Kings sempre fora bem ocupado por crianças especiais, mas naquele dia, ele teve a honra de receber oito crianças tão especiais quanto às outras.
Em meio á rua Almer Street, uma figura encapuzada corria pela cidade nublada, parecia estar fugindo de algo.
Seus suspiros podiam ser ouvidos por qualquer casa que ela passasse, e um outro barulho também, o choro do que parecia ser oito bebês rondava por onde a figura corria, acordando as pessoas de suas casas.
Reclamações ecoavam pelo ouvido da figura, porém, ela apenas os ignorava, estava concentrada demais pra prestar atenções em pequenos murmuros.
Quando ela finalmente havia chegado em seu destino, o primeiro pingo de chuva caía sobre o capuz desta. Os oito cestos em que ela carregava os bebês caíram de seus braços, e ela os colocou cuidadosamente no chão, em frente á grande porta do Orfanato de Colister Kings.
A chuva já estava forte enquanto a figura tentava acalmar o choro das crianças; ela olha para trás e observa que estão chegando mais perto, ela estava sendo perseguida.
- Alí! A bruxa está alí! - Gritou um homem ao longe, apontando para a figura, ele estava com uma tocha apagada em suas mãos, e seu rosto era quase inconfundível, ele era o guarda mão-direita da rainha, e faria de tudo para alcançar o objetivo da missão a qual ele estava.
De repente, todos os homens que com ele estavam, correram até a figura, e ela, com os olhos em lágrimas, fez o que tinha de fazer. Ela tirou seu capuz e pode-se ver uma mulher por baixo dele, ela tinha cabelos louros enrolados e olhos totalmente brancos, que brilhavam na escuridão da noite; em sua testa haviam oito pequenas tatuagens, cada uma simbolizando um bebê. Ela esticou seus braços para eles e rapidamente, as tatuagens foram descendo para suas mãos, até se tornarem uma pequena neblina, e entrar nas narinas de cada um. Após sua demonstração de poder, ela recolocou o capuz e correu para longe, alguns homens a seguiram, outros foram em direção á entrada do orfanato, onde não enxergaram os bebês, apenas o piso marrom e molhado da qual sempre viram.
Após um pequeno tempo, todos seguiram a direção em que foi a bruxa, e assim que se distanciaram o máximo possível, os bebês reapareceram no chão, e o choro deles continuou a incomodar as pessoas.
De repente, pode-se ouvir uma pequena tranca se abrindo de dentro do orfanato, e a porta se abriu em um pequeno espaço, apenas mostrando parte do rosto de outra mulher, ela olhou para todos os lado e não viu exatamente nada, e então olhou para baixo, arregalou os olhos e abriu as outras trancas que faltavam.
- Meredith venha aqui! - Gritou a mulher, desesperada. De repente, uma outra mulher um tanto mais nova apareceu ao lado da mais velha, e como ela, se espantou.
- De onde vieram tantos bebês senhora? - Perguntou Meredith, pegando dois cestos e levando-se para dentro do orfanato.
- Não sei! Mas precisamos ajudá-los! - Afirmou a mulher - Devem estar famintos!
- Mas que barulho é esse Margareth? Será que eu não posso mais... - Uma mulher muito mais velha que as outras estava descendo as escadas do orfanato quando observara as crianças, e correu para ajudar as mulheres - Minha nossa! Mais abandono? - Sua voz era suave e calma, e muito grave.
- Temo que sim! - Respondeu Margareth.
Elas carregaram todos os bebês para dentro e fecharam a porta do orfanato.
- Vou buscar as amas de leite! - Disse Meredith, correndo para o outro lado do orfanato.
- Senhora! Já temos muitas crianças! - Disse Margareth - Como vamos acolher também estas?
- Bom, não podemos deixá-los na chuva! - Afirmou a senhora - Vamos arrumar um espaço!
- Se a senhora diz...
- Eu não digo! Tenho certeza! - Retrucou a velha - Como diretora deste orfanato tenho poder absoluto para com ele! E decido quem fica!
- Sim senhora!
As mulheres foram muito cuidadosas com os bebês, deram a eles leite, comida, e até mesmo um lugar para morar, como a profecia dissera, e nada poderia mudá-la.

***

Enquanto isso, do outro lado de Londres, a bruxa corria pelas ruas da cidade, fugindo dos guardas que a perseguiam.
De repente, outros muitos guardas a cercaram e ela não pode escapar.
- Parada bruxa! - Gritou um guarda - Como ordem da Rainha Diane e do Rei William você está presa por usar sua bruxaria contra humanos!
- Eu não fiz isso! Estão me acusando de algo que não fiz! - Gritou ela, olhando para todos os guardas ao mesmo tempo.
- Você será enforcada na frente do pátio da cidade para que sirva de lição nas outras bruxas! - Gritou novamente ele.
- EU NÃO POSSO! - Gritou ela - E não vou ser morta por humanos! - Ela tirou de sua capa uma adaga, a qual tinha uma pedra brilhante e azul que incomodava os olhos daqueles que a observava - Em nome de Akhsaka! Eu realizo a profecia! E dou minha alma...
- NÃO FAÇA ISSO! - Gritou o guarda.
- Pelos oito primogênitos! - Rapidamente, ela crava a adaga em seu peito, e a pedra que nela estava já não brilhava mais, os cabelos louros da bruxa se desfizeram e seu poder se foi, mostrando sua verdadeira face; ela era, na verdade, uma velha de cabelos brancos e olhos vermelhos, muitas rugas estavam em seu rosto e ela possuía grandes unhas cobertas de sangue, seus dentes já não eram brancos como antes e sua beleza era uma mentira, ela foi envelhecendo a cada segundo, até se tornar apenas pó, e se formar com o ar.
- Temos que achar aquelas crianças!

Os Oito PrimogênitosOnde histórias criam vida. Descubra agora