Os Oito Primogênitos

Capítulo 2 - Uma conversa nada aconchegante

- Olá! Sou bem-vindo?
- Ahn... Claro, se-senhor! - Glória gaguejava como se estivesse falando com a rainha, bom, dava pra compreendê-la! Ela estava ao lado da mão-direita da rainha, General Stefan, braços fortes e cheios de tatuagens, sua altura era estranha, às vezes parecia que ele era baixinho, outras grande. Seus olhos eram castanhos e sua pele branca, há dez anos atrás seus cabelos eram longos e lisos, porém, o tempo muda, a gente também, o cabelo dele, agora, estava totalmente enrolado, com a mesma cor castanha que encantava as mulheres.
Na verdade, eu acho que ele não estava alí pela comida, e sim por Meredith, ela já havia crescido bastante desde que me lembro, e estava totalmente linda.
- Onde está Meredith? - Perguntou o general, todas as crianças olhavam para ele, horrorizadas, não era todo dia que um homem muito poderoso entrava em um orfanato.
Ele olhava de um canto a outro da grande casa em busca da mulher.
- Boa tarde general! - Uma voz suave ecoou do alto da escadaria do orfanato, era a linda Meredith, anos atrás ela era apenas uma assistente do orfanato, mas agora, dirigia ele. Seus cabelos louros batiam suavemente em suas costas enquanto reluzia à luz do sol, seus olhos castanhos e maliciosos derretiam o coração do general mais do que já estava, seus cílios longos acariciavam seu rosto quando ela piscava, sua pele era macia e de cor pálida e ela usava um grande vestido vermelho que se arrastava até o chão.
As únicas crianças que não deram bola para nenhum dos dois foram os oito irmãos, que já se encontravam comendo sua comida, quando Maria percebeu, repreendeu eles.
- Ei! Parem já! Não devemos comer antes de orar! - Avisou ela.
- Já oramos! E agora... Já comemos! - Respondeu Edward, todos os irmãos acabaram de comer na mesma hora, se levantaram, passaram diretamente no general sem sequer olha-lo nos olhos e sentaram-se no sofá.
Maria revirou os olhos e pôs a mão na cintura, então se dirigiu ao casal, que continuavam se olhando, como se fossem dois espelhos refletindo um ao outro infinitamente.
- Gostaria de almoçar conosco general? - Perguntou Maria.
- Eu adoraria! - Respondeu ele, se dirigindo á grande mesa.
- Bom, eu também adoraria! Mas tenho que arrumar umas coisas antes, depois nós nos encontramos general! Tenha um bom dia - Meredith saiu de nossas vistas e todos suspiraram de alívio porque o amorzinho dos dois tinha finalmente dado um tempo.
O general sentou-se a mesa e percebeu que estavam faltando oito crianças, os oito irmãos.
- Vocês! - O general apontou para os oito, mas estes nem ligaram - VOCÊS! - Gritou ele.
Os irmãos viraram rapidamente para Stefan, com os olhos arregalados.
- Venham aqui! - Ordenou ele. Todos os irmãos se levantaram e se sentaram novamente a mesa, encolhidos, não queriam receber nenhuma bronca; o único que ficara normal foi Tom, que encarava o general como se fosse mais poderoso.
- Sim? - Perguntou Tom, com a voz grave.
O general o observou de cima a baixo, com estranheza.
- Seu nome.
- Tom Caster! - Respondeu o menino.
- Você que escolheu? - Perguntou o general.
- Sim!
- Então você é burro! Tom é um nome horrível! - Disse o general, cortando um pedaço do peixe que estava em seu prato.
- Qual seu nome? - Perguntou Tom.
O general riu.
- Stefan! Você deveria saber!
- Foi você que escolheu? - Perguntou Tom, fazendo a mesma pergunta que o general.
- Como é que é? - O general já estava ficando irritado.
- Foi.você.que.escolheu? - Perguntou Tom, com a voz mais alta.
- Você sabia que, mesmo sendo uma criança, poderia ser preso por isso? - Perguntou o general.
- Considerando o fato de que foi você quem me deu o exemplo de dizer isso... - Disse Tom, pegando um pedaço de peixe, mesmo que já tenha comido, ele havia visto isso em filmes, quando a pessoa está conversando e presta atenção em outra coisa.
- Tom! - Repreendeu Maria.
O general fez ela se calar com a mão, e riu o mais alto que pode, todas as crianças tiveram medo, até mesmo os oito irmãos, tiveram medo do que ele poderia fazer com Tom, que este continuava a mexer com o peixe.
- Gostei de você garoto! - Disse o general - Mas continue assim... E vai perder a língua!
- Não gostei de você general! - Disse Tom, todos olharam para ele com medo, principalmente Maria - Mas continue assim... E vai perder a vida!
- Já chega Tom! Já para seu quarto! E não saia de lá até que o general decida sua sentença! - Ordenou Maria.
Tom bateu na mesa raivosamente, se levantou e subiu a escadaria, fechando a porta de seu quarto tão forte que todos puderam ouvir.
- Desculpe-nos general! - Disse Maria - Tom é meio...
O general, novamente, fez ela se calar com a mão.
- Perdi a fome! E é melhor você tratar melhor suas crianças! - Retrucou o general, se levantando e saindo do orfanato.
Os sete irmãos que continuaram á mesa correram para o quarto de Tom, preocupados com o irmão.
- Tom? - Perguntou Edward, entrando no quarto do menino, perceberam que ele estava sentado na cama, olhando para o chão, enquanto pequenas gotas de lágrimas desciam pelo seu rosto.
- Já chega! - Disse Tom - Eu não aguento mais esse inferno! Vamos fugir!