A New Fucking Year [2018]

•O começo de tudo: Parte 1

[05/02/2018]

04:45

Me arrumando...

Trecho - Um ano diferente {primeiro dia: parte 1}

[01/02/2017]

04:00

Me arrumando...

É hojee! Começa tudo de novoo! Porque estou tão animada? É o primeiro dia de aula e não estou morrendo igual outras pessoas. É, sou estranha mesmo.

     Depois de reler esse trecho do meu livro do ano passado, eu me pergunto: onde essa animação toda foi parar? Parece que em lugar nenhum.

    No começo de 2017, a felicidade era tanta... eu finalmente iria ver minha melhor amiga depois de meses afastadas, ter as duas turmas juntas resultando em uma idéia maluca que deu super certo para nós no começo, viver um novo ano, conhecer gente nova... Agora, um ano depois, eu tenho apenas uma volta às aulas comum.

   Sem nenhuma amiga vindo de nenhum lugar distante, sem as nossas turmas juntas, separada de todos os meus amigos, viver um incrível novo ano de merda, conhecer gente nova por pura obrigação, e eu me pergunto novamente: e aquela animação e felicidade toda de 2017? Onde foi parar?

   Pela primeira vez em 7 anos, eu não tô ansiosa para a volta às aulas, eu não estou feliz para conhecer gente nova, não estou nervosa para chegar na escola e reecontrar todo mundo.             Pela primeira vez em 7 anos, eu acho a volta à escola uma coisa super comum, sem nenhum propósito.

Então, sejam bem vindos ao nosso novo ano de merda.

Preparados?

— Helena! — acordo com minha mãe abrindo a porta do meu quarto enquanto começa a berrar pela casa. — Já são quatro e meia, levanta!

      Droga! Eu tinha que ter acordado às quatro... pelo visto o remédio que eu tomei para controlar a minha ansiedade pra hoje fez um puta efeito e meu despertador não tocou... ou eu não ouvi.

   — Tá bom, tá bom, tô acordada.

   Ao me levantar da cama, já sinto a vontade de voltar para ela. Não estou nada preparada para esse ano. Será que é por que o ano letivo começou chovendo? Bem, menos mal, prefiro chuva do que aquele sol quente que faz toda a minha maquiagem borrar.
    Ou será que é por que eu literalmente, queria voltar pra minha cama e esperar 2019 chegar? 2018 mal começou e já está se mostrando um desastre total.

   — Tem certeza que consegue cuidar dos bichos aqui antes de ir? -Minha mãe pergunta se referindo ao cachorro e aos porquinhos da índia {ah sim, porquinhos da india entraram pra família. Quem diria} Na noite passada eu havia dito que ela não precisava se preocupar em cuidar deles antes de ir pro trabalho, e agora me arrependo um pouco de ter dito isso.

     — Tenho sim, pode ir.

     — Tudo bem então... se cuide e... boa sorte no primeiro dia!

      — Valeu. — dou meu melhor sorriso simpático para tentar mostrar que estava tudo bem, quando na verdade tava tudo péssimo, e ela parece compreender.

      Pego minha toalha e meu celular e vou direto para o banheiro. Desbloqueio o celular e vejo que muita gente não se pronunciou sobre a volta às aulas hoje, que estranho. Seleciono a música Who Knows - Avril Lavigne para tocar e começo meu banho. Mais estranho ainda é essa ser minha música favorita pra escola, me deixar sempre arrepiada quando começa a tocar e me fazer lembrar da Julia, da escola, dos meus amigos, do transporte, e agora ela não faz eu sentir mais nada disso...

     Saio do banho finalmente depois de alguns minutos, então percebo o banheiro todo manchado de vermelho... Ah, vermelho? É tinta, relaxem. Pera, tinta?! Sim, ter as pontas do cabelo pintado de vermelho é bem difícil de cuidar. E ainda mais, tomar cuidado pra não manchar nada...

    E assim estava meu visual: cabelo vermelho nas pontas tonalizado recentemente, pulseiras hippies de todos os tipos que vocês podem imaginar nos pulsos e é claro, meu cordão de arco e flecha, junto com o cordão do Tordo dos Jogos Vorazes. E uma gargantilha bem pequena que não faz diferença nenhuma.

      Começo a me arrumar e deixo a maquiagem para o final {me arrependi muito} e vou para o quintal colocar comida para os bichos daqui. Uns minutos e eu ouço um barulho de van chegar.

  Puta merda.

      Van? Ah sim, agora não é mais o nosso querido ônibus. Devido à quantidade de pessoas que saíram do transporte, um ônibus não era mais necessário. Ele agora foi substituído por uma van novinha que o tio Carlinhos dividia com um amigo. Saio correndo e jogo o lápis, rímel e corretivo dentro da mochila, já me maquiei no ônibus antes, uma outra vez não mata...

       Pego tudo que era necessário e saio em direção ao portão.

      — Pegou tudo? — minha vó pergunta.

      — Sim, tá tudo bem. Até mais.

         A van não era muito grande nem muito pequena, mas dava pra ver muito bem que era novinha em folha.

      — Bom dia! — falo para sei lá quem que era aquele cara que abriu a porta pra mim, só estou sendo educada.

       — Bom dia... — diz meio sem jeito.

      — Bom dia Tio!

      — Oi, Helena! Como foram as férias?

      — Ah, normais...

      — Passou tão rápido, podia ter durado mais um pouco. — fala dando uma risadinha baixa enquanto seu ajudante entrava. Mesmo depois de perder sua esposa devido a um câncer, ele ainda conseguia ser um senhor super agradável e... aparentava estar feliz, mesmo que todos soubéssemos que muitas vezes ele forçava sorrisos.

         Eu sabia que muita gente tinha saído, mas não exatamente quem e muito menos imaginava quem havia saído. Brenddinha Sorriso saiu, não vou mentir, ela vai fazer falta. Eu queria ter feito amizade com ela enquanto podia, mas né, Rodrigo não facilitou nada.
         Falando nele, depois de eu implorar muito para ele ficar no mesmo transporte que eu, ele ficou {mal sabe ele que está sendo iludido, novamente} Obviamente teve que conversar muito com a mãe, até por que ele repetiu de ano e eu entendo que pagar tudo aquilo novamente junto com o transporte que também aumentou, é foda. Incrível ver que ele já ficou de dependência uns anos atrás, repetiu agora e ver que o comportamento não muda, já que ele já veio querendo putaria pra cima de mim.

  Ah, por favor né.
O ano mal começou, me deixa viver.

06:56

Chegando na escola...

         Entrando na Avenida, eu já estava tentando me preparar. Esse ano, não tem uma maluca de 1,75 de altura me esperando na porta da escola, não tem uma turma cheia de alunos para eu conhecer, não tenho minhas amigas aqui comigo -já que apenas Stephany vem hoje- simplesmente, não tenho mais nada para me animar.

(...)