Quando tudo começou

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O dia está nublado, sinto cheiro de chuva. Apertei o passo para chegar logo na IURD antes que o temporal desabasse. Abri a porta. Caminhei lentamente até a primeira fileira de poltronas, sentei-me, pus minha mochila ao lado para que eu pudesse descansar um pouco, afinal, vir de tão longe com tanta pressa não era tão fácil assim, estava bem cansada.
O salão estava vazio, não havia sequer um barulho vindo de qualquer lugar que seja. O silêncio me fez refletir. Reparei nos detalhes de minha linda Igreja. O nome bem no alto: Jesus Cristo é o Senhor, em dourado. As pinturas das paredes, os vidrais, o candelabro, e o Altar. Ah! Que lindo era aquele Altar. Fez-me lembrar do dia que entreguei minha vida para o Senhor Jesus, depois de tanto ser desprezada, humilhada, depois de uma vida de ilusões e decepções... havia encontrado ali, naquele Altar, o Meu Amor. Veio-me à mente: o dia do meu batismo nas águas, quanta alegria! Uma das primeiras concentrações da FJU em que estive presente... o dia em que fui batizada com o Espírito Santo... Tudo passava na minha mente como um filme, e eu o assistia como quem se regozija de tanta paz. Não, eu ainda não sou obreira. Mas logo vou ser!
Cada canto daquela Igreja me fazia recordar de um dia passado na Presença de Deus.
Ouvi passos vindo do final do salão em direção ao Altar, mas isso não me tirou a concentração, imaginei que seria um membro, uma senhora talvez, precisando de oração.
Com meus olhos fixos no Altar e meu pensamento um tanto quanto distante dali, fui interrompida por uma voz muito bonita, e uma mão estendida em minha direção:
-Bom dia! Eu sou o Pastor Lucas, e a senhora é...?

Tremi de cima à baixo, frio na barriga. Minhas bochechas rosaram. Olhei para ele, não sabia o que responder, parecia ter esquecido meu nome rsrsr. Paralisei. Ele riu. E cá entre nós, que sorriso bonito!

- Me-meu nome é Be-beatriz.

Dei um sorriso de canto de boca. Apertei firme sua mão.

*Pastor Lucas: Então Beatriz, a senhora é obreira?

*Beatriz: N-não senhor... sou candidata.

*Pastor Lucas: Ah entendi! Então Beatriz, vou precisar de sua ajuda no Jejum e...

Prestei atenção até essa parte, depois passei à reparar no cabelo, no sorriso, na roupa, no modo de gesticular, nos seus olhos castanhos claros, em tudo. Eu não ouvi sequer uma palavra do que o novo Pastor Auxiliar havia dito, mas quando ele acabou, balancei a cabeça respondendo que sim. Ele sorriu e retirou-se. Sentei-me novamente na poltrona, como alguém que estivesse se sentando em uma nuvem. E fui lembrando e relembrando da breve conversa que tivemos....

Eu e o auxiliarOnde histórias criam vida. Descubra agora