Assim como o Sol

8 1 0
                                    

•P.O.V S/N•


Aproximo da porta do café e minhas mãos tocam a maçaneta alongada, fria e prateada. Abro e respiro fundo, fazendo com que o cheiro de café chegasse até mim e, automaticamente, um sorriso se fizesse presente em meu rosto.

O cheiro da bebida toma conta de todo o local,  as pessoas circulam para pegar suas bebidas e encomendas dos doces que aqui vendem. Sinto a temperatura da loja e tiro meu casaco, aqui é claramente mais quente que lá fora.

Antes de prosseguir, dobro meu casaco e o coloco dentro da bolsa da melhor maneira possível. Porém, antes que a fechasse, tiro meu celular de dentro e vejo que Jin havia me ligado há alguns minutos atrás. Não vou retornar, estou num momento muito importante agora, tenho apenas que prosseguir antes que eu perca a coragem e corra para longe daqui.

15:20, que ótimo. Odeio atrasos.

Quando o guardo na bolsa, levanto meu olhar para começar a andar e observo em volta do café procurando o motivo que me trouxe aqui. Assim que passo os olhos pelo local procurando-o pelas mesas, minha respiração fica alterada. Descompassada. Ou talvez quase inexistente. Meu corpo está uma bagunça de sensações, é difícil distingui-las.

Ele está me observando.

Vou caminhando até ele com os olhos vidrados no chão, não consegui encará-lo de imediato. Minha mente parecia ter ficado confusa apenas com ele ali, parado e me olhando. Somente a sua presença já me desestabiliza por completo. Pensei em tantas coisas que gostaria de começar dizendo, mas minha cabeça era um branco total no momento.

Caminho entre as mesas tentando convencer a mim mesma de que não tinha nada a temer, que tudo daria certo no final do dia. Sentia minhas mãos suando e meu corpo estava quente, talvez numa temperatura quase febril. Por um momento, parei para pensar no porquê estava assim, afinal, ia me encontrar com a pessoa que quase vivia comigo um tempo atrás. Assim que me aproximo o suficiente, meus olhos sobem até ele com cautela. Sentia como se um olhar errado, mesmo que mínimo, espantaria ele do restante da minha vida. E se tem uma coisa que eu não quero é isso.

— Oi. — Digo baixo tentando disfarçar o tremor em minha voz. Sento-me na mesa engolindo em seco e coloco a bolsa ao meu lado.

— Oi S/N. — responde, sem tirar os olhos de mim.

— Por que me chamou aqui? — Meu corpo se recusa a deixar que meus olhos subam até ele e observá-lo, enfim, por inteiro. Ainda não conseguia o encarar, minha mente gritava silenciosamente por socorro. Uma pane, é isso que estou tendo. Um pane no meu sistema. Finjo ter algo interessante para fazer em minha bolsa para não transparecer que eu sou covarde o suficiente a ponto de não conseguir olhá-lo nos olhos.

— Precisamos conversar, S/N. — Apoia os braços na mesa e debruça levemente sobre a mesa em minha direção, ainda me olhando fixamente — Não me deu chance de falar depois que saiu correndo da minha casa. 

— Não tem nada para me explicar. — Na verdade, tem muitas coisas para explicar —  Você seguiu sua vida. Talvez esteja sendo mais feliz agora. Não há nada de errado nisso.

Okay S/N, péssima hora para ataques. Que tal respirar um pouco? Não veio para estragar tudo de vez.

Meus pulsos se fecham com força e eu suspiro, meio decepcionada em lembrar e, muito mais do que isso. Estou de comigo mesma por já estar sendo rude no começo da conversa. Mordo minha boca internamente e faço um juramento silencioso de que tentaria entender o seu lado e escutaria o que tinha para dizer. Se me chamou aqui, é porque deve ter um motivo. Tudo isso se passou na minha cabeça por apenas alguns segundos, rápido o suficiente para que ele nem perceba a reflexão que tinha acabado de fazer. Óbvio que percebeu que estou nervosa, mas nada mais do que isso. Bom, pelo menos eu espero. Tomo coragem para olhá-lo e encontro seus olhos ainda fixados em mim, especificamente em meu rosto.

You Promised MeOnde histórias criam vida. Descubra agora