Lembranças de papel

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É estranho a maneira que estou agora. Sinto-me triste, mas é contraditório dizer que estou feliz com Jin. Não posso demonstrar que permaneço arrasada mesmo depois de já ter passado um tempo, isso o deixaria desconfortável e meio chateado também. Sei que está se segurando para não comentar nada sobre ou perguntar com detalhes o que aconteceu. Ele é curioso, deve estar se segurando o máximo que consegue.

Quando ele adentrou a casa, fiquei aliviada. Pelo menos isso significava que poderia ficar por um tempo e ele não achou problema algum nisso. Não vou negar que uma sensação de segurança pairou sobre mim. E de conforto também, agora tenho a certeza de que não estou 100% sozinha. Ainda tenho ele.

Pouco tempo depois já estávamos a caminho da minha casa em seu carro. Jin tentava me fazer sorrir de todas as formas possíveis, por mais que eu sempre costumo frisar que suas piadas não são lá extremamente engraçadas. Não deixava o carro ficar em silêncio nem por alguns segundos, certeza que fazia isso para me distrair. Não vejo problema nisso se essa é sua intenção. Vou deixar ele pensar que não descobri sua estratégia, sei que isso o deixa feliz.

Só mesmo o Jin pra me fazer sorrir em momentos como esse. Mesmo que meu corpo ainda se sinta pesado, minha alma parece estar um pouco mais leve. É como se ele conseguisse reduzir o peso sobre meus ombros apenas com suas simples palavras. E esse seu dom faz a diferença nesses momentos. Agradeci mentalmente umas 10 vezes por ter cultivado essa amizade até hoje. O clima está bom, e não estou falando do clima sobre o tempo que passa nos jornais.

E sim da maneira de como tudo fluía. Nossa conversa, nossa risada e, principalmente, nossas almas.

(•••)

— Não precisa entrar se não quiser, só me fala onde estão as coisas. — diz, enquanto me observa parada em frente à porta.

Nego com a cabeça e tiro a chave da bolsa. Já tinha vindo aqui hoje, não preciso temer minha própria casa. Isso é ridículo. Sei que diversas coisas já aconteceram aqui, muitas boas e algumas ruins, mas nada que eu não possa superar com o tempo. Se eu corro de tudo hoje, o fantasma de minhas lembranças me assombram amanhã. Não preciso lembrar incessantemente, mas também não posso esquecer.

— Tudo bem Jinnie, tem algumas coisas que preciso pegar e acho melhor que eu mesma faça isso.

— Bem, já que acha melhor assim...

Abro a porta logo em seguida e adentro, com Jin caminhando logo atrás de mim com passos um pouco hesitantes.

— Wow, tem muito tempo que não venho aqui. — diz, andando pela sala. — Tudo parece muito... Solitário.

— Jinnie, fiquei 2 anos sem vir aqui. Claro que minha casa parece solitária.

— Nossa, desculpa Senhorita. Esqueci que é a dona da verdade e das revelações. — fala, olhando-me com uma cara engraçada.

— Vai continuar me chamando de "Senhorita"?

— Gostei de te chamar assim, você não gostou?

— Não, não. Tudo bem. — Digo, deixando minha bolsa em cima do sofá e já passando os olhos pelo cômodo para lembrar do que preciso pegar.

— Esse apelido abre portas para muitos outros nomes... "Senhorita Irresponsável", por exemplo.

— Haha, você é muito engraçado. Estou morrendo de rir. — Revirei meus olhos enquanto abria uma bolsa no chão e ele apenas ri, tornando a olhar em volta, talvez procurando algo interessante para fazer enquanto procurava minhas coisas.

— Não acredito que ainda tem isso. — Viro-me em sua direção e vejo que andou até a estante. Suas mãos pegam um porta-retrato que eu já imagino qual é. — Eu estou horrível nessa foto! — Olha-me, fingindo estar magoado.

You Promised MeOnde histórias criam vida. Descubra agora