Capítulo 6

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Matt assustara a Ryan com sua entrada repentina, e esse o mirava desejando uma explicação favorável. Se há algo que Matt sempre tivera, é a chamada curiosidade e percepção. Uma ótima percepção aliás. 

— Ah, é você Matt. Pensei que fosse sua irmã. — Encarou, suspirando atenuado por não ser a sua amada, pois não desejava entrar em conflito novamente.

— Tens um outro eu? — Continuou a mirar Ryan de forma a intimidá-lo, porém ele olhou para os cantos buscando um escape e lembrou que estava para tomar banho, conseguindo, então, cortar o assunto:

— Matt, depois conversamos sobre isso. Estou necessitado de um banho agora, se não se importa.

— Está bem — disse, certamente indignado por não receber a resposta que esperava.

Assim que Ryan escutou o bater da porta, baforou pondo as mãos na cintura. Por fim, decidiu apanhar a toalha, dirigindo-se ao banheiro. Após despir-se, entrou no box e abriu a transmissão permitindo que a água escorresse pelo seu corpo. Ao fechar os olhos, por um instante, algo inusitado aconteceu:

— Filho, filho! — Como um eco, o mesmo senhor de outrora o chamava e Ryan o encarou, desesperado e com muita raiva, perguntando-se como chegara ali. Ele se encontrava na própria rua Berseba, mas na tarde da noite, sentado na calçada, quando o homem apareceu. Era uma visão? Talvez.

— Por que me trouxeste a esse lugar inexistente, hein, seu velho estúpido? — bradou, sem ponderar nas palavras ditas, indo em sua direção, porém o senhor usou a bengala para pará-lo.

— Ryan, me escute.

— Eu não quero escutar! Eu quero que você me tire daqui.

— Não, ainda não, filho.

— Eu não sou seu filho! Você não é meu pai! — Ryan se exaltou. — Minha esposa acha que eu estou louco por não saber das coisas que, aliás, eu nunca vivi antes. E eu não posso perder a empresa! Otávio vai destruí-la.

— Não, ele não vai.

— Como você sabe?

— Sei de muitas coisas, Ryan. E também sei que sentes algo pela Melanie. A chamaste de 'minha esposa' agora há pouco.

— É porque eu praticamente estou me tornando esse outro Ryan, quer dizer eu! —bradou, gesticulando. — Eu não posso continuar em Berseba.  — Riu, desesperado.

— Mas não tem como sair sem permissão. — Sorriu.

— Você me trouxe! Pode muito bem me tirar.

— Ainda não é o tempo Ryan! Ao sair daqui, terás somente uma escolha. Uma oportunidade. E precisa escolher sabiamente  — disse. — Não exalte os seus ânimos, porque ages como um atribulado, que na verdade ainda és — acrescentou.

Dito isto, Ryan assustou-se ao recobrar a consciência e escutar o som da água saindo pelo chuveiro, percorrendo todo o seu corpo.

— Ryan! Você está gastando água! — Ouviu Melanie bradar no quarto.

Ele rapidamente terminou de se banhar.  Depois de enxaguado e enxuto, ele se enrolou na toalha e saiu do banheiro, vendo Melanie sentada na cama, massageando o pescoço, porém logo retornou para o banheiro, olhando para si e seu estado de nudez, cogitando consigo o que iria fazer já que esquecera a cueca. Afinal, ele agia como se estivesse em casa. Mas não naquela casa e sim a sua real habitação que era um apartamento deixado pela família.

— Mas que droga! Ela não pode me ver dessa maneira — retrucou consigo, no entanto ele se recordou de que onde ele se encontrava era literalmente o esposo dela então não havia mal nenhum em estar seminu, decidindo assim, voltar para o quarto, respirando fundo a fim de deixar o incômodo que lhe sobreveio para trás.

Segunda chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora