III

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- Oi.

Helena olha para cima e ver a amiga sorrindo fraco para ela, voltando ao que fazia em seguida, Diane era uma boa mulher, sempre a apoiou, sempre lhe deu forças desde que chegou sem conhecer nada, ela e Heloise foram seus alicerces no começo, apesar das duas terem suas namoradas e outros compromissos, nunca deixaram de se falar, conversar, curtir, mesmo a morena sabendo que a negra não gostava das duas juntas, Helena entendia ser apenas ciúmes.

- Oi, preparada para amanhã?

- Ansiosa. – A loira senta ao lado da outra que amarrava o cadarço da chuteira, iriam fazer o último treino antes de se concentrarem.

- Impossível não ficar, estamos nas quartas de finais, cada jogo é uma guerra, afinal é o Milan, e se passarmos pegamos ou Barcelona ou Manchester City, cada um me dá medo.

Helena disse sem olhar para a outra, ainda dando atenção ao que fazia, por isso não percebeu o quanto a loira admirava cada detalhe da morena, cada gesto, cada palavra, cada sorriso, cada movimento, tudo Diane observava, não conseguia controlar, foi assim desde que se conheceram, e acha que seria assim enquanto tivesse a número dez ao seu lado.

- Vamos conseguir, Di, será só o primeiro jogo, ainda vamos jogar na Itália, mas estou confiante, nosso time está ótimo, o entrosamento perfeito, é só fazer o que sabemos e treinamos.

A loira sorri fraco, iria falar algo, mas antes disso a voz firme se faz presente, Diane acha que ela sente o cheiro quando está perto de Helena.

- Petit, pronta?

- Sim. – A menor sorri para a loira. - Vamos arrasar nesse treino, Di.

A morena se despede da amiga e sai de mãos dadas com a namorada, antes de chegaram ao campo a negra empurra a menor contra a parede do corredor e começa a beijá-la com força e fúria, pressionando o corpo e sentindo-se ofegante.

- O que ela queria com você? – Helena pergunta ao beijar o pescoço da morena e apertar sua cintura, impossível para Helena não soltar um leve gemido.

- Nada demais, apenas falamos do jogo de amanhã. – Heloise se afaste e encara a mulher, vendo que ela falava a verdade, sorri e acaricia sua bochecha.

- Mon petit, você sabe como fico quando alguém chega muito perto de você.

- Amor, você sabe que Diane é minha amiga, vocês duas foram as que me apoiaram desde sempre.

- Não me compare a ela, eu sou diferente, eu sou mais que sua amiga, você é mais que minha amiga, você é minha mulher. – Helena abaixa a cabeça e respira fundo.

- Não gosto quando você fala assim.

- Assim como? – Heloise coloca a mão no queixo da outra fazendo ela elevar a cabeça e lhe encarar.

- Como se eu fosse um objetivo.

- Princesse, me perdoe, não pense assim, você não é um objeto, mas eu gosto de deixar claro que você é minha, sabe disso, não é? – A morena balança a cabeça positivamente – Diga-me, petit.

- Sim, eu sei. – A negra sorri e beija os lábios da namorada com carinho.

- Eu te amo, mon petit.

- Eu também.

E sabe-se bem que o "eu também" nunca foi e nunca será um "eu te amo", mas Heloise estava mais interessa no "eu sei" da namorada, ela queria que todos soubessem, Helena Andreoli era sua, apenas sua, ninguém mudaria isso.

- Vamos, estamos atrasadas, vamos ganhar essa Champions e comemorar em grande estilo, depois disso vou te apresentar para a minha família, eles já sabem que tenho alguém, só não sabem que é você.

Helena quase para de respirar ao ouvir isso, apesar de considerar o relacionamento delas sólido, ser apresentada aos pais na França era quase um pedido de casamento, ela estava preparada para isso?

- Tudo bem? Você não quer isso?

- Eu... não acha cedo demais? – A morena pergunta amedrontada, ver a namorada se afastar encarando seus olhos negros.

- Você não quer tornar isso oficial para a minha família?

- Quero... quer dizer, sim, mas...

- Helena, o que está acontecendo? Você não me ama mais?

A negra sabia bem como fazer sua namorada realizar seus desejos, era um jogo mental que a mais velha aprendeu nesses meses, onde Helena era completamente exposta.

- Não, por favor, eu não disse isso, eu quero, eu.... eu te amo, só... nada, deixa para lá, vamos vencer esse torneio e depois falamos disso.

- Eu te amo, mon petit, te perder não é uma opção, entendeu?

A morena concorda com a cabeça e recebe mais um beijo antes de irem para ao campo e começaram os alongamentos. Elas agiam profissionalmente nos treinos, assim como todos os outros casais, Paulette, uma veterana de trinte dois anos era a capitã, era tão famosa no time que já tinha um lugar garantido na diretoria quando se aposentasse, coisa que pretendia fazer depois que terminasse essa Champions. Depois do treino, todas ofegantes e cansadas, sentaram no gramado em um círculo para escutarem as palavras de incentivo da mais velha e da treinadora.

- Não posso dizer muito hoje, amanhã será mais uma batalha, assim como foi todas as outras, aquele time é o atual campeão, nem podemos deixar de citar a história que o masculino tem na competição. Depois que passarmos por elas, teremos mais guerras, mas essa é a nossa chance, esse é o nosso ano. Vamos ganhar essa Champions, nós merecemos, nós lutamos para estarmos aqui. – Paulette falava com firmeza e experiência que tinha. – Amanhã será o primeiro dia da batalha, depois nós vamos até o terreno delas e vamos dá tudo de nós, mas amanhã tem que ser o golpe inicial, precisamos ganhar, precisamos mostrar que podemos mais, muito mais, o mundo estará olhando para nós, estamos conseguindo nosso espaço, hoje o que tenho nem se compara a quando eu tinha quinze anos, onde tive que passar fome para poder estar aqui, vocês, nós somos privilegiadas, mas eu sinto orgulho de todas vocês. Vamos ganhar, vamos ganhar, vamos ganhar.

A mulher gritou as últimas palavras alto ao erguer o braço, todas as outras jogadoras gritaram juntas e aplaudiram, a mais velha sempre fazia um belo discurso antes dos jogos.

- Meninas, o momento é de vocês, eu dei tudo de mim, fiz o que pude, mas depois que entram nesse gramado com o estádio lotado o momento é de vocês, deem o seu melhor que vamos conseguir – As jogadoras aplaudiram quando a técnica terminou de falar. – Boa sorte para nós e já sabem, descanso total agora, cada uma em seu quarto.

Todas concordaram, e saem do gramado, Diane se aproxima de Helena e Heloise e deseja sorte para as duas, assim como elas fazem de volta, quando chegam à entrada do quarto da morena a negra a abraça forte e lhe dá um beijo.

- Bonne nuit, mon petit

- Bonne nuit, mon amour.

Elas se despedem e vão para seus quartos, o dia seguinte seria decisivo para todas, o jogo estava marcado para às cinco da tarde, elas almoçariam no CT (Centro de Treinamento) e depois iriam para o estádio.

- Que Deus me ajude amanhã.

Com essas palavras Helena acabou dormindo, sabendo que só precisava confiar em si para conseguir, ela era boa, sabia disso, o time todo era excelente, só podia relaxar e esperar, foi isso o que ela fez. 

Jogando com o amor (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora