Capítulo 1 : A luz vermelha

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Em uma atordoada tarde de domingo, por volta das 4:05 PM, a minha casa nunca havia ficado tão agitada, bem, não minha casa, mas uma casinha na praia de minha tia. Todos corriam feito loucos, o motivo, bem simples ou não? Bom, estavam assim por causa de mim, minha culpa. Eu havia me deitado e quando acordei estava cortada pelas pernas e cortes profundos na região do abdômen, nesse exato momento estava na ambulância, completamente desorientada, sem ter alguma noção da realidade. Conseguia ver com uma visão embaçada e ofuscada como um vidro em um dia chuvoso minha tia chorando e meu tio trêmulo com uma espécie de algo retangular cinza na mão, talvez um telefone, ou não. O caminho até o hospital mais próximo foi breve, quando fui retirada a ambulância estava sedada (contou minha tia).

Quando eu acordei, uma médica me examinava, eu conseguia ver, vi minha tia tomando um copo de algo e meu tio abraçando ela fortemente, olhei para meu corpo completamente tampado com faixas brancas e curativos, sim eu havia me esquecido do que tinha ocorrido. Enquanto a médica inseria uma agulha pelo meu pulso me perguntava questões básicas.

-- Qual é seu nome princesa? – como ela não sabia, ela era uma médica, pensei.

-- E-Elisa, Elisa Wonghes – respondi tentando não olhar para a agulha.

-- Quantos anos você tem? – sinceramente ela não sabe ler fichas, pensei.

-- Tenho 6 anos, a senhora, aí!!!, devia ter visto minha ficha para saber dessas coisas – respondi olhando para ela.

-- Eu sei quem você é menininha – ela riu – mas para saber que está em plena consciência preciso fazer algumas perguntas, que obviamente você soube responder.

-- Onde está minha mãe, quero dizer minha tia? – tentava me revirar na cama.

-- Sua tia está falando com o psicólogo D.r Fergus, ele irá examina-la daqui a pouco, enquanto isso descanse um pouco.

Depois do almoço o doutor Fergus me levou para a sala dele para fazer os exames, a sala era completamente branca, havia um quadro de uma ilha na parede, e uma estante com vários livros á esquerda, um chão de madeira vermelha, e uma mesa de vidro no centro da sala com um ursinho de pelúcia em umas das prateleiras e um porta-retratos com o doutor e uma mulher, segurando um bebê.

Me sentei em uma poltrona azul marinho perto da mesa. O doutor era um homem alto e mais feio que o bicho de pelúcia que se encontrava na sala.

-- Olá Elisa, tudo bem com você? – ele pegou uma prancheta.

-- Não, minha barriga e minhas pernas doem um pouco – falei.

-- Você sabe que você se machucou né – disse ele.

-- Eu não sei como eu me machuquei doutor, eu fui dormir e depois de dor....

-- O que foi Elisa? – perguntou ele.

-- Quem me machucou, minha tia deve ter te contado, foi um assassino, ele entrou em casa e...

-- Elisa! Calma, irei chamar sua tia para que ela explique o motivo, mas voltando a pergunta você não se lembra de nada?

-- EU NÃO LEMBRO, ME DIGA QUEM ME MACHUCOU!!! – comecei a chorar – EU SOU UMA BOA MENINA, NÃO MACHUQUEI NINGUÉM.

-- Calma Elisa, estou aqui – ele mandou uma mensagem e minha tia entrou alguns minutos depois.

-- ELISA – minha tia me deu um abraço muito forte – pare de chorar meu amor, está tudo bem eu estou aqui.

-- MAMÃE QUEM ME MACHUCOU? FOI QUEM MÃE ME DIGA – falei chorando abraçado minha tia.

-- Desculpe, a senhora é mãe da criança? – perguntou o doutor.

-- Minha irmã morreu enquanto ela era pequena, eu e meu marido cuidamos dela desse que era um bebezinho – respondeu minha tia – é normal quando ela está nervosa me chamar de mãe.

-- Mãe pode me contar – suspirei tentando me acalmar –

-- Sim meu amor, mas preciso que seja forte – ela me colocou em seu colo.

-- Lembre -se do que eu te falei e como contar, a garota pode ficar em estado de choque sim? – falou o médico.

-- Vou tentar, lembre se minha florzinha, seja forte.

Não se esqueça de mimWhere stories live. Discover now