Capítulo 2

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                                                                          18 de outubro de 1992.

Estou vindo no parque a quase um mês, mas não a encontrei novamente.
Passo aqui depois da escola, todos os dias. Me sento no mesmo banco. As vezes trago um lanche, um livro ou escrevo até meu pulso doer, depois vou embora.
É estranho sentir falta de algo que nunca se teve?
Penso nela todos os dias. As vezes sonho com ela.
Espero e sei que isso passará em algum momento. Mas mesmo que não queira, uma chama insistente ainda arde dentro de mim. O mal da juventude, diria vovó, é esperar demais por algo que não acontecerá.
Depois que o choque inicial da morte de meu avó passou, meus pais voltaram a insistir comigo para que eu pensasse na faculdade e arrumasse um emprego logo. Minha mãe não queria me ver parado em casa.
Esse tempo que passo aqui procurando a garota que me fez sorrir em meio a minha tristeza, é também um tempo longe toda essa pressão que estão colocando sobre mim. Sinceramente estavam me deixando louco. Vovó, como você me faz falta.
Vi as flores caírem, até sobrarem poucas nos galhos ainda verdes da árvore. Estão deitadas no chão. Em silencio. Esperando, assim como eu que ela volte.  

Quando as flores caem.Where stories live. Discover now