Die Krähen

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19:45.

Esta é a hora que o relógio do garoto marcava.

O menino tinha o costume de ser bem atento ao tempo, mais especificamente ao tempo que aquele artefato marcava. Um relógio de bolso simples, bem velho... Enferrujado e um pouco rachado também, mas mesmo assim, este era o fascínio do jovem rapazinho. Era a única lembrança que tinha de seu avô, afinal.

Não demorou muito e ele tornou a guardar o objeto no bolso de seu terno marrom. Sim, um terno marrom e aparentemente antigo. O garoto era viciado em vestimentas de época, algo não tão comum para pessoas de sua faixa etária. A criança passou rápido a mão direita pelo outro braço, era mais uma tentativa falha de limpar uma mancha antiga que o perturbava. Ele definitivamente odiava este novo defeito de seu terno favorito, o deixava menos elegante, mas com certeza aquilo era o de menos naquele momento.

O pequeno fechou os olhos e liberou um longo suspiro, quando finalmente girou a maçaneta e devagar abriu a porta, que emitia um guincho irritante devido sua idade avançada. Ele entrou cabisbaixo, já esperando mais uma de suas tormentas rotineiras.

Quieto, o garotinho analisou o ambiente. A sala em que estava era um cúbiculo com suas quatro paredes pintadas de amarelo, ela era meio vazia e sua iluminação era tosca: a luz vinha de um único castiçal dourado de quatro velas, localizado em cima de uma mesinha de centro. O cômodo também apresentava outros dois móveis: o primeiro era um velho sofá preto meio desgastado e rasgado, que era repleto de recipientes para remédios vazios jogados pelo assento. Já o segundo, se assemelhava com uma espécie de rack de madeira, que servia de base para uma televisão de cubo que estava ligada porém sem sinal, liberando um baixo chiado de estática. Teias de aranha e tufos de poeira estavam por todo lado, denunciando a ausência de uma boa faxina no ambiente.

- Este é meu meninão! Desta vez não se atrasou, hein? Está aprendendo rápido, muito rápido. - a voz vinha de um homem sentado naquele mesmo sofá preto. O indivíduo, que estava sentado com uma garrafa aberta de leite nas mãos, usava uma camisa justa de listras coloridas por baixo de um largo macacão azul. Era um simpático traje com tons alegres e cheios de vida, mas que perdiam seu significado diante da pessoa que o vestia. Quem vestia era na verdade um coroa barrigudo de cabelos negros e ralos, que sorria exibindo seus dentes tortos e sem saúde. Sua expressão que provavelmente tentava transmitir um falso sentimento de alegria, na prática era só totalmente pertubador. O menino nem conseguia mais associar a figura do gordo acomodado no sofá ao seu próprio... pai.

- Deixa de timidez, venha cá, haha. Aproxime-se de seu querido papai! - o patriarca riu, com a mentirosa felicidade estampada no rosto. Ele fez um discreto gesto com o dedo indicador que pedia a aproximação de seu filho.

O menino observou o sinal atento, mantendo seu silêncio. Saber o que lhe esperava o causava o mais profundo sentimento de medo.

Mais uma vez, ele olhou o relógio em seu pulso.

19:45.

O garoto desviou o olhar para um dos cantos da sala e, por um momento, o tempo parou para ele focar sua atenção no que havia aparecido repentinamente no lugar.

Um ser chique estava parado ali. Não havia justificativa para estar ali, ele apenas estava. Sua aparência era quase sobrenatural e não correspondia com a realidade, o menino devia ter se assustado com a aparição, mas aquilo na verdade era comum. Era uma espécie de corvo humanoide e suas vestes eram iguais ao do elegante menino, só que com cores puxadas para o vermelho. Ele também usava uma linda cartola das mesmas cores e um sofisticado monóculo, que combinava com os lindos olhos cor de fogo do bizarro pássaro, e o deixava ainda mais humano.

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⏰ Última atualização: Feb 27, 2018 ⏰

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Donnie HölleOnde histórias criam vida. Descubra agora