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"Você diz que está arrependido, mas é muito tarde agora.
Então pare, vá embora, cale-se.
Porque se você acha que me importo com você agora.
Garoto, eu não dou a mínima."

DUA LIPA, IDGAF

F A Y E   M O H L E R

— Você está linda, como sempre.

Com as duas mãos atrás no corpo, Mark Oris me encara com presunção. Além do olhar digno de um completo babaca, seu sorriso alinhado esboça felicidade e uma serenidade de quem acabara de realizar uma maravilha. O elogio, que sempre era dito quando nos encontrávamos, surtiu um efeito direto na boca do meu estômago, me dando certa repulsa e uma enorme vontade de vomitar.

Não satisfeito com a audácia infeliz de estar na minha casa, Mark ameaçou se aproximar, mas foi repreendido por um aceno negativo e uma expressão nada agradável da minha parte.

— O que você pensa que está fazendo? — questionei.

— Eu vim lhe desejar um feliz aniversário. E também pensei em te presentear com as suas flores favoritas, como nos velhos tempos.

E enfim Mark revelou o que tanto escondia em suas mãos que estavam atrás de seu corpo: um buquê composto por rosas amarelas e girassóis. As minhas grandes paixões.

— Você faz falta, Faye.

Uma onda de memórias tomou conta da minha mente graças a ação do garoto, e a Faye de dois anos atrás ameaçou dar as caras. Mas não será hoje, e nem nunca, que ela tomará as rédeas novamente.

— Sabe Mark, eu já tive esperanças de que nós fôssemos voltar a ser o que éramos há dois anos atrás...

— E é exatamente para isso que eu vim! Faye, eu...

— Eu não terminei de falar — o interrompi juntamente com um aceno de mão, assustando-o. — Como eu ia dizendo: eu já tive esperanças. Eu tinha fé de um dia você voltar a ser o que já foi para mim, mas isso faz parte do passado. E eu já tenho o mínimo de amor próprio para não aceitar essa merda de amor que você oferece.

Explicitamente assustado, Mark balbuciou qualquer coisa incompreensível antes de encarar os seus próprios pés.

— Eu mudei, Faye — o garoto sussurrou.

— Mudou tarde demais. Sinto muito... — respondi no mesmo tom, quase sentindo um fiapo de pena ao vê-lo daquela maneira. — Você vir aqui depois de dois anos sem nem mesmo procurar saber como eu estava antes não significa nada! Mark, você me deixou quando eu mais precisei de ajuda. Você simplesmente não quis ter o trabalho de "aturar" uma pessoa que não estava na melhor das suas fases. Você renegou o amor que eu achava que sentia por você...

— Achava? Como assim achava? — questionou irritado, mudando repentinamente a sua feição anterior. Ali estava o Mark de verdade.

— Viu Mark! De tudo o que eu disse você se deteve ao fato que menos importa agora!

— Que menos importa? — em um ato de fúria, o moreno jogou o buquê no chão e se aproximou perigosamente de mim. — Eu te amei com toda a minha alma, Mohler!

— Não, Mark. A sua alma é pobre, ela não conhece esse sentimento. A última coisa que você me proporcionou foi amor. Mas sabe, eu tive sorte... — com uma coragem que eu não sabia que tinha, cheguei ainda mais perto do moreno que me encara boquiaberto. — Uma pessoa me mostrou o melhor dos "amores". Está curioso para saber quem foi?

Entre ParadoxosOnde histórias criam vida. Descubra agora