Outubro, 2008
- Babi, abaixa essa música! Você vai ficar surda assim!! - Gustavo escutou a mãe brigar com a irmã que havia entrado na modinha emo e no momento tinha "Razões e Emoções" do NxZero tocando a toda altura.
- QUE SACO MÃE! - Babi reclamou, abaixando o volume contra a sua vontade.
Gustavo já estava acostumado com a barulheira da sua casa. Sempre tinha alguém gritando, reclamando, pedindo um favor e muitas das vezes ele só queria ficar sozinho jogando ragnarok ou estudando. Mas tinha dias que era impossível e ele fugia para casa da Duda sem contar para ninguém.
Lá, as coisas eram extremamente silenciosas e em véspera de semana de provas, era a melhor coisa que ele podia fazer. Se ele era bom em biologia, Duda arrasava em matemática. E naquele sábado, ela ensinava para ele como resolver equação de segundo grau e tudo que Gustavo pensava era que o X era muito dramático por sempre terem que achá-lo. Ele que se achasse sozinho.
- Guto, presta atenção, é muito fácil. - Duda apontou para o papel em sua frente, já todo riscado e amassado depois de tanto lápis e borracha.
- Atenção eu to prestando, mas nada disso faz sentido.
- Claro que faz Gustavo! - Duda começou a ficar irritada com a falta de capacidade do amigo.
- Não faz não.
- Faz sim!
- Vamos concordar em discordar? - Gustavo resolveu o impasse. Ele não gostava de brigar com Duda, se sentia mal até com discussões como essa.
A garota sorriu e continuou estudando, deixando Guto sozinho com a conta. Ultimamente Gustavo estava tendo muita dificuldade de concentrar ao lado da garota e ele não sabia explicar porque. Sentia uma sensação esquisita na boca do estômago toda vez que ela encostava nele, o que acontecia com uma grande frequência já que Duda adorava apoiar nele, seja deitando em seu ombro quando estava entediada ou andando de braços dados pelo corredor da escola.
Quando já era umas quatro da tarde, a mãe de Duda apareceu na sala chamando os dois para lanchar, afinal eles estavam em cima dos livros desde depois do almoço.
- Como está a Babi, Guto? Ela nunca mais veio aqui em casa. - Amelia Andrade perguntou.
- Ela está bem. Eu não consigo estudar junto dela e suas músicas a toda altura. - Gustavo respondeu antes de colocar um pedaço da rosca na boca.
- Que bom. Fala com ela que mandei um beijo e que estou com saudades. - Duda revirou os olhos com o comentário da mãe. Isso era tão "mãe".
- Pode deixar.
Amelia saiu da cozinha deixando os dois sozinhos. Duda se serviu de mais café, estava de fato cansada e mal tinham começado. Ela nunca conseguiu entender porque o colégio tinha que fazer uma semana inteira de provas. Era cansativo demais para dar conta de todo o conteúdo. Seus professores diziam que eles deveriam estudar todos os dias, "materia dada, matéria estudada", mas todo mundo sabia que essa não era a realidade.
- Um real pelo seu pensamento. - Gustavo falou a frase que os dois sempre brincavam. Duda era uma pessoa muito quieta e, quando eles tinham uns 8 anos, Guto começou a falar que cada pensamento de Duda deveria ser muito caro, pois ela sempre guardava a sete chaves.
Duda deu uma pequena risada antes da falar.
- Nada. Estava só tentando me motivar a continuar estudando pensando que pelo menos teremos o Halloween no sábado.
- Verdade! Nem sei do que vou vestido ainda.
- Também não. - Duda lambeu a colher que tinha acabado de usar para mexer o café. - Babi tinha comentado que queria ir de Hayley do Paramore.
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I was born to love you
Short StoryGustavo e Maria Eduarda se casaram em 2015 quando tinham apenas 22 anos. Em Outubro de 2016 Manu nasceu, deixando toda a família Vasconcelos apaixonada pela menininha. Mas Guto e Duda também queriam contar a sua história. Um amor que começou muito...