UM

2.2K 120 8
                                    

BABY
Quando decidi me mudar, pensei que seria bom. Que eu iria morar sozinha, fazer minha faculdade, ter meu emprego, meu apartamento, que não dependeria mais do meu nome, da minha família... pensei que minha vida finalmente seria só minha. Mas nesse exato momento me vejo ser forçada a largar meu livro para ir a um encontro que não seria tão ruim se não tivesse sido arranjado pelo meu irmão gêmeo.
— Baby, você não precisa ter nada com ele. Aliás, faça o favor de não ter nada com ele. Só que era o único jeito de evitar a Laila. Não a vejo há anos. Disse que você havia acabado de chegar, mas ainda assim ela conseguiu...
— Você deveria falar a verdade para essas pobres coitadas que você enrola e me deixar de fora das suas merdas, Brad — resmungo apenas juntando o ninho em que meu cabelo se encontra e prendendo-o de qualquer jeito. — Se você acha que irei me arrumar para um encontro às escuras, está totalmente enganado — aviso colocando tudo o que preciso em uma mochila.
— Esse cara vai fugir rapidinho! — meu irmão gargalha me analisando e ajeitando meus óculos. — Tenho certeza! Daí você pode vir para casa ler seus livros e eu posso...
— Ir se enfiar na b*ceta da vez? — questiono sem me importar com a resposta.
— Com certeza, irmãzinha — dá de ombros. — Vamos lá?
— Já que não tem outro jeito. — Saio atrás dele.

Não me espanta quando chegamos a um lugar barulhento, Clube Five. Meu irmão entrega a chave a um manobrista bem vestido que abre a porta para mim e se surpreende tanto por me ver ali, como por ver como estou vestida para o local: uma calça e uma blusa de moletom verde claro e meu all star preto.
Uma das vantagens de sermos filhos dos donos do lugar é não ter que esperar para entrar. Porque se eu tivesse que o fazer, com certeza fugiria de volta para meu quarto antes de chegar a nossa vez.
Meu irmão ri com as pessoas nos olhando, aliás, olhando como meu irmão está perfeito como sempre e eu totalmente... eu: confortável. Ele está usando um jeans, uma camisa preta e o cabelo dele está bagunçado no estilo mocinho de livros eróticos. Um brinco brilha em uma de suas orelhas. Com as luzes e a música dentro do clube, parece mais uma das baladas genéricas que o pessoal adora ouvir.
Eu sei como me vestir bem. Eu gosto de me vestir bem. Mas eu havia me programado para passar a noite na cama lendo “Peça-Me O Que Quiser”. Há meses eu via as pessoas comentando sobre ele e, como eu nunca gostei de fazer algo apenas porque as demais pessoas faziam, adiei a leitura dele até não me aguentar mais. E agora que conhecia Eric Zimmerman, não queria mais abandoná-lo. Então veio o meu irmão, ao invés desse mocinho babaca que amo, pedir-me o que quer.
— O que de tão especial tem nesse livro que você não consegue largá-lo um minuto? —Brad questiona irritado porque, com certeza, a sua acompanhante está atrasada.
— Eric Zimmerman — murmuro para ele. Provavelmente todos estão me olhando como se eu fosse um ET enquanto uso a lanterna do meu celular para continuar a ler no canto do camarote.
— Você não pode tentar se divertir, Baby? — senta ao meu lado com uma bebida na mão.
— Eu estava me divertindo bastante em casa até você me arrastar para cá, Brad — reclamo fechando meu livro e apagando a lanterna do celular. — E vou voltar! — levanto-me com minha mochila. — Com certeza a garota não vem, muito menos o tal amigo. Então vai procurar outro alguém com quem foder e me deixa em paz, porque levar um toco de alguém com quem eu nem marquei algo é tão humilhante quanto...
— Brad! — escuto uma voz feminina atrás de mim e torço para que não seja a tal garota e sim alguma outra que já tenha passado pela cama do meu irmão. — Desculpa o atraso, o trânsito... — meu irmão revira os olhos e agarra a garota negra de saia curta enfiando a língua na boca dela que aceita imediatamente.
Viro-me para ir pra casa, mas dou de cara com um peito esculpido por algumas horas na academia. Com certeza mais um desses caras que acham que um corpo malhado vale mais que um cérebro, o que não é ruim quando você quer apenas se divertir. Entretanto o único com quem quero me divertir no momento é Eric Zimmerman.
— Desculpa — resmungo e tento passar por ele que me estende a mão para me cumprimentar. — Estou acompanhada — recuso-me a olhar para ele.
— Suponho que eu seja o seu acompanhante. — Uma voz grave que faz minha pele se arrepiar se aproxima demais do meu ouvido e finalmente olho para ele.
Sendo uns bons centímetros mais alto que eu, ele não me olha com a melhor das caras, mas algo me diz que a culpa não é minha. No seu rosto há uma barba cheia. Seus cabelos são negros e longos o suficiente para ele precisar prendê-lo com um elástico. Seus olhos faíscam, mas não consigo identificar a cor. Sua boca é bem desenhada e sua pele morena. Não posso me esquecer de dizer que ele não tem cara de garoto, de moleque, mas de homem, muito homem.
Aceito o aperto de sua mão que é firme. Seus olhos passeiam pelo meu corpo curiosamente, mas de maneira rápida, mostrando que não sou eu quem o interessa. Pelo menos até que ele olha uma segunda vez, agora fazendo um pequeno sorriso aparecer no canto da sua boca.
— De saída?
— Sim! Foi bom te conhecer, mas preciso ir. Zimmerman me aguarda — aviso soltando sua mão grande que me faz vibrar pensando no que elas podem fazer.
— Tudo bem. Acho que eles não vão notar se a gente sair daqui. Que tal um café? — questiona já me arrastando entre a multidão.
— Não. Eu vou para casa — me solto e grito para que ele me escute acima da música.
— Te acompanho até o carro então — diz voltando a me levar para a saída.
— Obrigada, eu consigo me virar daqui até em casa — falo logo que chegamos ao lado de fora da boate. Algumas mulheres o devoram e me olham chocadas pensando que temos alguma coisa.
— Tem certeza que não aceita um café? — viro-lhe as costas. — Acho que com esse trânsito você só chega em casa pela manhã — diz e praguejo meu irmão por isso. Era para eu estar quentinha e confortável na minha cama com Eric Zimmerman, mas estou aqui no vento frio mais de uma da manhã.
— Um café — volto a olhá-lo. — Depois vou para casa.
— Um café! — ele sorri. Um sorriso perigoso demais para minha sanidade afetada por mocinhos de livros eróticos. — Depois você vai para casa.

— Você é diferente do que pensei — diz quando nos sentamos à mesa da lanchonete mais próxima que encontramos, por mais distante que seja da boate. Um de frente para o outro.
— O que sua amiga conseguiu dizer sobre mim? Obrigada — agradeço quando a garçonete enche minha xícara e ele faz o mesmo.
— Baby... — observa-me com um sorriso. — Ela me disse que o seu nome é Baby.
— Bom, você sabe mais de mim do que muita gente, se serve de consolo — dou de ombros. — Mas o que você pensou de mim? — E por que me preocupo com isso?
— Laila disse-me que você é filha de Gunther e Trish Lawrence — comenta. — Pensei que fizesse mais o tipo...
— Kylie Jenner?
— Quem? — pergunta com uma careta e volta a sorrir. — Eu ia dizer Paris Hilton.
— Uma está para a outra como os anos 2000 está para o ano de 2017 — dou de ombros. — Mas não, não sou nenhuma Paris Hilton ou mesmo Kylie Jenner.
— Então quem você seria?
— Sou apenas uma garota que gosta de ler — balanço minha leitura atual na sua frente. — E você?
— Sou apenas um cara que gosta de vídeo games — mostra-me um joguinho portátil que tira do jeans e não consigo não rir. — Você é realmente diferente do que pensei. Achei que fosse encontrar uma Paris Hilton em cima de um salto e com uma maquiagem...
— Uma cópia da sua amiga? — questiono e ele fecha a cara.
— Basicamente — admite e ficamos em silêncio por alguns momentos apenas olhando um para o outro.
— Você gosta dela — afirmo. — Você já até fodeu ela.
— Terminei o meu café — avisa levantando e colocando uma nota na mesa. — Você com certeza consegue ir para casa daqui — sai da lanchonete me deixando sozinha. Filho da mãe sensível!

.
.
.

Não deixe de comentar e deixar sua estrelinha! São muito importantes ❤
Me siga nas redes sociais para ficar sempre por dentro das novidades. ❤😘

Prometa Que Vai Ficar (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora