Capítulo 2

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— Está decidido, vou perder minha virgindade amanhã a noite!

— Como é????

Não via alternativas para mim. Meus relacionamentos eram sempre incertos, complicados, constrangedores, e pior: Nunca iam além de beijos e amassos.

Perguntava-me o porquê de sempre atrair tipos assim para minha vida. Era carma, sina, macumba... era trabalho feito, só podia ser!

Não via motivos para esperar mais.

Park Jimin, meu melhor amigo, batia com o copo na mesa de sua sala e me encara, efusivo. Eu já sabia que ele iria gritar verdades na minha cara e não estava a fim de sermões naquele dia.

Ele ajeitou a franja castanha para o lado com seus dedos pequenos enfeitados de anéis, e estreitou os olhos, mirando-me bem lá no fundo.

"Pronto, agora seus olhos sumiram." – Pensei comigo mesmo e segurei um riso. Se seus olhos não reluzissem tanto a luz que vinha da janela, pensaria que estavam fechados.

— Nem vem, não quero ouvir. — balancei as mãos, defendendo-me de sua fúria sábia.

— Caramba, Tae. Se você me escutasse mais, não teria passado por tantas como já passou. Como aquele rolo com a Zara, quando ela espalhou para os professores que você tinha batido uma no banheiro e você passou folgas nada agradáveis, em suspensão! — ele parou e respirou antes de arrematar: — Droga, o que você tem na cabeça?

Um silêncio reflexivo e cansativo alastrou-se por ali, enquanto eu encarava meus dedos enlaçando-se um ao outro, pensando que ele tinha razão, mas me perguntando aonde ele queria chegar com aquilo.

— Tae, não faça isso... — Ele fitou-me profundamente, e, quando não o correspondi, desviando os olhos novamente para meus dedos, ele segurou minhas mãos, juntas, fazendo-me notá-lo ao extremo. — Não seja um idiota, sair por aí transando com a primeira vadia que aparecer na sua frente... não somos assim, somos?

Neguei com a cabeça, olhando em seus olhos dessa vez. Ele não largou minhas mãos, ao invés disso passou a acariciá-la com seus polegares.

Claro, qualquer um acharia algo assim uma coisa qualquer, eu mesmo a consideraria, algo sem importância e incrivelmente insignificante. Se eu quisesse realmente perder a virgindade de qualquer forma eu facilmente poderia contratar alguém, até mesmo poderia ir em alguma boate meia boca, pagar algumas bebidas, com a roupa e o papo certo, e pronto, perdi a virgindade.

Mas Jimin não era assim.

Nós crescemos praticamente juntos, não que sempre tenhamos sido amigos, mas sempre estivemos nas mesmas escolas, mesmos cursos e mesmo bairro. E isso porque nossos pais eram praticamente grudados, como irmãos, e os pais dos nossos pais também. Parecia algo em família. Isso que nós éramos, família.

Enfim, quando nós dois nos tornamos amigos, e eu digo quase irmãos de tão grudados, nós costumávamos a conversar por várias horas sobre esses assuntos; virgindade, garotas, beijos, amassos, e, principalmente, garotos, já que fora essa infeliz coincidência que nos uniu e nos tornou amigos. Nós dois tínhamos gostos por garotos. A diferença é que eu também gostava de garotas, mas Jimin não. Jimin tinha nojo de pensar nelas de outra forma.

Quando nós conversávamos sobre isso, Jimin sempre dizia que "garotas, ou garotos, não importa, jamais deveriam ser usados como bem de consumo próprio". Ou seja, ele abominava a ideia de usar uma pessoa para satisfazer seus desejos por uma noite e depois esquecê-la. Como se fosse uma venda de sapatos. "Ah você gostou? Que bom que vai levar, mas então é isso, obrigado pelas compras, e volte sempre". Mas nem sempre tinha "e volte sempre". Ele também odiava a ideia de ser usado.

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⏰ Last updated: Feb 16, 2018 ⏰

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Por Favor, Devolva Meu Sorriso.Where stories live. Discover now