Até Que Eu Morra - Dramione

Capítulo Vinte e Um

Eles passaram o resto da noite ali, em meio a Sala Precisa, mesmo quando o toque de recolher aconteceu e Draco deveria ter saído para patrulhar os corredores ou quando o sol começou a aparecer no horizonte dos terrenos do castelo, mesmo que eles não conseguissem vê-lo.

Era bom aquele tempo só deles, longe de todas as preocupações que pareciam se acumular mais e mais sobre suas cabeças, mas, infelizmente, teve um momento que eles precisaram se separar e tomar seu rumo novamente, retomando suas vidas como se não estivessem sob constante alerta e com um peso imenso nas costas.

Viram-se, após isso, pouquíssimas vezes por conta dos consecutivos deveres de casa que os professores enfiavam nos alunos, parecendo querer que eles estivessem ocupados demais para pensar em seus colegas recém falecidos.

Porém a mente de Hermione, por mais sobrecarregada que estivesse, jamais deixaria de revolver os mesmos pensamentos incansáveis vezes, procurando arduamente encontrar as pistas que ela deixara escapar durante todo esse tempo. O Natal estava chegando, já seria na próxima semana, o que significava que tinham sido somente há três meses que o ano letivo de Hogwarts, mas que já tivera acontecido mais mortes do que todos os outros anos que ela participara ao lado de Harry e Rony enfrentando os ataques de Voldemort.

- Senhorita Granger! - a voz, aparentemente agressiva, a despertou de seu estupor de pensamentos fazendo-a olhar ao redor.

- Sim professora? - questionou enquanto McGonagall a olhava detrás dos óculos quadrados de sempre.

- Eu lhe fiz uma pergunta, srta. Granger e ficaria maravilhada se pudesse respondê-la sem precisar ter sua atenção chamada.

- Desculpe professora - respondeu Hermione sentindo suas bochechas aqueceram enquanto corava. Tinham-lhe feito diversas perguntas que ela não fora capaz de responder ao longo das aulas desde que voltara para Hogwarts por conta de seu estado apático, mas ter sido censurada por McGonagall, a diretora de da escola, a fazia se sentir incrivelmente envergonhada.

A mulher somente fez um gesto com a mão lhe dispensando enquanto seus olhos se fixavam em alguém acomodado logo atrás de Hermione.

- Faria-me o favor de responder a pergunta que a senhorita Granger não foi capaz, senhor Kingsmen?

A jovem olhou para trás, vendo o garoto da Corvinal lhe lançar um rápido olhar embaraçado antes de responder prontamente à professora.

Hermione virou de volta ao seu lugar, mastigando nervosamente o lábio em um vício que ela acabara de adquirir, e se amaldiçoou por não prestar atenção.

~o~

Hermione estava faminta, já era final de semana, o que significava sem aulas, mas ela passara horas em seu Salão Comunal terminando alguns deveres de casa e adiantando outros que não tivera tempo de descer para o café da manhã ou ir até a cozinha do castelo para surrupiar alguma comida, e agora seguia afobada até o Salão Principal na esperança de chegar a tempo do almoço e, a julgar pelos alunos andando livremente pelos corredores, ela sabia que tinha grandes chances.

Virou o corredor, fazendo uma pequena pausa para recuperar o fôlego e continuou seguindo até o salão que mantinha-se com as portas escancaradas deixando escapar os murmúrios dos estudantes entretidos, entretanto não esperava que, ao entrar no lugar, fosse deparar-se com as decorações do Natal devidamente colocadas. Esquecera que estava ali, na próxima semana, e que diversos dos seus colegas iriam para casa comemorar com seus familiares enquanto ela continuaria ali, torcendo para não definhar de tanta preocupação.

Avistou Hagrid endireitando uma das imensas árvores decoradas perto da porta e correu para cumprimentá-lo.

- Alô Hagrid - disse quando chegou perto.

- Oh - o meio gigante se atrapalhou com a árvore que pendeu levemente para a direita quando se virou para ver quem era - Alô Hermione, não tinha te visto no salão.

- Eu acabei de chegar - informou.

- Bem, deve ser por isso - exclamou tentando arrumar a árvore novamente - Não tem ido me visitar com grande frequência.

O coração de Hermione se apertou sabendo que era verdade, ela tinha se transformado em uma garota tão relapsa com suas amizades: - Estive estudando muito, ano dos NIEM's, você sabe, não me sobra muito tempo.

- Sei - concordou ele terminando, enfim, seu trabalho - Bem, e eu presumo que sua recém amizade com Draco Malfoy não tenha nada a ver com isso.

A jovem arquejou.

- Ora, não fique surpresa - Hagrid abanou suas mãos enormes - As pessoas gostam de falar por aqui e eu estou contente que já não haja inimizade entre vocês, apesar de tudo, sabe, já estão velhos demais para isso. Sei que você vai ficar aqui durante as férias, então acho que você deveria ir me visitar no dia de Natal, farei alguns dos meus bolinhos e você pode levar o Malfoy, se ele quiser ir.

Hermione segurou um risinho, imaginando o que Malfoy falaria, ou pensaria, ao visitar a cabana de Hagrid já que nem mesmo gostava de ter aulas com ele.

- Obrigada pelo convite Hagrid, irei sim. E com o Draco - completou.

Hagrid acenou com a cabeça, contente com sua resposta, e começou a se afastar.

- Tenho que ir - disse ele - Preciso cobrir minhas plantas pois o clima está ficando cada vez mais frio. Até mais Hermione, vejo você no Natal.

- Até mais Hagrid, boa sorte com suas plantas - gritou para o homem que já se encontrava longe e em seguida completou: - Mesmo que elas sejam perigosas.