College - UCLA BRUINS [DEGUSTAÇÃO]

CAPÍTULO 4 - DODGE

- Vai me falar o porquê dessa cara de merda, ou vou ter que adivinhar? – Soltou Will com sua delicadeza tocante enquanto abria uma garrafa da cerveja e se sentava na poltrona ao lado de um Kyle surpreendentemente quieto. Os colegas assistiam a final da Champions League e enquanto os demais debatiam e discutiam jogadas e passes errados o outro parecia ter a cabeça bem longe dali. Talvez onde estivera nos últimos dias.

- Só tô concentrado no jogo. – Murmurou sem tirar os olhos da tela.

- Conta outra Kyle, toda final de futebol você vira um galo de briga e sai no soco com pelo menos dois dos caras. – Will riu antes de dar uma grande golada na cerveja gelada. – Já estamos nos vinte e cinco do segundo tempo e você ainda está aqui sentado parecendo uma ameba.

- Isso se chama amadurecimento.

- Não, com certeza não é isso. – Ambos riram.

Suas risadas foram abafadas por uma lufada de gritos e batidas de mão inesperadas, pulos e risadas ainda mais altas. A sala da república já estava um caos, e piorava cada vez que o time para o qual torciam fazia um gol.

Os colegas começaram um coro do hino do time, todos com os sorrisos estampados na cara e, claro, a cerveja na mão. Uns tiravam a camisa e a jogavam longe, outros viravam a bebida sem nem respirar, mal contendo a emoção dentro de si. Zach parou na frente de Kyle e o chacoalhou pelos ombros, gritando que já eram campeões. Will não pode deixar de notar o desconforto do colega, tentando se desviar de tudo aquilo. Assim que Zach o soltou para chacoalhar sua próxima vítima Kyle se levantou e se retirou da sala com a cabeça baixa.

- Agora é sério Kyle, você tá bem cara? – Will perguntou seguindo Kyle até a cozinha, onde este retirava do congelador a sua primeira cerveja da noite.

A verdade é que ele não estava nada bem. Tinha dito uma coisa muito idiota a Makayla da última vez que se encontraram e desde daquele dia não se falam civilizadamente. Ela achava-o um idiota arrogante que ele realmente era, e ele se sentia mal por isso.

Ele só queria-a fazer entender que ele a esperaria até quando estivesse pronta, mas pelo visto "Quando estiver bêbada de novo sabe onde me encontrar" não soou muito bem.

Se ele tivesse pensado melhor antes de falar... por fim, balançou a cabeça para afastar os pensamentos e disse:

- Já disse que tô bem, Will. Relaxa, cara.

- Claro que não está. Não te vejo assim desde que descobriu sobre o seu pai. – Kyle automaticamente ficou mais atento, encarando Will com uma sobrancelha arqueada. – Tem alguma coisa a ver com ele? Ele te procurou de novo?

- Não, não tem nada a ver com ele. – Kyle respondeu com a garganta seca. Pois pai era um assunto muito complicado para ele e o amigo tinha plena ciência disso, portanto para Will considerar a ideia de que por tal razão Kyle esteja agindo estranho, era porque ele realmente estava agindo de tal forma preocupante.

- Então o que foi, bro? Você já tá aéreo há dias, não prestando atenção no que a gente fala, tá calado. - Will apontou na direção da sala e continuou: - Porra, Kyle, nunca te vi mudo durante uma partida, ainda mais na final.

Kyle olhou para o nada e focou ali, devia saber que alguém notaria até porque Will é muito observador. Notava coisas que ninguém dava à mínima.

- Não estou nos meus melhores dias, é só.

- Verdade. Esqueci que nesses dias você fica de TPM. – Kyle soltou uma gargalhada acompanhando o amigo que no instante seguinte já o encarava sério novamente – Sabe que pode contar comigo, não sabe? – Will reforçou fazendo Kyle assentir levemente.