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Aquele tecido de seda que cobria meu corpo ao entardecer, quando me vi sentada na grama verdinha de um campo qualquer, e, depois de uma tarde sufocante de verão, sentia um vento contrário a meu cabelo, fazendo com que meus longos cachos cobrissem toda minha visão.
Quase que sem perceber, vem um estranho ao meu encontro falando do dia quente.
Mas a única coisa que me importava ali eram os dois copos transparentes com água gelada.
É como se fosse uma miragem.
Ele me ofereceu um dos copos e sem pensar duas vezes eu peguei o que ele estendeu e direcionei em minha boca.
Na hora sinto meu celular vibrando, era uma mensagem anônima. Uma frase que me fez congelar.
"Não beba".
Entre uma guerra com minha sede e o pensamento naquela mensagem, fiz parecer que virei meu copo sobre a grama. O homem que antes sorria simpático agora parecia meio assustado. Lembro de suas palavras claramente "Você deve estar com muito calor, eu moro nas redondezas, buscarei mais".
Aceitei.
Quando vi que o homem estava meio longe, juntei minhas coisas e me pus a correr.
Nunca mais o vi. Nunca descobri o autor da mensagem que me livrou sabe lá do quê. Mas descobri que heróis as vezes se excitam mais com sua vitória no anônimo do que com seu nome nos jornais.
E assim, agradeço aqui, depois dessa mini história, a todos heróis e todas heroínas que já salvaram vidas por aí, mesmo que não seja no sentido literal.

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