Prólogo: Luto

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Luto.

Baekhyun lembrava de como tinha encarado, desacreditado, os dois caixões descerem lentamente. Logo depois, punhados de terra foram jogados pelos amigos e familiares do casal, até mesmo por si, que nem sabia ao certo como tinha se movido.

O senhor e a senhora Byun choravam de forma sofrida, se agarrando aos netinhos que não faziam ideia do que estava acontecendo. Nenhum pai deveria saber o que é a dor de perder seu filho. Baekhyun tinha o rosto impassível, glacial. Ele viu seus pais e temeu pela saúde fraca de sua mãe, ambos viviam em um retiro para idosos em uma parte mais afastada da cidade, quase no campo, pois já trabalharam demais e precisavam descansar.

Baekhyun e Baekbeom que eram agitados e muito amigos apesar de toda as implicâncias de irmãos.

Baekhyun é um empreendedor, com apenas vinte e cinco anos, sendo dono de lojas online, e-commerce, que vendem jogos e aparatos eletrônicos. Ele começou com um site independente quando ainda estava na faculdade e logo o negócio cresceu, se tornando o que hoje - cinco anos depois - podem ser considerados os sites com as formas mais fáceis e seguras de se comprar na internet.

Baekbeom era tradicional, já estava na casa dos trinta, casado desde os vinte e sete e lecionava em uma faculdade perto de casa; os gêmeos tinham apenas três anos e na noite fatídica, era para ser uma das mais especiais de sua vida. Ele tinha ganhado um prêmio na Academia de Letras e estava voltando da festa quando tudo aconteceu.

Tão cena de filme, que o loiro jamais poderia imaginar que realmente algo assim pudesse acontecer. Ele quase conseguia ver a cena, com Beom rindo e provocando sua amada esposa, se achando muito bom por ter uma estatueta para colocar na estante, mas não de verdade, ele era humilde demais para ser arrogante. A senhora Byun, ainda apaixonada mesmo depois de dez anos de relacionamento, estaria rindo e batendo no braço do marido, o chamando de bobo. Eles teriam se olhado? Talvez um tivesse sorriso para o outro quando do nada, um carro vindo na direção contrária invadiu a pista e pronto... vidas foram perdidas e destinos, destruídos.

O dia do enterro de seu amado irmão tinha sido o pior de sua vida e, para piorar uma situação tão imerecida, não houve justiça.

Afinal, precisamos de alguma coisa para culpar quando a dor é muito grande, precisamos canalizar nossa angústia em algo, em alguém. E esse alguém tinha nome e sobrenome, Wu Yifan. O dono do outro carro, o cara que estava bêbado e dirigia em alta velocidade. Quem matou seu irmão e cunhada e saiu imune, afinal, Baekbeom estava em um coquetel, então também tinha álcool em seu sangue, sem falar que o outro carro estava com problemas no freio. Por isso, Yifan afirmou que esse foi o motivo do acidente, não sua embriaguez, e no final de tudo, a pessoa que estava com ele também tinha perdido a vida.

Então, o Wu foi liberado apenas uma multa e algumas horas de serviço comunitário nas costas, não tinham um culpado na visão do juiz, os dois estavam errados. Mas de todos, apenas Yifan sobreviveu, o sortudo.

Os gêmeos, Seoeon e Seojun, estavam com uma babá naquela noite e mal imaginavam, com apenas três anos, que aquela tinha sido a última noite que viram seus pais. O acidente tinha acontecido há quase três semanas e Baekhyun se sentia ainda mais indignado com aquele veredicto.

Ele sentia em seu coração a perda de um irmão querido, sentia o peso de saber que nunca mais olharia para ele, saber que tinha visto-o dois meses antes e sempre desmarcava os compromissos com o mais velho por causa do trabalho. Agora, tudo que ele queria era ouvir a voz risonha de Baekbeom o chamando de tampinha ou pirralho - mesmo que não fossem mais crianças - convidando-o para um café.

Confusão em dobroOnde histórias criam vida. Descubra agora