Se eu acredito em simpatias?
Toda a minha vida, cresci pensando em um dia poder fazer alguma, seja as simples como a lentilha no Ano Novo, ou aquelas mais pesadas de trazer em amor de volta em 4 dias. Enquanto eu não crescer, tenho que ficar imaginando como será poder ter o mundo em minhas mãos..
Agora, no caos que é ter 16 anos, eu queria uma simpatia para não precisar estudar.. Sério, sair dessa vida de compromisso, de todo dia acordar, desligar despertador e encontrar as mesmas pessoas, com os mesmos assuntos.. Coitadinha da Lucy, sempre isolada..
Chego em casa, dou de cara com meu quarto bagunçado, me jogo na cama e durmo. Meus sonhos invadindo a minha cabeça se tornando cada dia mais reais.. Acordo, pego uma tesoura, e começo a pichar a porta do meu quarto.. Volto a dormir..
No sonho, não me explicaram bem, eu me lembro que precisava de um L, mas por quê? Acordo mais uma vez, só que chorando.
Leio o nome rabiscado e minha cabeça faz uma viagem aos meus cinco anos. Me lembro de ter escrito esse nome antes, nesse mesmo lugar..
Me lembrava de todos os detalhes da minha infância quando eu sonhava com a minha tia, me contando sobre meu futuro com um homem, meus filhos, seus nomes..
Acho que fui até ingênua demais, quando contei a minha mãe que esse seria o nome da minha filha, afinal, eu mal tinha nascido..
Falei com uma voz adulta, logo depois peguei um papel e comecei a rabiscar. Contei sobre meu marido, tracei suas características e disse:
- Ele vai ser meu marido, quando ele tiver um restaurante dele mesmo, com origens francesas.. Não vai ser aqui, então, não sinta saudades.
Sentei, revistei a lista de contatos do meu celular, me deparei com a única pessoa que as características batiam totalmente com as do sonho.
- Ai Mark, você de novo?
Fiquei durante horas, perplexa, sem saber o que fazer, com um desenho numa mão e o celular na outra.. Deveria ligar? Melhor não. Ele namora.
Decidi vestir uma roupa, correr para o abraço da minha mãe e sair por ai. Aproveitar o prestígio de morar em Copacabana, e ter o mar para iluminar minhas ideias. Corri até não ter mais fôlego, parei no posto 2, aquele mesmo que costumava ir com ele para olhar o mar.
Ao chegar próximo, sentei na areia. Diversos vendedores propagando seus produtos, e eu decido comprar uma caipirinha com limão. Adorava o clima que a vodka me dava, me deixando mais disposta a pensar no que realmente precisava.
Estava viajando em meus pensamentos, deitada na areia com meu shortinho de correr e um top, devido a esse verão péssimo que se faz no Rio de Janeiro, quando uma criança caiu por cima de mim.
Não senti dor, mas rápido me levantei e me prontifiquei a ajudar que se levantasse em meio a crise de choro que havia iniciado.
O sol ia se pondo, e já me sentia preparada para iniciar a primeira simpatia de minha vida, esperei a terceira onda vir, bati com força meu pé na areia da praia e falei alto a seguinte frase:
"Mark Brüch saia da minha mente ou volte para a minha vida".
Me joguei no mar, e me senti completamente mais leve. Caminhei até em casa, sem reclamar da distância, e me sentia bem mais feliz.. Até chegar no meu prédio e me deparar com um buquê que surpreendentemente era destinado a mim.
Ao pegar o cartão, minhas mãos tremeram, confesso que cai no choro ao terminar de ler, mas decidi encarar isso como uma forma de pensar em tudo que sentia.
" Lucy, me desculpa, não esperei por você e estou com a Soraya. Entenda. Eu sinto falta de você, de seu carinho, mas agora não consigo. Me perdoe pelo furo de ontem.
Assinado: Mark Brüch"
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Tormenta: Um Amor Por Simpatias
Подростковая литератураTormenta: Um Amor Por Simpatias A madrugada é fria. O sentimento é deserto. A visão é escura. O coração é fraco. A vida é confusa. O horizonte não é mais tão belo. A paisagem mudou, os gostos se foram, a vida se transformou. Esquisito? Talvez...