Coming home

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Os raios de sol tocam meu rosto após mais uma noite sem sonhos. Há dez anos as minhas noites eram assim pelo menos até onde eu conseguia lembrar.

Decidi interromper a procrastinação e tomei um banho rápido. Depois dos dentes escovados e o look de inverno para hoje devidamente vestido, peguei um suco na geladeira antes de sair, e liguei para Alison.

Estou terminando meu MBA na Columbia University em Nova Iorque, assim como meu pai, não era realmente o que eu queria fazer da minha vida, mas meu pai não me deu escolha.
Eu queria cursar música como minha mãe, que era uma exímia pianista, mas como filha única, meu dever era com o conglomerado de negócios da família; segundo meu pai, sonhos só atrapalhavam nas decisões importantes, então eu deveria "apenas ser madura e fazer o que ele manda".

Hoje é o último dia de aula antes das férias de inverno e estou ansiosa para que acabe logo. Quem diria que logo eu que passei a minha infância toda morando em Miami cercada da super proteção sufocante do meu pai, do calor da cidade e de amigos problemáticos estaria morrendo de saudades de casa. Eu realmente quero aproveitar essas férias antes do início do meu último semestre. 

 Depois de estacionar meu carro na vaga habitual, eu encontrei Alison na entrada norte do campus tomando café na lanchonete. Acenei pra ela e ela sorri de volta enquanto fala ao celular.

ㅡ Passei na fraternidade pra te pegar, porque não me esperou sua ingrata? ㅡ pergunto quando estou perto o suficiente para ser ouvida e ela faz um gesto apontando para o celular que estava em uma chamada de vídeo. Me aproximo e vejo Tiffany, a irmã gêmea de Alison na tela do iPhone, mostro o dedo do meio pra ela que mostra a língua enquanto tenta segurar o riso. 

ㅡCerto Tiffany, depois da última aula eu te ligo... Não coloque roupas feias pra mim eu estou te avisandoㅡ Encerra a ligação ㅡ Oi pra você também sua chata, eu não te esperei porque o café da manhã daqui é menos sem graça que aquela merda com gosto de chulé da kapa pi e também porque quero me livrar dessas aulas o quanto antes, te esperar não ajuda a gastar calorias.

Ela coloca o braço em volta do meu pescoço e seguimos em direção á sala de aula
ㅡVamos, pare de ser reclamona.

Alison me olha de maneira inquisidora e já sei o que ela quer saber
ㅡFalou com ele Alba?

ㅡOlha eu quero que pare de insistir nesse assunto.
 Alison suspira, cruza os braços e me encara.
 
ㅡAlba você tem que conversar com ele, não é assim que se resolve as coisas.

ㅡA questão é que eu não quero resolver nada. O John me traiu e você sabe Allison, não foi ninguém que me contou, eu vi com meus próprios olhos.

Eu e John começamos um relacionamento há três meses atrás por intermédio de Tiffany, mas eu não estava emocionalmente preparada para me relacionar novamente depois de Jack, então obviamente deu muito errado.

 Eu não estava pronta para sexo e John simplesmente insistia como se eu devesse algo a ele. No fim eu o flagrei na cama de uma das meninas da minha fraternidade e terminei tudo. 

Allison me olha com aquela cara de pena que eu odeio e eu reviro os olhos para ela.
ㅡNão me olhe assim, não gosto que sintam pena de mim.

ㅡEu não tenho pena de você Alba.

ㅡNão? 

ㅡNão. Eu tenho pena do John. Você sabe que ele tinha motivos pra ter feito isso, se vocês tivessem avançado no relacionamento se é que você me entende, não teria terminado desse jeito, até porque ele te ama né?

ㅡ Não era amor, era só tesão, quem ama não trai, independentemente de haver ou não relação sexual. Não vou pra cama com um homem só porque ele quer, não é assim que funciona e você e Tiffany sabiam que eu não estava pronta para me relacionar com ninguém e mesmo assim insistiram.

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