Família Kim

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O mal está sempre planejando a mais corrosiva miséria através da necessidade do homem de se vingar pelo seu ódio.

-Ralph Steadman.

Capítulo dois; Família Kim

25 de Março, 7:30 AM, em um bairro pobre de Seoul

Liberdade é agir com seu livre arbítrio, de acordo com a sua própria vontade. É a sensação de estar livre e não depender de ninguém. Liberdade é poder.

Jeon Jungkook deixou-se relaxar pela água extremamente quente e agradeceu em silêncio por estar fora daquele lugar. Após pular a cerca e estreitar-se por entre a floresta, enquanto os policiais o procuravam por trilhas distintas, Jungkook para tentar combater o frio que se alastrava no tempo em que esperava Stevens o buscar, passou a recordar o motivo de estar ali. Ele. Tudo se resumia até ele, tudo se resumia em seu irmão. Começou com ele e terminaria com ele.

Abaixou o olhar para seu pulso e viu o nome do garoto, do seu garoto. Jeon Taehoo. Bufou alto e desligou o chuveiro. Não iria se apressar sentindo algo, qualquer sentimento que seja. Se aprendeu lições ao decorrer da vida uma das mais importantes foi: sentimentos só atrapalham e te fazem criar expectativa. Talvez o garoto nunca o perdoasse, talvez o garoto que Stevens achou nem fosse de fato seu irmão, então não existem motivos para sentir algo, não agora.

Secou o corpo e saiu do pequeno e imundo banheiro da casa abandonada com apenas a toalha na cintura, e foi até o espelho que era grande o suficiente para ver boa parte do seu corpo. Virou a cabeça para a esquerda, para a direita, e em seguida para cima e depois para baixo. Passou a mão pelos fios, agora castanhos e fitou os próprios olhos com lentes em uma cor castanha táo clara que chegava a tonalidade mel, olhou para o cabelo pintado. Não gostava da sua aparência para não ser pego. Sim, estava irreconhecível, contudo, preferia seus fios ébanos e seus olhos negrumes. Fora que, definitivamente não estava pronto para ir até a casa da família Kim.

Passou a língua pelos lábios, devolvendo um pouco de umidade para eles e observou o quarto da pequena casa em um bairro sujo de Seoul repleto de drogados. Toda a casa cheirava a mofo - apesar de o quarto cheirar agora a uma mistura de mofo e perfume masculino - e as teias de aranha eram incontáveis junto de toda a poeira. Se sentia na sarjeta, e para falar a verdade, realmente estava.

Stevens entrou no quarto sem bater e Jeon revirou os olhos, irritado. Sem delongas, o advogado perguntou:

- Então, qual nome vai querer na sua nova identidade? - o castanho sorriu, parecendo contente.

- Lee Minjae. - Jeon respondeu, ríspido.

Um fato sobre Jeon Jungkook e muitas outras pessoas: não tinha o mínimo de paciência para ficar perto de pessoas contentes. Quando se deixam sucumbir por completo pelo sofrimento, esquecem o que é felicidade e tudo o que resta para essas pessoas é a dor.

Stevens o fitou, como se perguntasse sobre sua certeza em relação a isso. Jeon deixou seus músculos rígidos e pareceu parar de respirar por um momento. Stevens encarou o chão, entendendo o recado e logo saiu. Sabiam quem era Lee Minjae e como ele morreu levando uma parte de Jeon consigo. E ele tinha certeza que era o nome desejado, apesar de que isso e nem nada mais o traria de volta.

Murda Me

25 de Março, 8:00 AM, Sanatório Midlle Night.

O policial de meia idade andava de um lado para o outro, e sua parceira pensou que ele já poderia ter aberto uma cratera no chão. O antigo quarto de Jeon Jungkook no local estava repleto de homens e alguns cachorros, sentados tranquilamente enquanto maioria dos presentes conversavam entre si tentando buscar uma saída lógica para tudo aquilo enquanto o diretor do sanatório não chegava.

Murda Me (Correção)Onde histórias criam vida. Descubra agora