Anorexia nervosa

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É difícil de explicar...
Desde que me lembro, nunca gostei muito de comer e muitas das minhas recordações de infância prendem-se com memórias em que os meus pais ou avós me tentavam forçar a fazê-lo. Acho que nunca cheguei a ser uma criança "normal", fui sempre alta e magrinha, e por essa razão fui alvo de alguns comentários negativos, tanto por parte das crianças que me rodeavam como de alguns adultos.

Lembro-me em especial das aulas de ginástica, da primeira à quarta classe, e da professora da velha guarda que insistia em esconder-me na última fila nos espetáculos de final de ano.

Já na transição do básico, fui das últimas a ganhar "formas mais femininas". Por esse motivo avancei para a adolescência escondendo-me atrás de roupas largas para esconder as poucas formas que tinha. As pessoas faziam muitos comentários, e eu não me sentia bem estando exposta. Foi por essa altura que tudo isso começou. Tinha aquele pensamento eminente de que "com este tipo de corpo, nem vale a pena tentar". O meu ensino básico estava a ser uma desilusão. Achava-me muito magra e queria fazer dieta, queria muito engordar um pouco para ser feliz, para ter namorado e usar as roupas que as minhas amigas usavam. A minha mãe concordou e assim fiz a minha primeira dieta, acompanhada por um médico, e sem perceber muito bem como, estava a entrar num quadro de anorexia. E bem, tem sido assim desde então.

O meu jeito de ser sempre foi bastante peculiar. Desde criança que me sentia melhor sozinha, era muito introvertida e intelectual, e conciliando os meus problemas de socialização com a minha fobia social e anorexia, o problema só tendeu a agravar.

Passei anos a tentar solucionar esses problema com psicólogos, nunca resultou muito bem.
Ainda estive em dois ou três, depois disso recusei a voltar a tentar outro.

O problema foi amenizando com os anos. Com muita força de vontade, consegui compreender que aquilo que estava a fazer não era bom para mim. O apoio dos meus pais foi crucial para a minha recuperação. Embora o acompanhamento médico com especializações alternativas tenha sido igualmente importante, contínuo a achar que foi a ajuda dos meus pais que me ajudou a ultrapassar este obstáculo.

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