Naquela manhã o dia estava calmo e fresco que eu havia decidido caminhar. Foi literalmente uma má ideia, eu só tinha andado alguns quarteirões quando parei para sentar. Jurei para mim mesma que não iria repetir aquilo, eu só podia ser uma sedentária e ter me esquecido disso. Como pode haver tanto cansaço no corpo de uma jovem de vinte anos? Não há respostas para isso.
Estava sentada em um banco no Central Park, que pude me permitir esquecer das obrigações e aproveitar o clima daquela cidade.
Há alguns metros de distância havia uma garota brincando com uma mulher, talvez sua mãe, estavam felizes e jogando a bola uma para a outra. Continuei reparando a felicidade delas e o quanto era nítido a aproximação de mãe e filha que elas tinham. Senti uma pontada de inveja daquela pequena garota, que desejei ser ela naquele momento e ter o mesmo laço com a minha.
Minha mãe vivia para o trabalho, desde que se casou com meu pai ela nunca largou o serviço, mesmo depois do meu nascimento e logo depois o da minha irmã, ela continuou. Usou somente alguns meses necessários da licença materna para nós amamentar e voltou o mais rápido que podia para o lugar que ama, o trabalho.
Por isso somos tão apegadas ao nosso pai, ele sabe tudo o que acontecesse na nossa vida, mesmo nos assuntos que não queremos que ele saiba, ele intromete. Fico feliz, mesmo não demonstrando, pois sei que é coisa de pai e ele está fazendo o papel dele. Minha mãe reclama comigo por saber das coisas através da família, mas não me culpo, ela quem escolheu viver pelo trabalho e não procura mudar suas atitudes.
Minha atenção é desviada da pequena garota quando um rapaz novo se senta ao meu lado, seu rosto estava pálido, deveria está passando mal. Ele passa a mão pelo cabelo que está caindo sobre seus olhos e em seguida puxa o colarinho de sua blusa preta, como se estivesse o apertando.
"Ei, você não está muito bem. Vai desmaiar." reparo suas mãos trémulas. Ele se assusta ao ouvir minha voz, e só assim repara que eu estou por perto.
"Acho que não." responde dando um sorriso falso. "Só estou ansioso, vai passar." ele me observa, até demais, talvez me conhecesse e eu não soubesse.
Tentei disfarçar voltando a olhar para a garota que brincava com sua mãe, mas elas já não estavam mais ali, olhei ao redor na tentativa de achar, mas não as vi. Fui obrigada a olhar para o rapaz, quando virei meu rosto para encara-lo ele fingiu estar olhando para além de mim, e eu fingir acreditar. Ele estava me causando desconforto e talvez um pouco de curiosidade. Fiz menção de levantar para ele parar, ele então começou a falar.
"Tenho uma apresentação hoje, para conseguir um estágio, e isso está me deixando ansioso." olho para ele, que está pousando seu olhar totalmente sobre mim. "Perdão se te assustei, não queria causar impressão ruim, é só ansiedade." ele completa.
"Que péssimo. Digo, por você ter ansiedade. É só tentar se acalmar, talvez não pensar negativo ajuda." ele me olha como se eu tivesse lhe dito a coisa mais difícil de se fazer naquele momento, só pelo olhar de isso não vai ajudar, eu soube que ele realmente não sabia o que fazer. "Vamos lá, pense que você vai entrar naquele escritório e vai dar o melhor de si, que eles vão falar: caralho, eu quero esse cara." termino de falar e percebo que o que eu disse pode ter soado como uma garota sem escrúpulo, mas ele ri.
"Você está certa." diz o rapaz rindo. Sua risada era fofa, ele parecia estar com vergonha, e tinha total direito, não era comum encontrar pessoas sem noção na rua tão fácil e visível como eu. "Quer dizer, você tem razão, vou pensar positivo e dar o meu melhor que eles vão falar: porra, você foi ótimo que te queremos na nossa empresa." ele falou as últimas palavras tão baixo que se eu não me esforçasse, não teria escutado, talvez por conta do palavrão ele diminuiu seu tom de voz, mas se saísse em alto e bom som seria uma boa palavra, a voz calma e rouca dele traria essa sensação.
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Me apaixonei, e agora?
RomanceVocê já se sentiu presa em um passado, talvez por não ter respostas sobre ele e por isso se sentir desse modo e sem forças para seguir em frente? Margo uma garota delicada e romântica vive se perguntando do passado, ela fingi ter superado, mas todos...