Confia em mim?

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Hoseok me puxou pela mão escada a cima até esbarrarmos com Jungkook indo em direção à um bebedouro de água (NÃO NÃO, BEBEDOURO DE GUARANÁ DE CERTO)

- Ah, oi, S/n! Onde vocês... - Ele finalmente parece ter notado meus braços, agora bem menos vermelhos que antes, graças a Jin. Droga, deixei o moletom na enfermaria - S/n isso... isso foi o Y...

- O idiota que me bateu cujo nome eu não faço a menor ideia? Não, isso é meio, mm, digamos assim, pessoal - iterrompi Jungkook. Não queria que ele dedurasse Yoongi, poderia me machucar mais! Acho que ele entendeu, pois ficou calado me encarando com preocupação. Hoseok deve ter percebido meu incômodo (um desconhecido olhando preocupado feridas que ninguém sabia que existiam há cinco minutos atrás, óbvio que estou incomodada) e passou seus braços pelos meus por cima de meu pescoço. Senti ele apoiando o queixo na minha cabeça (eu sou menor que os três ali)

- Bem, nós vamos indo então! - Hoseok começou a me puxar pêlo braço

- Me encontra no recreio amanhã, sou o Jungkook, lembra? Eu que te salvei deles... - Corou logo em seguida. MEU DEUS QUE FOFO ELE QUER ATENÇÃO

- Hmm, tá bom, Jungkook

Hoseok bufou e me puxou pra longe, subindo mais e mais escadas.

- "Eu que te salvei" - ouvi ele resmungando baixinho e bufando de novo. Acabei soltando uma pequena risada, mas ainda não entendi por quê ele estava assim, parecia irritado. Falou tão baixo que tenho certeza de que não era pra eu ter ouvido, mas ouvi e resolvi que era melhor ficar caladinha quanto à isso.

Chegamos no fim das escadas e só havia uma porta, provavelmente para o terraço

- Onde vamos? O quê vai fazer? - Já estava começando a ficar com medo: um cara maior, mais forte e que eu não conheço estava me levando para o terraço onde não há mais ninguém por perto. Puta merda O QUE EU TO FAZENDO DA VIDA????

- Ho-Hos-s-seok-k... - Custei falar e resolvi que, apesar de ter a grande probabilidade de não ser nada demais e isso se tornar muito vergonhoso mais tarde se realmente não fosse acontecer nada, era melhor correr. Isso mesmo, tentei correr pra longe, descendo os degraus o mais rápido que dava sem tropeçar. Já dá pra imaginar o que houve pensando em uma garota desastrada correndo por uma escada circular e que por acaso tinha acabado de ser limpa e por isso estava escorregadia. Deu até pra ouvir o barulho da cabeça batendo no chão. Tinha caído de cara e agora estava com as mãos na cabeça doída, me encolhendo. Fechei os olhos com vergonha de olhar na cara do Hoseok por ter feito isso na frente dele, que agora corria na minha direção pra ver o que aconteceu. Aish

Senti suas mãos me ajudando a levantar e resolvi ficar de pé, porém encarando o chão

- Por que fez isso!?

- E-eu... Eu achei...

- S/n - Levantou meu queixo com o polegar, me fazendo encará-lo - Você pensou que eu... que eu ia... - Virei o rosto, V E R G O N H A D E S G R A Ç A D A que eu senti viu. - Não acredito! Eu sou seu professor, não ia fazer nada!

- D-desculpa... - suspirou

- Tudo bem... Olha... eu posso ligar pros seus pais e você vai pra casa

- Não ia adiantar. Eles trabalham nessa hora, nem ligam pra mim. Mas eu posso ir à pé

- Isso eu não permito! Posso te levar de carro, onde é?

- Eu... eu acho melhor não... Eu vou a pé mesmo, sério. É bem perto, mas obrigado mesmo assim

- Não, eu não posso deixar você sair da escola sem um adulto como seu professor, esse é o problema

- Ah

Me encarou em silêncio por alguns segundos, alguns segundos que pareceram horas, estava muito estranho e nossa, constrangedor. Baixei a cabeça e tentei pensar em algo pra falar, mas não me veio nada. Até que Hoseok quebrou o silêncio

- Confia em mim? Quer dizer, eu sei que não, mas... sim? - Q confusão, parece eu. Rimos baixo e acabei dizendo "acho que sim" por impulso. Sei lá, foi o que consegui falar.

O professor deu um sorriso satisfeito e abriu a porta, me puxando pelo pulso. Doeu por causa dos cortes, mas o que me preocupou mesmo foi pra onde ele me puxou: ESTÁVAMOS CORRENDO PARA A BEIRADA DO PRÉDIO! 

Tentei freiar (PAROU, QUAL O BARULHO DA BUSINA? DIRIGINDO MEU CARRO TU TA TU TU parei), mas quando me dei conta já estávamos caindo. Me agarrei ao tronco do Hoseok e o vi sorrindo antes de afundar o rosto em seu casaco. Ele me fez corar, me abraçou, foi a primeira pessoa a ver meus cortes, me fez confiar nele, me jogou do prédio se matando junto e ainda por cima tem um sorriso lindo, DE QUE CARAÁ ALHO SAIU UM BICHO DESSES???? Nunca imaginei que iria morrer assi-

PLOOF

Foi o barulho que se ouviu (ploof mesmo, nem pergunte) quando nossos corpos caíram de lado em uma pilha de colchões macios. Ainda estava abraçada nele, com os olhos fechados e um pouco de medo de abri-los e ver satanás rindo na minha frente devido à minha recém chegada. Pois é, não me considero uma pessoa muito boa. Ao invés das chamas, consegui ver uma vista (ver uma vista é foda) linda do parque da cidade entre grades de proteção. Levantei rápido, me soltando de Hoseok, que ria da minha cara de susto e vergonha

- Eu disse que não era nada, boba

Reparei que estávamos na varanda de uma sala quase completamente vazia, com sete almofadas coloridas no chão, paredes de espelho e nenhuma porta além da de vidro da varanda - Venho aqui com meus amigos pra treinar, só o Namjoon, Jungkook, Jimin, Jin e mais dois meninos que você provavelmente não conhece sabem daqui.

-Treinar?

- É... lembra que eu disse que sou professor só temporariamente? É que eu queria mesmo ser rapper. Cantor. Dançarino. K-idol. MAS DE QUALQUER JEITO, você vai ter que explicar o que aconteceu agora, quem te bateu. E qual o motivo pra se cortar assim. - Disse à ele que foram dois meninos de máscara que não pude identificar, claro que não iria falar pra um professor, Yoongi e Taehyung me matariam. Contei à ele um pouco da minha história de vida até agora e acabamos por conversar bastante. Descobri que Hoseok só morou com os pais até os cinco anos de idade. Seu pai era drogado e batia nele e na mãe. No aniversário de cinco anos, ela o levou à um parque de diversões, onde foram no carrosel e depois ela disse pro Hobi (ficamos amigos então vou chamar pelo apelido mesmo) fechar os olhos e contar até dez para procurá-la. Ele o fez, mas não encontrou ninguém. Viveu num orfanato até os onze, quando alguém o adotou. Conheceu os únicos amigos há pouco tempo devido ao "emprego". Falando nisso, eles estavam pensando no nome do grupo desse tal "emprego" e pelo visto seria Bangtan Boys.

Conversamos sobre tudo, a vida, o tempo, gostos, histórias engraçadas, tudo. A hora voou, e eu não queria que tivesse terminado, mas precisava voltar para casa. Subimos por uma escada que eu nem tinha notado e nos despedimos com um abraço curto, até que o dia foi bom; mesmo sendo ruim, foi bom.

Seu Sorriso (Imagine J-Hope)Onde histórias criam vida. Descubra agora