Suspicious love | Jikook

FIVE

Acordei antes do Jimin e decidi sair sem fazer barulho, para não o acordar, o que não correu muito bem pois acabei por ir contra um móvel que havia no corredor. Ouvi-o logo chamar por mim.

"Jungkook, o que estás a fazer?" perguntou ainda com cara de sono.

"Eu ia embora, não te quis acordar, desculpa."

"Não me acordaste, mas porque vais embora? Toma o pequeno almoço comigo." implorou.

"Eu adoraria, mas tenho que ver se a casa ainda está inteira. Desculpa."

"Tudo bem." disse triste, olhando para o chão.

"Ah não fiques assim! Fica para a próxima, mas agora tenho mesmo que ir, adeus Jiminie." sorri

...

Já era de tarde e o Tae, o Yoongi e o Hoseok já se tinham ido embora. Tinha acabado de arrumar e limpar a porcaria que eles tinham feito quando vejo um envelope dourado deslizar por debaixo da minha porta da frente. Não percebi a razão, tendo em conta que hoje em dia existem caixas de correio, mas só quis saber o que estava lá dentro. O envelope dizia "CONVITE" numa letra muito bem desenhada. Estranhei bastante, eu não tinha propriamente muitos amigos e acho que nenhum deles se ia dar ao trabalho de fazer algo assim tão bonito e apresentável. Assim que comecei a ler o dito convite um sorriso inexplicável surgiu nos meus lábios. Ao que parece o casal mais lindo e perfeito de todo o mundo estava de volta a Seul e ia-se casar. Sim! O Jin e o Namjoon iam-se casar! Fiquei muito feliz com a notícia então decidi ligar-lhes e convidá-los para virem até minha casa.

"Não acredito que se vão casar! Muitos parabéns!" disse feliz.

"Obrigado, Jungkook!" disse Jin sorrindo.

"Então e vocês vieram para Seul para ficar? Vão viver aqui?"

"Mas é claro que sim! Sinceramente estávamos fartos de estar nos Estados Unidos." disse Namjoon.

"Só lá estiveram meio ano... aconteceu alguma coisa?" perguntei confuso.

"Como tu sabes, o meu querido Namjoonie é bastante desastrado. Ele bateu no carro da polícia e teve que ficar um mês em prisão domiciliária. Consegues explicar-me porquê?? Eles lá também não disseram o porquê do castigo ser tão severo e ridículo, só sei que ele não pôde sair de casa durante um mês inteiro... o que acabou mal para o meu lado..." disse Jin acabando a frase com a cabeça voltada para o chão.

"Jin, não precisas de contar essa parte." disse Namjoon preocupado.

"Qual parte? O que se passou Jin?" estava a delirar com tanto drama.

"Numa noite, eu decidi ir sair sozinho, pois o Namjoon não podia. Fui a um bar qualquer e acabei por ser roubado e violado." as lágrimas vieram-lhe aos olhos após recordar tal situação.

"Não posso crer! Porque não disseram nada?? Estás bem Jin?" disse chocado.

"Agora está tudo ótimo, mas passei duas semanas sem me com seguir mexer, quase. Foi bastante duro para ambos.. mas felizmente estamos de volta a este país lindo." disse sorrindo "Bem, Jungkook, temos que ir andando." disse levantando-se.

"Mas já?" resmunguei.

"Kookie, eu tenho de aproveitar o facto do Jin já estar melhor." disse Namjoon fazendo-me rir "Aquelas duas semanas foram um martírio para nós." sussurrou olhando para o seu amiguinho. Este Namjoon...

...

A conversa com o Jimin no outro dia deixou me a pensar. Eu realmente tinha que me assumir como gay e o primeiro passo era falar com a minha namorada. Eu sinceramente não gosto muito de lhe chamar minha namorada pois, como é evidente, eu não gosto dela. Eu de certa forma uso a como forma de esconder a minha sexualidade. Odeio-me por causa disso.

Eram 15 horas quando saí de casa para ir ter com a Sunhee. A casa dela ficava a cerca de 10 minutos da minha casa, de carro.

"Jungkookie, que saudades. Já não nos víamos há uma semana." disse Sunhee agarrando-se a mim e beijando-me de seguida.

"Tenho estado bastante ocupado, Sunhee." afastei-me o que fez com que ela expressasse confusão "Ouve, preciso de falar contigo."

O que se passa?" disse preocupada.

"Eu não consigo continuar esta relação. Há já algum tempo que eu não gosto de ti da mesma forma." consegui ver as lágrimas a formarem-se nos seus olhos "E acho que tenho usado a nossa relação para, de certa forma, esconder o facto de que sou gay." após estas palavras serem pronunciadas, ela ficou chocada e também pude ver que ficou um tanto repugnada.

"Como pudeste fazer-me tal coisa, Jungkook? É assim que tu tratas as pessoas que te amam?" começou a chorar loucamente "E qual é a tua agora de seres maricas?" as lágrimas transformaram-se em raiva.

"Desculpa? O que é que tu disseste?"

"Tu sabes perfeitamente que os gays são as pessoas mais nojentas que existem no mundo." disse com cara de nojo.

"Todas as pessoas têm o direito de amar! Não importa se são do mesmo sexo ou não! Se tu não aceitas isso, então não aceitas o amor em si. Isso torna-te uma pessoa má, desagradável."

"Eu aceito o amor. So não aceito o facto de duas pessoas do mesmo sexo tentarem ser normais. Deus criou o homem e a mulher para que, assim, houvesse a procriação e dois homens sozinhos não conseguem procriar. Estás a meter-me nojo neste momento, Jungkook, não acredito que és assim." assim que ela me olhou com aquela cara de repreensão, saltou-me a tampa.

"Não me venhas com a história de que Deus criou o homem e a mulher para que só estes pudessem procriar. Em primeiro lugar, está escrito na Bíblia e foi dito por Jesus que devemos amar o próximo como a nós mesmos. Em segundo lugar, hoje em dia há formas de um casal homossexual ter filhos, como por exemplo a adoção, pois ainda existem pessoas cruéis ao ponto de abandonar os filhos. É com essas pessoas que se devem preocupar. Não com pessoas que se amam." não podia acreditar que a Sunhee era dona daquela opinião. Assim que acabei de falar, saí o mais depressa que pôde de casa dela para que não tivesse que olhar para a sua cara de novo.

Estava tão zangado, mas tão surpreendido ao mesmo tempo. Aquela conversa não me saía da cabeça. Não consegui ir para casa, tinha que ir arejar as ideias.

Fui para um parque que havia perto de minha casa. Esse parque lembrava-me dela. Parecendo que não, nós passámos momentos fantásticos. Ao rescordá-los comecei a chorar imenso.

De repente senti alguém tocar-me e chamar pelo meu nome.

"Jungkook? Estás bem?" esta voz era familiar...

"Jimin?"

...