É mais uma noite no meu quarto, meu santuário
lotado de ¨sanctos¨drogados
toda noite eu bebo e te mato
eu me dopo e te calo,
em mim
é mais uma noite na minha vida
mais uma noite na sua
nenhuma na nossa
era um canto aonde o canto era forte
cheio de dor e de remorso
eu era um navio de concreto, carregado do peso enorme que é o nada
no meio da cidade e imerso em promiscuidade, banheiros sujos e cachaça
era uma cinza, um cinzeiro, um grafite, uma porta trancada
eu te rebato e me debato enquanto aquilo injetável faz mais efeito do que deveria
fazendo o efeito contrário, ilusório, de mundos aonde meus sentimentos não cabiam
era um mundo aonde tinha escuro, fumaça e buzinas
cansei,
subi,
no alto da torre do meu sofrimento o vento me balançava, jogando a sujeita do mundo no meu cabelo, o devaneio da mágoa se fez efeito, me deu asas e como uma névoa que não me deixa raciocinar eu voltei em pequenas badaladas mentais e te reencontrei no chão da avenida em que nos conhecemos
pra sempre ficarei aqui. Presa
Beatriz Lustosa
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Serena
PoetryEsse é sobre Serena. Sobre como o universo inteiro é menor que sua metade.