Território

Prólogo

          Naquele dia eu fui tomada por sua grande beleza, sua forma masculina, seu jeito reservado, seus olhos que me penetravam me deixando nua a ele, seus passos assombrosamente silenciosos, ali estava ele, diante de mim com tal beleza impecável e furioso por estar tendo seu território invadido, um lobo, um perigoso e sexy lobo.

          Eu tinha acabado de empacotar todos os meus pertences, triste por se mudar de minha pequena, mas amada casa onde havia crescido, minhas memórias e tudo que construí no decorrer dos anos estava sendo deixado pra trás com essa mudança inesperada, amava tudo ao meu redor, tinha amigos e primos naquele pequeno bairro da cidade de Chicado a qual amava demais, tudo graças a uma divida de meu velho pai que não pagou, uma divida que agora custa a vida dele e de toda a família, agora que tentávamos fugir pra um lugar distante onde pensam que estaremos seguros, eu entendo as razões, mas mesmo assim odeio essa mudança, tenho toda minha vida aqui e deixar tudo pra trás quebra meu frágil coração, quero ficar, mas por ainda não ter domínio próprio sobre mim sou obrigada a ir com meus pais ao nosso novo e silencioso lar, pois, ele é na entrada de uma floresta, minha mãe o comprou pela internet, a dona não pensou duas vezes em vender pra ela, até diminuiu o preço da venda assim que o valor que vendêssemos nossa casa desse pra pagar, coisa que estranhei muito, pois, era uma casa enorme e bonita, tão barata, "aí tem" pensei comigo, mas parece que meus pais são tão desatentos ou tão desesperados pra fugir que não deram conta que talvez tenha algo por trás dessa venda muito barata ou a casa não tem nada por dentro, sem fios elétricos ou encanamento de água, imaginei só o pior da pobre casa enquanto me virava para ver pela a última vez meu amado quarto, todo pintado por mim e rabiscado, "sentirei saudades" pensei enquanto pegava meus pertences e ia em direção a cozinha onde minha mãe se encontrava.

-Mãe você sabe como será essa nova casa? Quero dizer por dentro? Quer mesmo mudar assim, sem mais nem menos?

        Minha mãe saltou e acabou por derrubar uma caixa cheia de vidro, pois, o barulho foi ouvido pela cozinha toda...

-Bia saia de trás de mim, e nunca mais faça isso.

-Isso o que mãe?

       Fiz cara de inocência com um beiço enorme e bem debochado, estava furiosa por estar me mudando por causa de ameaças que recebemos graças ao meu pai, por beber demais e pedir dinheiro pra beber e jogar em poker, adivinha, perdeu o jogo de poker e agora devia mais de dez mil reais para um homem nem um pouco agradável, meu pai é um alcoólatra viciado em poker e eu uma menina sofrida de 16 anos sendo arrancada de sua casa pra uma floresta que deve ter até animais perigosos. 

-Bia ajude seu pai a arrumar tudo que precisaremos para a viagem, o caminhão chegará em breve e não chegue atrás de mim de novo assim entendeu?

-Por que eu mãe? -fiz um beiço ainda maior.

-Porque o que Bia? Vai logo ajudar o seu pai garota nojenta, anda praga.

            Saí da cozinha furiosa com tudo isso, fui até meu pai que me olhou e revirou os olhos, minha convivência com meus amados pais era a pior possível, ambos me destetavam e eu detestava seus vícios, minha mãe fumava muito e meu pai jogador e alcoólatra viciado, nem me fala das manias de irem pra casa fazer coisas indecentes comigo no quarto ao lado do deles e eu ouvindo cada gemido e gritos que minha mãe dava, eu mereço pensava comigo ou até mesmo falava.

-Pai a mãe mandou eu vir te ajudar a ajeitar as coisas. -me aproximei dele e do carro que havia pegado emprestado de um amigo, eu acho... - no que quer que eu ajude pai?

-Nada Bia só vai pra dentro flor.

-A mãe tá nervosa e disse que era pra mim vir te ajudar quer mesmo arriscar papai?-fiz carinha de santa.

-Olha Bia melhor me respeitar ou a cinta vai comer, vai já pra dentro.

       Corri pra dentro como meu pai me mandou fazer e logo dei de cara com minha mãe ajeitando as ultimas caixas e quando me viu fez uma expressão zangada, comecei a andar em direção de meu quarto os deixando sozinhos cada um, odeio essa mania deles e sempre vou odiar.

                                                                                           ~.~

       Quando já íamos viaja Me voltei pela última vez a minha amada casa, logo com meu pai chaveando a porta e entregando a chave a uma mulher, todos os nossos pertences na estavam dentro do caminhão de mudança e todos prontos pra viajar. Entramos no carro e meu pai deu a arrancada, logo não podia mais ver minha amada casa, queria espernear e gritar para ficarmos, mas só causaria tumulto e a casa já havia sido vendida, não tinha mais volta "que droga meus pais fizeram" quase deixe uma lágrima sapeca escorrer por meus rosto graças toda essa confusão. 

       Chegando a uma rua de terra avistamos uma floresta enorme e logo imaginei como seria viver por aqui, mosquitos, dengue, fedor, animais selvagens, deu-me calafrios quando vi uma velha casa de madeira de dois pisos, e meu pai indo em direção a casa, era tipo medieval talvez, delicada, bonitinha, mas dava pra notar que era velha. Meu pai parou na frente da casa e logo desceu, descemos junto com ele, e fomos em direção a casa "quero ir pra casa" pensei, querendo muito ir embora o mais rápido possível dali, odeio lugares antigos, odeio outras casas, sou apaixonada pela minha antiga, fora espelunca, pensei comigo. Meu pai abriu a porta e entrou, começamos a mudança desempacotando coisas e olhando cada comodo da casa, o que me impressionou era que a moradora não havia comparecido para mostrar a propriedade a seus compradores, o que me fez pensar do porquê ela não ter vindo, já que todos os nodos normalmente mostram suas propriedades certo? Olhei em direção a floresta enquanto estava de frente de uma janela da sala toda empoeirada, reparava o quanto era linda, mas imagina que podia ter animais já que nunca havia estado na natureza antes. 

         Fui até o lado de fora e com intuito de não ver mais meus pais no momento me aproximei um pouco da entrada da floresta curiosa com o que teria além dela, mas com medo de ir pra ver quando ouvi alguém atrás de mim e imaginei minha mãe ou o meu pai, mas quando me virei pra ver era um total desconhecido, mas muito lindo que me fez ficar atraída imediatamente por o homem sexy de lindos olhos azuis diante de mim.