Entardecer

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Haviam diversas coisas intrigantes sobre Mitsuki.

Sua pele clara demais para um morador de uma cidade litorânea como Konoha, os olhos cor de mel tão intensos para alguém de apenas quinze anos, os cabelos tingidos de um tom claro de azul e aquele sorrisinho... Aquele pequeno sorriso adornando seu rosto para parecer simpático.

As pessoas ao redor costumavam achá-lo, simplesmente, estranho; mas não Boruto.

O Uzumaki sabia reconhecer aquela expressão de quem está esperando aceitação. Não tardou em incluí-lo em seu círculo de amigos e foi quando Boruto notou que as coisas intrigantes sobre Mitsuki não se limitavam a sua aparência física.

Descobriu naquele meio tempo que o garoto era criado por uma família grande. Alguém que ele chamava de "progenitor" chamado Orochimaru, e três tios, chamados Karin, Suigetsu e Juugo. Havia estudado em casa boa parte da vida e só agora, prestes a entrar no Ensino Médio, decidiram que ele devia frequentar a escola.

Devia ser esse o motivo para sentir que o garoto não sabia se comportar muito bem perante as outras pessoas. Ele não tinha filtro para falar com ninguém, o que gerava certa confusão boa parte das vezes. Nunca se sabia se ele estava sendo irônico ou não, e o único que sabia lidar melhor com aquele comportamento era Boruto. E isso era algo inquietante também.

Desde que ele havia decidido incluí-lo em seu meio, Mitsuki estava o tempo todo atrás de si. Não importava o que fosse, o menino de cabelos azuis se comprometia a estar com ele. Inicialmente, achou que aquilo fosse um pouco irritante. Ter ele o tempo todo ao seu lado parecia estranho, incomum.

Por isso foi ainda mais estranho perceber que aquela presença constante, antes incômoda, havia se tornado essencial.

Ao passo que as semanas corriam, ter Mitsuki por perto passou a ser um alívio. O garoto sempre o ouvia, pacientemente e algumas vezes lhe dava conselhos muito sinceros. Tinha um jeito calmo de falar e seus sorrisos pequenos pareciam realmente verdadeiros quando estavam a sós. Ao mesmo tempo em que conseguia manter Boruto numa bolha de placidez quando era preciso, também era do tipo que avançava junto com ele se necessário.

Embora tivesse muitos amigos, sentia algo diferente em relação a ele. Algo mais forte.

Naquele dia, estavam todos indo até a praia. Pegaram o metrô e, por sorte, não estava tão cheio. Os amigos se reuniram cada um em seu lugar, Boruto sentou-se no assento próximo à janela. Mitsuki parou no lugar vazio ao seu lado, ainda de pé.

— Posso me sentar aqui? — perguntou, daquele jeito educado que sempre fazia Boruto achar graça.

— Claro. — Boruto sorriu.

Esperou que o rapaz se sentasse ao seu lado, mas em vez disso, ele foi pra perto da janela e se espremeu no mesmo assento que o seu. O loiro deu uma olhada ao redor, vendo que os amigos estavam alheios em seus próprios assuntos. Teria pedido para Mitsuki sair. Teria, ele mesmo, escorregado para o outro lado de uma vez. No entanto, deixou que os segundos corressem, aproveitando a sensação de calor que vinha do corpo pálido.

Teve vontade de gritar consigo mesmo por sentir as bochechas corarem e acabou indo de uma vez para o assento ao lado.

— Se queria ficar na janela, era só pedir — disse, sem encarar o amigo.

— Eu queria ficar perto de você — Mitsuki respondeu, sorrindo.

Ele sempre fazia isso. Sempre dizia aquelas coisas, daquele jeito tão despretensioso. E Boruto sempre tinha aquela mesma falta de reação.

O caminho prosseguiu até a praia. O dia, como esperado, foi divertido; o clima sempre ficava leve quando estavam todos juntos, brincando. Quando estava próximo do anoitecer, o grupo se separou, tiraram as últimas fotos, guardaram os pertences, e Boruto sentou-se na areia úmida observando o sol se pôr. Mitsuki não tardou a acompanhá-lo.

— Gosta daqui? — Mitsuki perguntou.

Boruto confirmou com a cabeça. Quando era mais jovem e seus pais ainda eram casados, eles costumavam ir à praia passar o dia inteiro lá. Não que não gostasse de Sasuke, o novo namorado do pai, ou do novo marido da mãe. Na verdade, desde que tudo havia se acertado entre sua família – não menos complicada do que a de Mitsuki – ele se sentia muito bem. Mas essas memórias da infância ainda o causavam uma onda nostálgica que ele não gostaria de mostrar a ninguém, a não ser o garoto que se sentava ao seu lado.

Mitsuki afundou os pés na areia.

— Eu nunca tinha vindo à praia com amigos, antes.

— Claro, sou eu que tenho que te arrastar pra todo canto – Boruto brincou.

— É. Eu gosto de ficar com você.

Boruto novamente sentiu aquela aceleração na pulsação e olhou ao redor até que seus olhos azuis pararam sobre os dourados. E Mitsuki parecia realmente tão bonito sob a luz do entardecer.

— Eu sempre me pergunto o que quer dizer com isso — disse baixinho, quase pra si mesmo.

Estava embalado pelo clima, então não notou que talvez estivesse se expondo demais.

— Desculpe. — Mitsuki sorriu. — Achei que eu estava sendo claro.

Boruto ia perguntar o que ele queria dizer, mas não pôde. Os lábios finos do amigo se puseram sobre os seus. Foi apenas isso. Um roçar de lábios diante do pôr do sol na praia e isso era tão clichê que o Uzumaki teria rido se não estivesse extasiado demais com a sensação.

E quando o ato foi interrompido, sendo levado a encarar os olhos dourados outra vez, percebeu que algo havia mudado. Parecia que a aceitação que Mitsuki procurava não era a que ele estava pensando antes, afinal, já que depois daquele simples contato ele parecia, finalmente, satisfeito.

Foi a primeira vez que Mitsuki afundou-se com ele em estados distintos. A calma e a euforia, como uma personificação de quem eles eram.

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Essa onezinha foi feita pra um joguinho de imagens que rolou  no grupo do facebook

Eu adoro esse bebe

Espero que tenham curtido

BEIJOS NO KOKORO E JA NEE

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