Bob

27 2 0
                                    

Acordei com o susto, ele havia me golpeado e em instantes eu estava desacordado. Mas por quê ele faria isso? Não entendo o motivo.

O despertador tocou eram sete da manhã e hoje eu faria diferente, eu não iria a escola, precisava voltar na casa da festa, precisava resolver isso.

Desci as escadas ainda de pijama fui até mamãe e dei um forte abraço.

- Você ainda não está pronto?
Disse mamãe retribuindo meu abraço.

-Não me sinto muito bem. Prefiro ficar em casa.
Disse eu com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

Eu não sabia como definir aquele sentimento, se era medo, ódio ou desespero, mas acontece que algo estava próximo de acontecer e eu me sentia como se estivesse perto de desvendar oque de fato acontecia.

Mamãe olhou para mim, pousou a mão sobre minha cabeça e disse:

-Tudo bem filho, se você não se sente bem não tem porque ir à escola. Só me prometa uma coisa?!
Disse ela sorrindo pra mim.

- Diga mãe. Respondi secando meu rosto.

- Seja lá oque estiver passando pela sua cabecinha, você nunca esquecerá de mim e muito menos dos seus objetivos?! Promete?

- Sim eu prometo!

Mamãe sabia que desde que papai foi embora éramos apenas eu e ela, as vezes ela evitava falar de papai com medo de me machucar.

Mamãe foi em direção a sala pegou sua bolsa e as chaves do carro em cima da mesa, se despediu e foi para o trabalho.

Tudo estava igual a ontem, tudo era igual a ontem. Espere... Que dia é hoje?!
Corri para o calendário pregado na cozinha e lá marcava 07/07/2000. Então estou vivendo sempre esse dia? Estou sempre voltando para o dia do baile dos calouros? Por quê? Por quê essa data em especial?

Corri para o meu quarto, troquei de roupas, peguei minha mochila e fui até ao ponto de ônibus. Eu precisava voltar naquela casa, eu precisava ver aquele lago.

No caminho eu ia pensando sobre o ocorrido, tentando achar sentido em tudo isso.
O ônibus começou a dar a volta no lago, fiz sinal e desci, andei beirando o lago contemplando as árvores e a maravilhosa vista.

Fui andando em direção a casa onde aconteceu o baile e por ventura aconteceria outra vez naquela noite.
Subi as escadas e observei cada detalhe da entrada.

- Ei! O quê faz aqui? Quer alguma coisa?
Disse a voz atrás de mim.

Me virei e me deparei com Bob, que estava trajando um short de corrida e uma camiseta amarrada na cintura. Sim, algo me chamava atenção nele, mas eu não entendia oque poderia ser, era um sentimento único que eu nunca havia sentido antes.

- Desculpe, eu estava apenas querendo falar com Judie, ela está?
Disse isso até mesmo sem saber se Judie realmente morava ali ou se lembrava de mim.

- Bem... Ela nesse exato momento deve está na escola.
Disse Bob olhando para o relógio de pulso.

- Tudo bem, eu volto outra hora.

- Olha. Mais tarde vai rolar um baile do colegial aqui, se você quiser pode vim, encontrará judie por aqui.
Bob ia subindo as escadas em direção a porta de entrada e eu continuava estagnado, congelado feito uma pedra diante dele.

- Tudo bem, eu volto mais tarde então!

Nos despedimos e Bob entrou, eu desci as escadas e fui caminhando até o ponto de ônibus.
No caminho de volta pra casa eu não conseguia parar de pensar em Bob, no seu jeito, sua voz, seu sorriso.

-Não... Eu não posso está apaixonado pelo Bob, isso não é possível. Isso nunca aconteceu antes.
Eu dizia em pensamentos para mim mesmo. Nesse momento estava com um turbilhão de emoções e minha cabeça estava confusa.

Chegando em casa me joguei no sofá, peguei uma almofada e afundei o meu rosto, assim eu permaneci por alguns instantes, era a forma em que eu conseguia pensar, na maioria das vezes funcionava, mas desta vez a minha cabeça estava em outro lugar.
Bob... Sim, eu estava pensando em Bob, em como ele retribuía o olhar e me cativava.

Fui até a cozinha e preparei um chá, peguei algumas bolachas que estavam no pote e fui para a sala assistir TV.
Algo me intrigava e eu não sabia explicar, de todas as coisas que acontecia uma em especial eu não conseguia me lembrar.
Quem me golpeou? Quem cometeu tal atrocidade? Quem?

Sentei na poltrona, liguei a TV e por alguns instantes eu pude me destrair.

Eu estava só, não havia mais ninguém na casa, mamãe como das outras vezes ficaria até tarde no trabalho, e de mais só morávamos eu e ela.

O tempo foi passando e eu já estava ficando intediado, peguei meu celular para ver que horas eram. No celular marcavam quase sete da noite.
Dei um pulo do sofá corri até o meu quarto, coloquei minha melhor roupa e fui para o baile. Eu precisava ver Bob, eu precisava estar perto dele, eu quero descobrir que sentimento é esse.

Fui para o ponto de ônibus, coloquei meu fone de ouvido e comecei a escutar as minhas músicas, logo em seguida o ônibus estacionou, eu entrei e segui para a casa de Bob.

A festa estava rolando, me aproximei da entrada verifiquei meu nome na lista e para minha surpresa ele não estava lá.

- Mas como assim? Eu recebi o convite, com certeza tem algo errado!
Disse eu com uma voz impactante diante da situação.

- Desculpe, mas sem nome na lista sem festa. PRÓXIMO!

Desci as escadas e me sentei em um banco que dava para o lago, ali eu permaneci por um bom tempo.

- Ei garoto! O quê faz aqui fora? Não vai entrar na festa?

Me virei para saber quem falava comigo, e para minha surpresa era ele. Sim, era Bob!

- Bem... Acredito que algo está errado. Eu recebi o convite do baile mas o meu nome não está na lista.

- Não tem problema venha, pode vir comigo.

Bob estava me convidando, e estava me convidando para entrar como convidado dele.
************************************

Sonhos Obscuros Onde histórias criam vida. Descubra agora