O despertador, que costuma não funcionar, tocou e me acordou de um sonho maravilhoso só porque era um sonho bom. Nesse sonho estava em uma praia deserta, não havia nada e ninguém por perto, essa é definitivamente a minha descrição de paraíso, um lugar sem pessoas, um lugar em que estivesse só, um local em que meu azar nunca me alcançasse e não tivesse que lidar com os problemas da vida adulta, nem com as pessoas que prefiro manter afastadas, pois geralmente com essas vêm acarretado mais problemas e decepções. Eu sentia o vento, apesar de calmo, bagunçar o meu cabelo, senti o meu corpo relaxar com o som das ondas que tocavam os dedos dos meus pés, a areia, que geralmente é o que faz odiarmos a praia, não me incomodava naquele momento ela parecia tão limpa que tive vontade de pegar um pouco em minhas mãos e senti-la escorregando. O Sol não parecia incomodar a minha sensível pele, seus raios estavam tão frágeis que percebi que ele já estava dando espaço para outras estrelas brilharem. Observando e apreciando o horizonte vi bem de longe o que parecia ser um baú abandonado no mar.
Com a minha curiosidade, imediatamente me interessei em ir até lá descobrir o que realmente era o objeto, pois de tão longe não dava para ter certeza o que realmente era aquilo. Hesitei, por causa de um trauma antigo que apesar de agora não me causar tanto medo ainda existia algum, porém nada que impedisse minha curiosidade, você deve estar se perguntando "que trauma?" acontece que quando eu era criança, em uma viagem para o nordeste, me afoguei na praia ao cair em um buraco isso maraca um pouco de minha vida até hoje, por isso nem cogitei a possibilidade de entrar no mar, mas a minha curiosidade insistia, então, para desviar do assunto, pensei, apesar de sem sucesso "como vim parar aqui, não me lembro de ir à praia, tenho quase certeza de que o objeto que quero investigar não está no fundo nem há ondas grandes se formando" cedi à curiosidade e entrei no mar.
A água cristalina me permitia ver uma imagem destorcida de meus pés, a imagem do sol se pondo se tornou mais bela quando vista de pé e dentro do mar, é claro que não olhei diretamente para a luz do sol, no que você está pensando! Aproximei-me um pouco mais do objeto, a água já batia em meus joelhos, agora eu tinha certeza de que era um baú, me aproximei um pouco mais e vi de bem perto um baú marrom com algumas listras douradas, não havia cadeados protegendo seu conteúdo, qualquer um poderia abri-lo e descobrir o que havia lá dentro, quando comecei a puxar a tampa pesada do baú vi lá dentro algo brilhar o que logo conclui serem joias, ótimo eu só podia estar no paraíso mesmo duas coisas que gostava, eu tinha paz e dinheiro, foi então que ouvi um alarme e acordei.
O que? Você achou mesmo que esse sonho fosse com um príncipe encantado... Ah por favor, neh... Não achem que sou uma dessas meninas sonhadoras que almejam um companheiro de capa cintilada para ser feliz. Apesar de que, se ele fosse um bilionário não o deixaria escapar. Continuando a história da minha trágica vida, acordei com um mau humor terrível já que me lembrei de que o sonho não passou de um simples sonho. Pois, não tinha emprego, não tinha alimento, não tinha roupas que gostaria, não tinha beleza, não tinha amigos. A palavra ''não'' pertencia mais a minha vida do que eu mesma para o mundo.
Assim que acordei senti fome, então levantei do sofá da sala- sim você pensou certo, não tinha um quarto em meu apartamento, lugar muito pequeno para ter um, só um velho sofá em que eu passava minhas noites deitadas desconfortavelmente, o banheiro entupido com os canos enferrujados a vista, logo a frente do sofá marrom, na parede ao lado da porta do banheiro em vez de TV tinha alguns pedaços de madeira que em algum momento juntei e montei uma estante para alguns livros, improvisando com o que tinha disponível, é claro havia também a cozinha com seus armários velhos e a geladeira sempre vazia- fui até a geladeira tentar saciar a minha fome e me decepcionei para varear, mas foi então que o telefone tocou, atendi as pressas.
-Quem fala é a senhorita Ana?- falou uma voz feminina do outro lado da linha
-Sim, por quê? Se for do banco eu já vou desligar!- eu temia o banco, pois de lá vinha mais contas do que dinheiro para pagá-las.
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Trinta e um dias muito loucos
HumorUma secretária, rabugenta e azarada, descobre que vai morrer daqui trinta dias, após a descoberta chocante ela se desespera e vive os seus últimos dias de uma forma muito louca...Acompanhe essa aventura cômica e descubra alguns valores de vida ... e...