Venho e volto aqui. Sempre. Mesmo que rode por todos os países, continentes, hemisférios e galáxias distantes, é pra cá que mensal, semanal e diariamente volto. Esse jardim saudoso, essa porta amadeirada e fria, essas lembranças. Estas janelas onde depois de incessantes e ardentes noites de amor olhávamos para a rua e para o mundo como se nada mais existisse além de nosso êxtase romântico. Não víamos o mundo, a intolerância, o neoliberalismo, o assédio, as mazelas sociais. Nada víamos nada do lado de dentro de nossa janelinha meu amor. Aqui fora, em meio a intolerância, ao neoliberalismo, o assédio e as mazelas, eu sonho delirantemente em estar aí dentro. Triste mundo. Saudade de tu. De nossa janela. De nossa casa. Com você. Volto aqui mensal, semanal e diariamente esperando que tu abra essa mesma janela e diga-me o que disse pela última vez num longínquo passado. Saudoso passado. Disse-me "Entra meu amor, que já te espero faz tempo".