— Grace, este é o Ethan, Ethan Jones. Seu novo cuidador.
Ethan Jones era o cuidador mais novo que já chegou a trabalhar aqui. Eu espantei todos os outros, geralmente trabalhavam, uma ou duas semanas e depois desapareciam. Meus pais deviam estar bem desesperados quando tiveram a ideia de contratar, praticamente, um adolescente.
— Não preciso de um cuidador. Deixem esse garoto onde o encontraram. - anunciei, me levantando da bancada e subindo as escadas, sem olhar para trás. Podia imaginar meu pai pedindo mil desculpas ao garoto, enquanto o mesmo apenas estampava uma cara de tacho, totalmente sem jeito. Me surpreendia em como eu podia ser tão rude.
Deito em minha cama e coloco meus fones. Observo meu quarto bege, sempre gostei de cores neutras. desinteressantes. iguais a mim.
Cantarolava o refrão Don't You Forget About Me do Simple Minds, quando uma cena totalmente inesperada, me fez abaixar o volume da música.
Ethan Jones havia entrado no meu quarto, sem permissão, dando ênfase na parte do ''sem permissão''. Ele se sentou em um puff ao lado da minha cama e ficou me analisando. Eu odeio quando as pessoas me olham por muito tempo, parece que tem merda na minha cara.
— Você vai ficar me olhando com essa cara de boboca até quando ? - digo cortando o silêncio, educada como sempre.
—Você não é nada educada sabia, Julia ? - debochou.
— É Grace, meu nome é Grace. - respondi mal humorada e cruzei os braços.
— Tanto faz, é tudo a mesma coisa. - ele disse, passando as mãos no cabelo e logo em seguida me dando um sorriso.
— Não é não. São dois nomes totalmente distintos, seu panaca.
O que eu pude deduzir de Ethan Jones nesse curto período em que ficamos trocando farpas... ele era chato. Um idiota, sem noção alguma. Todos os adjetivos ruins serviam pra defini-lo.
— Certo, vamos esquecer seu nome. O que você geralmente faz na sua rotina ? - Ele perguntou esperançoso. Pra um adolescente comum a minha rotina do dia a dia era totalmente desinteressante, basicamente, eu não fazia nada o dia todo.
— Bom, eu ouço músicas, fico deitada olhando para o teto, gosto de andar pela vizinhança. - digo desinteressada.
— Nossa. Você é esquisita.
— Obrigada pelo elogio. - esse era, literalmente, o melhor ''apelido'' que eu tinha recebido, talvez em anos, de algum cuidador meu. Segundo o meu último cuidador, eu era uma: '' Vadia mimada e que se o câncer não me matasse alguém faria isso por ele ''.
— Então... seus pais me disseram que você costuma fazer exames de rotina e que eu teria que acompanhar você. Quais os dias que você tem os exames ?
— Não sei. Você é meu cuidador, deveria saber isso. - deixei claro, dando um sorriso amargo e fitando os meus pés.
— Exatamente, eu sou seu cuidador e não seu calendário. Eu apenas levo você pra passear, Amora. - respondeu debochado e pôs-se a rir.
— Amora ? - brado, confusa
— Amora, o cachorro. - debochou
— Você me comparou a um cachorro ? - cruzei os braços.
— Qual é... foi engraçado vai. - disse e me deu um soquinho de leve no ombro.
— Tem alguém rindo aqui, seu palhaço ? - questionei, tentando manter a calma.
—Por que você tem que tirar a graça de tudo, Brenda ?
— É GRACE.
Ethan havia saído do meu quarto fazia mais ou menos uma meia hora, segundo ele, iria respirar um pouco de ar puro porquê se não '' iria acabar morrendo se passasse mais alguns minutos comigo '' .
Ele estava demorando tanto que resolvi dar uma checada. Não que eu me importasse, longe disso. Eu estava disposta a infernizá-lo tanto até que ele não aguente passar nem mais um minuto comigo.
Desço as escadas e vou até o jardim e me deparo com meu '' cuidador '' fumando. Isso mesmo, o idiota estava fumando. Em horário de trabalho ainda.
Ethan Jones não havia sequer um neurônio naquele cabeção, se havia ele fazia questão de não usá-los.
Enraivecida chamo sua atenção.
— Você só pode estar de brincadeira né?! - digo impaciente e ele me olha confuso.
— O que ? Eu vim aqui fora pegar um arzinho. O seu mau humor acaba com a minha energia. - debochou.
— Essa coisa que você está fazendo é nojenta. Devia parar com isso. - digo séria.
— Qual é , vai dar uma de Hazel Grace, porquê se quiser posso ser seu Augustus Waters. Que clichê. - ele diz rindo. Está confirmado, ele não tem nenhum neurônio naquilo que ele chama de cabeça. - Só falta você ter câncer.
— Eu tenho câncer.
— Não brinque com isso, Mirian.
— Não estou brincando. - digo franca e ele me olha envergonhado, provavelmente com pena.
— Nossa.. que situação chata. Eu.. - ele diz sem jeito, medindo as palavras. - Me desculpe. Eu não sabia. - ele diz sincero.
— Tudo bem. Só para de usar essa coisa. - digo apontando pro cigarro na sua mão esquerda. - A propósito, meu nome é GRACE. Seu panaca.
Daí em diante em diante eu sabia que Ethan Jones iria ser uma pedra em meu sapato, da qual eu não me livraria tão cedo.
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GRACE.
Teen FictionTodos nascemos com apenas uma certeza : que iremos viver e morrer. Grace Lancaster é portadora de câncer pulmonar, por esse motivo perdeu toda a sua motivação e o otimismo que um dia possuía, Grace está acostumada a viver para morrer. Se tornou um...