Oi oi meus lindos, essa aqui é a última que fanfic que eu já tinha que estou passando para o Wattpad, o resto que eu vir a postar vai ser exclusividade aqui :v Fui inspirada a escrever ela depois que reassisti "Forest Gump: o contador de histórias", amo esse filme ❤️ Também foi um presente pra xuxu da MaaS--
Espero que vocês curtam, ela é pequenininha, mas adoro ela :)
---------------------------------------------
Observando o oceano Pacífico do alto do Píer de Santa Monica, Otabek não conseguia deixar de questionar se o fato de ainda estar vivo fosse uma benção ou uma maldição.
Ainda que a visão da água azul tingida pelo alaranjado do entardecer fosse uma visão acolhedora e relaxante, as memórias que lhe invadiam a mente estavam longe disso.
A selva fechada, a tempestade árdua que caía, incessante, seus companheiros de guerra andando cautelosos, temendo que suas vidas pudessem ser tiradas a cada intervalo de segundo. O Vietnã durante a guerra fora como o inferno na Terra.
Voltou o olhar para o conhecido parque de diversões ao lado, vendo um grupo de crianças soltando risos contagiantes e decidindo em qual seria próximo brinquedo que iriam. Pensou no quanto todas as crianças deveriam poder lidar somente com situações como aquela, e não com as que poderiam botar suas vidas em risco. A lembrança do choro daqueles inocentes feridos voltou a sua mente, como sua tortura diária. Balançou a cabeça, tentando afastá-la.
Saiu caminhando devagar do conhecido ponto turístico da Califórnia, indo até seu conhecido e pequeno carro. Enquanto dirigia, passara por uma pequena capela, e se deparou com um casal de recém-casados saindo feliz do local. Não pode evitar de pensar na noiva de Jean, um de seus companheiros que teve a vida injustamente tirada naquele conflito sem sentido. Antes que o mesmo fechasse os olhos para dar adeus à sua vida interrompida, sussurrou "Bella..." de forma quase que inaudível, na esperança que sua amada pudesse ouví-lo pela última vez.
A vida era cruel. Cruel de uma forma que jamais compreenderia. Jean, que tinha uma família e uma noiva esperando-o em casa e temendo por seu bem-estar, fora levado daquele mundo por uma luta que nem era dele. Já Otabek, que havia esquecido o que era uma família há muito tempo, voltara saudável e com cicatrizes que logo iriam desaparecer. Mas de uma coisa tinha certeza, suas feridas internas seriam difíceis demais para curarem na mesma medida.
Estacionou na frente do primeiro bar que vira; uma boa dose de álcool era sempre uma boa chave para esquecer um problema. No entanto, uma melodia suave fez com que ficasse parado na frente do estabelecimento por um tempo. Olhou para o lado e pode ver um garoto loiro de no máximo vinte anos, trajando roupas despojadas, que haviam sido popularizadas pelo movimento hippie da época, tocando um violão, ao lado do case aberto do instrumento.
Ainda que cenas como aquela fossem comuns pelas ruas do país, algo naquele rapaz o chamou a atenção. A música que tocava era calma, trazia uma certa paz em seu interior que parecia ter sido esquecida. A expressão serena naquele fino rosto era invejável para si; trocaria de lugar com ele sem pensar duas vezes, somente para desfrutar daquela calma.
Pegou alguns poucos trocados do bolso da calça e jogou-os no case. O tilintar fez com que o loiro desviasse a atenção do instrumento e o encarasse. Tinha penetrantes olhos verdes-esmeralda e uma aparência um tanto exótica. Viu-o lhe lançar um meio sorriso, como se o agradecesse, e continuou tocando o violão.
Entrou no bar, sentando-se em um banco em frente ao balcão, e pedindo por uma dose de whiskey. Enquanto brincava com os dedos ao redor da boca do copo, sentiu a presença de alguém ao seu lado. Deparou-se com o mesmo hippie que tocava do lado de fora do estabelecimento, bebendo uma garrafa de cerveja barata.
— É um "cabeça de prego"? — Perguntou o loiro e, como não havia ninguém ao lado, presumiu que a questão havia sido para si.
— O quê?
— Você sabe, um soldado. — Soltou um leve risinho, achando graça da expressão confusa do moreno.
— Sou, mas como sabe? — Questionou, observando a roupa para ver se tinha algum indício sobre sua posição.
— Você tem o olhar. — Respondeu, ajustando os óculos redondos no fino nariz.
— "Olhar"?
— Muitos caras que conheci quando voltaram da guerra tinham esse olhar — Explicou, acendendo um cigarro. — De quem parece ter visto muitas coisas das quais não gostaria de se lembrar.
Otabek o encarava, embasbacado. Aquele garoto era realmente do tipo observador.
— À propósito, sou Yuri. — Estendeu a mão, deixando que a fumaça cinzenta soprasse de sua boca.
— Otabek — Aceitou o gesto do outro.
E assim, naqueles trinta minutos em que permanecera no estabelecimento, desfrutara da presença daquele garoto enigmático em silêncio. Pagou a conta e saiu do bar, sem dizer mais nada.
— Espera! - Ouviu a voz familiar, chamando-o, já na na rua. — Pode me dar uma carona?
O moreno o encarou por alguns instantes. Mal conversaram e ele já estava pedindo por uma carona?
— Para onde? — Perguntou, ainda desconfiado.— Pra qualquer lugar, desde a próxima esquina, até a fronteira do estado... Tanto faz pra mim. — Respondeu, o desapego banhando sua voz.
Deu de ombros, sinalizando para o loiro que podia entrar no carro. Ajudou-o a guardar o instrumento no banco de trás e deu a partida no veículo.
Enquanto dirigia, não podia deixar de encarar o outro de relance algumas vezes. Perguntava-se se o tal Yuri também era como ele, sem alguém esperando-o em casa.
O loiro observava a estrelada noite, espelhada no oceano, sempre mantendo a mesma expressão calma de quem aceitaria qualquer coisa que o destino pusesse em seu caminho. Já Otabek refletia sobre o que o rapaz faria aonde quer que ele o pedisse para deixá-lo, sem ao menos imaginar que talvez a cura para suas feridas pudesse estar sentada no banco ao lado.
--------------------------------------------
Acabou gente :( Já falei que amo finais em aberto? Pois é, eu amo finais em aberto kkkkk Obrigada por terem lido ❤️
VOCÊ ESTÁ LENDO
Peace and War
FanfictionA guerra foi a pior visão que Otabek pode presenciar: inocentes sendo mortos, pessoas separadas de suas famílias, e uma série de outras barbaridades das quais preferia não se lembrar. Tudo isso por causa de uma estúpida briga por territórios. Jamais...