Vozes da eternidade

A estranha amizade

A minha rotina acaba se tornando chata para outros de minha espécie, que se aproveitam da inocência humana e de seu liquido precioso... Ao passar na mesma rua de sempre encontro o mendigo que deixara minhas noites não tão solitárias e monótonas.

-Beber até não se lembrar de onde esta é algo ruim Jaime.

-Ah... Pequeno... Você esta um tanto quanto pálido... Beba, vai ganhar uma cor...

-Não preciso, eu estou bem ao contrario de você.

-Para de me dar bronca e me ajuda a levantar?

-Claro.

Ele esta assim por causa de sua esposa que o deixou há alguns anos. O seu estado deplorável me deixa um tanto amigável a ele, pois ambos não temos nada e ao mesmo tempo temos um ao outro. Por ser mais velho o escuto sempre e faço os seus conselhos, que de forma escandalosa da certo todas às vezes.

-Eu gostaria que você saísse dessa vida de bêbado, formado em psicologia deveria estar trabalhando.

-Meu caro... É como dizem "Não importa o quanto o amassem ou quanto o esnobem, o seu valor e absolutamente o seu valor... nunca muda". A ignorância das pessoas é achar que tudo nessa vida tem um preço e achar que aqueles garotos e garotas que você coleciona como obra de arte nas praças da vida... São uma minoria que sentem frescura e não uma doença.

Suas palavras saiam ao mesmo tempo de suas lagrimas...

-Uma garota se matou por ter depressão e os pais não ajudaram, falaram que ela era muito mimada ou muito isolada. Ela tinha uma doença que ninguém acha certo ter... Minhas lagrimas são a prova que você é meu único amigo e entende tudo isso

-Entendo sim Jaime, você diz que mesmo sentindo a dor e a angustia, ninguém ira te ajudar... Porque acham que seu mundo imaginário é besta e infantil.

Enquanto a conversa se desenrolava alguns delinquentes atacam o mendigo emotivo e me seguraram...

-VÁ AGORA E NÃO VOLTE!

Ele ficou pasmo quando em menos de 10 segundos todos eles estavam no chão, alguns sem cabeça e outros sem o coração. Meu corpo cheio de sangue e meus olhos vermelhos faziam contraste de cores, a boca manchada com o liquido saboroso e quente fizeram o mendigo ficar mudo e travado, mas não com medo.

-Você não é normal garoto, mas não me importo, estou bêbado demais para me importa... tens um bom coração mas fez a escolha errada com esses garotos. Deveria ir antes que a policia chegue.

-Jaime, até amanha. Nunca se esqueça... Você tem um anjo da morte como guarda-costas.

O velho se sentiu assustado com o meu ser, mas não quis ir embora. Despedimo-nos e segui o meu caminho... Solitária e tenebrosa a lua me olha pedindo meu toque sádico e frio. Ao nascer de outro sol eu canto uma canção... A canção do eterno poema que se torna minha sina...

"as noites são acolhedoras o seu abraço gelado e seu beijo mortal me deixa assim, a lua é minha amante e o sol meu assassino. Desejo viver ate o bater de sinos, a vida eterna é um pesadelo sem fim enquanto entramos no conformismo de morrer aqui... o pesar de uma gota de sangue no chão mostrar a alma do assassino um predador sim uma poesia errante talvez ou ate mesmo um choro eterno".