Prólogo

65 8 9
                                    

Dia vinte e quatro de agosto de 3027

— Então o que faremos? — um homem gordo falava — Não temos autorização ainda, e agir assim seria ir de embate com os Rosas.

— Que se fodam os Rosas Negras! — um moreno respondeu — nós somos os Cavaleiros e Amazonas da Ordem Social, existimos desde a grande guerra, não existe essa de pedir permissão. Por acaso somos cachorrinhos?

— Se acalmem rapazes. — o mais alto da sala respondeu.

— Não venha com falsas aparências Daedallus.

André Daedallus e Morgan Rikonsh eram os únicos capitães presentes na sala entre coronéis, majores e o único general da cidade, Daniel. Estavam todos em uma sala de reuniões, discutindo os procedimentos necessários contra uma ameaça que surgia, o até então apelidado Black Cross.

O capitão Daedallus estava no cargo a menos de um ano, e nunca esteve presente em uma reunião com os mais altos cargos. Sentado na segunda cadeira a direita do general, era o mais paciente e calmo. Enquanto que seu companheiro de patente era o mais agitado sentado na outra borda ao lado do superior Daemon que compartilhava a agitação.

— Ele está certo, não podemos agir assim, somos o pilar que sustentou esta cidade desde o nascimento até hoje, e lembre que estamos em 3027. Pedir permissão seria se sujeitar a submissão. — Morgan falou, enquanto martelava o lápis a mesa.

— Mesmo assim, eles estão com essa atividade, investigando e o buscando. Nos metermos seria imprudente, tendo em vista nossa situação política. — uma mulher de cabelos loiros respondia.

— São nossos homens que estão sucumbindo nas mãos deste assassino, não os deles. Eles podiam até mesmo estar ao lado deste, apenas para nos tirar do jogo. — Daemon rebatia — quem sabe mais o que se possa estar acontecendo atrás dos panos.

— E o que você nos propõe? — o que estava na ponta da mesa perguntou.

O silêncio rendeu alguns segundos, até então o general não tinha dado uma palavra sequer. Quando respondeu:

— Tomaremos o caso, e agiremos da nossa forma, estão demorando demais a resolver. Cada segundo custa um pingo de sangue de nossos homens nas mãos do inimigo.

— Mas senhor, — uma outra mulher retrucou — e o que acontecerá conosco se tomarmos este caso? De acordo com a legislação, não podemos pegar casos assim. Apenas eles, e temos pouco apoio dos representantes populacionais. Algo assim, pode pôr em risco nosso apoio estatal. Na verdade ainda mais.

— Irei preparar as documentações necessárias, para diminuir essa questão burocrata. Lembre-se que, quando uma organização de defesa não possui força suficiente para a conclusão de uma devida necessidade populacional, fica a cargo das defesas de força maior, lei 25.678/2986. Estamos de acordo de que os Rosas Negras não possuem capacidade suficiente, já está a mais de meses esta operação e vinte soldados de nossa casa se foram. Está mais do que na hora de nós mesmos tomarmos as rédeas da situação.

Todos concordaram, e não era por menos, o general já perdera três amigos nos assassinatos, e entendia que não podia continuar da forma que estava.

— Quando podemos começar a agir senhor? — um dos coronéis perguntou.

— Imediatamente. Capitão Morgan, você ficará a cargo de toda a operação, investigue juntamente com Daedallus e monte toda a operação. Junte bons soldados e capture ou elimine este sujeito.

— Sim senhor General! — os dois se levantaram e bateram continência.

— Assim então eu ...

Quando o general se levantava para dar a reunião por fim, um soldado invadiu a sala nas pressas interrompendo a fala. Estava sem folego.

— Senhores... vocês precisam... ver o... estacionamento... — falava ofegante.

Todos se entreolharam, e as pressas foram ao local mencionado.

Poucos minutos depois, perceberam muitos soldados aglomerados no estacionamento. Todos olhando para um único ponto em comum. Ao tentarem transpassar a parede de pessoas, os soldados perceberam e abriram espaço.

Uma cena jamais vista naquela época, até mesmo para altos combatentes. Uma enorme poça de sangue, que escorria pelo chão, vinha de um homem no recanto da parede. Um dos braços estava esticado na parede preso a três barras de ferro cravadas através dele, deixando o corpo encostado. Estava com enorme cortes no corpo, o traje que usava estava totalmente encharcado de sangue, alguns dos dedos do braço que estava preso estavam ao chão, enquanto que o braço esquerdo estava preso a enormes estalagmites pontiagudas que cresciam até o teto, a distancias do corpo, deixando apenas uma parte mutilada no corpo. Um outro corpo estava dentro de um carro em ruínas, estava totalmente desfigurado, com as pernas de fora o sangue escorria.

— Mas que porra foi essa? — Morgan estava chocado.

— É o primeiro-tenente Marin. — o capitão mais alto respondeu olhando o corpo próximo a parede — ou o que sobrou dele.

— Senhores — o general olhava para os capitães — isto já não é mais uma missão e sim, uma grande operação, que seja categorizada como uma de classe E.

Ele andou até o corpo, olhou aquele soldado com um grande pesar, sabia da família que ele possuía.

—Não subestimem seu inimigo. —retirava seu sobretudo azul marinho e cobria o corpo — Porque ele não fará o mesmo.

Black CrossOnde histórias criam vida. Descubra agora