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      Eu estava farta.

     Não, mais que isso. Estava transtornada, furiosa, esgotada... E tudo isso por causa daquele homem, ou melhor, daquele Sayajin. O senhor príncipe como costumava se auto proclamar.

—Esse filme é ridículo! - resmungou.

     Franzo a testa enquanto torço os lábios, cruzando os braços ao ouvir Vegeta.

—Seria mais interessante, se você parasse de reclamar e prestasse atenção no filme.

—É uma terráquea covarde, deveria ter matado aquele verme ruivo por ameaça-la, em vez de atravessar esse espelho – estreitou os lábios, desviando os olhos da tela da TV.

     No filme, Mia Wasikowska como Alice atravessava o espelho, usando o seu característico vestido azul com avental branco enterrava seu rosto nas ondulações do espelho. Mas é claro que o Príncipe dos Sayajins não poderia sentir a magia do filme, o que de certa forma é bem irônico, se você ver pelo lado que ele é um Super Sayajin de outro planeta, que brilha e faz o cabelo mudar de cor, isso tudo se for falar bem por baixo, é no mínimo estranho.

     E como alguém poderia ser tão intransigente com menos de vinte minutos de filme, ainda era um mistério para mim.

    Com um suspiro pesado pego o controle, pausando a imagem.

— Vou fazer mais pipoca, você comeu todo o pote sozinho. - Falo baixinho, mais para fugir do que realmente fome.

— Tanto faz- retruca Vegeta, dando de ombros.

     Levanto do sofá com um pulo, alisando as partes do vestido amassado. Minha cabeça ainda fervilhando depois de tantos resmungos, Vegeta consegue ser insuportável quando ele quer.

    Xingando até a última geração de Sayajins chego na cozinha, dispensando os robôs com um aceno de mão caminho até as prateleiras de comida. Preciso esticar meus braços para alcançar os pacotes de pipoca na terceira prateleira. Escolho o preparado de micro-ondas, Vegeta vai ter que se contentar com a escolha rápida.

      Armo os três minutos no temporizador e aperto a partida, o aparelho zunindo na cozinha silenciosa. Bato os dedos no mármore da bancada enquanto espero.

    O micro-ondas apita, tiro o pacote de dentro na ponta dos dedos. Repito o processo mais quatro vezes, fechando com cinco pacotes de pipoca fechados.

— É bom que você goste de manteiga, pois só achei desse sabor! - Grito para Vegeta, caminhando com os braços cheios de pipoca.

     Silêncio, ninguém responde.

— Vegeta? - Pergunto em voz alta, franzindo a testa. Novamente ninguém responde.

     Ao chegar na sala o filme ainda está pausado, mas não tem ninguém no sofá em frente a tv. Largo os pacotes em cima da mesinha enquanto me aproximo da porta do banheiro, passando pela grande mesa da sala de estar. Resolvo gritar mais uma vez.

— Tem alguém aí? Se estiver pregando uma com a minha cara, Vegeta... - deixo a ameaça no ar, mas novamente nada de respostas.

    Bufo alto, fechando minha mão em um aperto firme ao dar-me conta que, o Príncipe dos babacas me deixou sozinha para ir treinar. Fui literalmente trocada por uma dúzia de robôs e gravidade aumentada.

    Fantástico, penso comigo mesma.

    Sem querer encontra-lo, largo as pipocas para um empregado limpar e subo as escadas, indo até a última porta do corredor. Largando meu corpo no centro de minha cama dóssel, em meio aos lençóis macios. Aperto um botão para fechar as cortinas do quarto, então com o breu, finalmente pego no sono.

Breve guia das pequenas coisasOnde histórias criam vida. Descubra agora