VOCÊ NÃO PODE FUGIR DE SI MESMO (PARTE 1)

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ALLIE

Eu gostava dele. Do seu sorriso tímido. Do jeito que olhava pra mim, como seu eu fosse algo precioso e frágil. Não estava acostumada com isso. A maioria dos homens me via como um suculento pedaço de carne, com seios grandes e curvas fartas. Ele não.

Por isso mesmo, enquanto as garotas da faculdade marcavam de se encontrar as sextas-feiras para assistir o time de futebol americano jogar, eu preferia ir ao bar menos badalado do Kansas só para assistir a banda dele tocar.

Ele era meio desajeitado. Claramente, não tinha nenhuma habilidade para lidar com as mulheres. Tinha a impressão de que não fazia ideia de que eu estava flertando com ele.

Demorou mais ou menos dois meses para que ele tivesse coragem de me chamar para sair num tímido primeiro encontro. Quando nos despedimos seu rosto estava tão vermelho que pensei que fosse explodir. Ele era fofo. Diferente de todos os caras que estava acostumada a sair. Diferente daquele tipo que não conseguia tirar as mãos de mim... ou a boca. Ezra não era assim. Havia algo de tão inocente nele que chegava a ser ingênuo.

Algumas sardas se complementavam com o cabelo ruivo e os expressivos olhos castanhos. Ele era talentoso também. Uma pena que a banda fosse realmente ruim. Mas compensava assisti-lo tocando teclado, tão compenetrado, como se aquilo fosse algo muito importante para ele.

Eu tinha 21 anos e ele apenas 19. Mas a falta de experiência tornava a diferença maior. Durante nossas conversas, ele me confidenciou que não havia frequentado uma escola normal. Estudou em casa, sob a tutela da mãe. Por isso, não tinha tanta facilidade para se socializar. Ezra nunca entrava em detalhes, não gostava de falar sobre a família. Disse apenas que sua adolescência foi um pouco diferente por conta da profissão do pai.

Eu me apeguei a ele. A sua inocência me despertava curiosidade. Às vezes me sentia competindo com ela... como se quisesse corrompê-la de alguma forma. Minha colega de quarto sempre me repreendia. Ela me conhecia bem demais.

"Allie, você vai acabar magoando esse menino! Vai se enjoar dessa história de ser a namorada perfeita e trocá-lo pelo primeiro homem que te pegar de jeito!"

Não. Eu não iria. Estava cansada de me envolver com homens assim. Ezra significava um recomeço para mim. Eu precisava de um relacionamento equilibrado, em que não fosse guiado apenas pela atração sexual. Queria algo real.

Depois de seis meses juntos, pensei que era exatamente isso que havia conseguido. Ele era carinhoso e romântico. Nosso sexo era gostoso e tranquilo... Tranquilo demais. Confesso que a parte sexual deixava a desejar. Ele era inexperiente. Sua timidez excessiva o impedia de arriscar. E eu sentia falta de ser realmente tocada por um homem. Aquele tipo que sabe exatamente onde pegar. Que te faz gemer, gritar e subir pelas paredes. Mas não queria trocar o meu relacionamento por uma aventura qualquer. Por isso, controlava.

Ezra dava sinais de que queria algo muito sério comigo. Dizia que havia sido criado assim e logo entendi que ele pensava em se casar e constituir uma família. Esse pensamento me deixou aterrorizada. Sempre soube que não era isso que eu queria.

Minhas suspeitas foram confirmadas quando ele me convidou para o casamento de sua tia que aconteceria na casa de sua família. Seria o típico casamento americano, portanto viajaríamos com antecedência para passar alguns dias em Tulsa, Oklahoma. Como ainda tinha algumas pendências para resolver no trabalho, Ezra partiu dias antes.

Sozinha em casa, uma sensação estranha ardia na boca do meu estômago, fazendo-o revirar. Eu sabia o que era. Estava apavorada com o rumo que nosso relacionamento tomava. Eu não devia participar desse casamento. Não devia ser apresentada aos seus pais como a namorada perfeita que eu não era e estava longe de ser. Não. Definitivamente, não estava preparada para lidar com isso.

ROLLERCOASTER LOVEOnde histórias criam vida. Descubra agora