Pequeno Anjo

Capítulo 02

Desculpem a demora, pessoal, estava cheia de trabalhos da faculdade pra fazer... Mas consegui terminar o capítulo e em breve teremos mais! Obrigada pelas visualizações, votos e comentários, fazem muita diferença  ❤

***

Acordo subitamente e por um instante não tenho nem ideia de onde estou. Aos poucos vou retomando a consciência e percebo que estou no meu quarto. No nosso quarto. Estou deitada no chão frio, na certa peguei no sono em meio a tanto choro. Olhando no relógio no meu pulso percebo que dormi por seis horas, acho que eu realmente estava cansada.

Me levanto do reconfortante chão frio e me obrigo a organizar o funeral, eu devo isso a eles. Mas antes eu vou ver Lydia, preciso saber como ela está. Oh Lydia... o que será que se passa no seu coraçãozinho?

Dirijo até a casa de Maya, que não é muito longe da minha e quando chego lá, Lydia está dormindo.

– Ela acabou de pegar no sono. – Explica Maya enquanto me serve uma xícara de chocolate quente. – Nós tomamos sorvete e depois viemos para cá, acho que ela estava cansada demais para ficar acordada, dormiu no mesmo momento que deitou na cama. Você quer vê-la?

– Sim, eu só preciso ver minha filha. – Digo com meu coração apertado. Se eu pudesse a abraçaria e nunca mais soltaria.

Maya me leva para o quando onde Lydia dorme. Parece um anjinho, tão calma e serena. Vou até ela e faço carinho brincando com seu cabelo macio. Tão pequena e já passando por isso... como ela vai lidar com essa situação? Como ela vai se adaptar a viver sem sua metade, sua gêmea? Eu não sei como vai ser e também não sei se serei forte o suficiente para ser tudo o que minha filha vai precisar. Eu não serei uma boa mãe solteira, eu sei disso. Sempre tive Marlon ao meu lado, para tudo, como viverei sem ele? Duas lágrimas solitárias escapam de meus olhos e eu dou um beijo na testa de Lydia, fazendo carinho em suas bochechas e me despedindo dela. Tenho que ir ao funeral. Queria poder pular essa parte, não vou saber lidar.

Maya entra no quarto pouco antes de eu sair com um pedaço de bolo. Está quentinho e é de chocolate, o favorito de Marlon. O amor dele por bolo de chocolate era inexplicável, ele parecia criança, seus olhos brilhavam quando eu falava que estava fazendo o tal bolo. Suas filhas também, duas pequenas formiguinhas chocólatras.

– Acabou de sair do forno, eu estava fazendo para Lydia comer quando acordar, pegue um pedaço. – Ela me oferece o pratinho e eu me sento na cama para comê-lo.

Maya se senta ao meu lado e põe a mão em meu joelho como para dizer "Eu estou aqui para o que precisar, pode contar comigo sempre". Eu não sei o que faria sem ela.

– Você tem certeza que não quer que eu vá ao funeral te ajudar? Você sabe como são esses momentos, Barbara, muitas pessoas que nem conviviam com vocês irão aparecer, todos dirão "meus pêsames" e "sinto muito", você ouvirá pessoas se lamentando até querer gritar desesperada para calarem a boca e no final você não vai mais estar aguentando de cansaço porque parece que aquelas pessoas que estão lá, ao invés de ajudarem, pioram o seu pesadelo pessoal. Eu poderia ir lá e recepcionar todo mundo, assim você não precisa falar com ninguém que não se importa realmente e poderá ficar quieta no seu canto se despedindo daquelas pessoas que você ama.

Maya tem um bom ponto. Tudo o que ela disse é a mais pura verdade sobre um funeral e tudo o que eu mais queria era pular essa parte. Só de pensar nesse momento eu já quero gritar desesperada, imagina quando eu o estiver vivenciando...

– Eu agradeço muito Maya, de verdade, mas Lydia é a prioridade no momento, não podemos deixa-la aqui sozinha e nem levá-la.

– Você está certa, mas ela não ficaria aqui sozinha, você sabe que minha mãe mora na rua de trás e que ela adoraria ficar aqui cuidando de Lydia.