1 - Medo

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Pov Tarik
[Monday 7h02]

Alguns pequenos raios de luz adentram meu quarto, passando pelas frestas da janela, lentamente abro os olhos após o despertador gritar várias vezes seguidas, não aguento mais essa música, me levanto desanimado, sem um pingo de vontade de sair do meu quarto, vou até o banheiro e tomo um longo banho, ouço a porta ser aberta enquanto eu bocejo.


Pov Rafael
[Monday 07h28]

Termino meu café e me despeço da minha gata, pego as chaves de casa e saio trancando a porta, o cheiro da grama estava bom, por causa da longa semana de chuva.

Chego na hora exata do ônibus, as portas se abrem e eu embarco, após pagar a passagem desvio meu olhar que estava no cobrador e percorro toda a extensão do ônibus.

— Paaaaaac! — Solto um grito alto o suficiente para ele ouvir do ultimo acento.


Pov Tarik
[Monday 07h32min]

O eufórico garoto de olhos azuis acena para mim, aceno para ele, por sorte esta apenas eu, o motorista e o cobrador no ônibus, ele anda até mim e se senta ao meu lado, como sempre, e meu coração acelera, como sempre...

— Oi Pac, como foi seu final de semana? — Me perco em sua boca e meu foco se desfaz, desvio minha atenção de seus lábios e a direciono para seus olhos. — Pac? — Eu devo me controlar... Mas essa voz...

Eu lembro quando ele começou a pegar o mesmo ônibus que eu, Rafael simplesmente invadiu o Ônibus, ele se jogou na frente do veículo o fazendo parar, quando finalmente entrou no ônibus recebeu alguns murmúrios, mas como raramente é afetado apenas ignorou, usou a desculpa que não queria me deixar vir sozinho por isso que fez toda aquela cena...

— Temos Matemática hoje... — Revira os olhos desistindo da pergunta anterior. — Fez a lição?

Nego com a cabeça, meu final de semana não foi nada agradável, não sobrou tempo para a lição, na verdade eu devia estar em casa agora, com essas dores eu não devia caminhar, ele fica quieto, sorriu de leve e viro minha cabeça em sua direção curioso para saber o que calou Rafael Lange - isso raramente acontece.

— Ué não vai me dar os sermões diários Senhor Rafael? — Ao olhar para ele noto uma expressão estranha em seu rosto, Seus olhos encaram algum lugar.

— Qual o nome da garota?? — sussurra se aproximando, minhas bochechas queimam, perto de mais Rafael Lange.

Desvio o olhar, Hmm... Ele percebeu... sinto um calafrio percorrer por todo meu corpo, ajeito meu moletom escondendo um pouco, me mantendo em silêncio, a única coisa que se pode ouvir são os latidos de alguns cachorros e o ônibus se movimentando na estrada.

— Ninguém importante... — A marca em meu pescoço está forte, foi um chupão afinal.

Ele bagunça meu cabelo e se ajeita na poltrona, o encaro e vejo o mesmo cruzando os braços.

— Garotas as vezes gostam de marcar o que é seu... — seus olhos fitam os meus de uma forma intensa, chega a ser assustador. — Garotos também gostam de marcar o que os pertence. — Ele segura meu queixo.

— Ah... — Coro.

Ele me ataca fazendo cócegas, começo a pedir piedade em meio aos risos, ele para me encarando, Rafael sorri, e nossa.... Esse sorriso...

O ônibus para.

— Chegamos no inferno... — Falo baixo.

Nós levantamos e saímos do ônibus, ao descer escuto alguns murmúrios.

Rafael comprimenta todos os seus amigos, enquanto eu entro na escola ignorando todos que aparecem em meu caminho, os sons de pessoas andando e batendo as portas das salas só pioram minha dor de cabeça.

Tudo esta como sempre, meu coração acelerado por culpa de Rafa, meu rosto vermelho que volta lentamente ao normal, e também, as dores em meu corpo.

Sinto algo segurar meu braço, solto um "Ai" baixo, me viro em direção ao dono da mão, provavelmente ele ouviu por isso me soltou.

— Me desculpe! — O moreno desvia o olhar. — Você sabe onde fica a sala 1-A?

Suspiro.

— To indo pra lá...

— Que ótimo! Posso ir com você?

Dou de ombros e volto a andar, olho discretamente e vejo o moreno me seguindo, Seus olhos são escuros e o mesmo usa um blusão vermelho sangue.

Entro na sala e me sento no fundo, eu sei que deveria sentar ao lado de Rafael por ser o Vice-presidente do conselho estudantil, mas, porém, todavia, eu também sei que só me elegeram porque Cellbit me indicou, ele não gosta de me ver sozinho no intervalo, então pensou que se eu fosse vice ficaria ocupado com o cargo e não me machucariam mais, não que alguém da escola fizesse isso.

O moreno senta do meu lado se jogando na cadeira.

— Não recomendo você fica ai... — Olho para fora através da janela.

— Por que?

— Bem... Esse lugar pertence ao Fel-

— A mim. Esse. Lugar. Pertencente a mim cara.

Olho para Felipe, ele está com os braços encima da mesa encarando o garoto.

— Oi. — O moreno sorri. — Me chamo Mikhael, mas pode me chamar de Mike.

— Eu não perguntei o seu nome. — Ainda sério. — Agora vaza daí.

— Pense bem antes de mexer comigo, moço.

— E você vai fazer o que hein?

Mike se levanta, encara Felipe.

— O que e vou fazer? — Ele pega no colarinho de Felipe o puxando pra perto e sussurra algo no ouvido dele.

Felipe parece estar congelado, ele da um passo para trás.

— Sua vadia louca... — Felipe diz.

Mikhael sorri e se senta de novo, Felipe revira os olhos e vai até a mesa atrás de Rafael, manda o Muleke que está ali sair, ele obedece e então Felipe se senta. A fera foi domada, e tão rápido, por esse garoto? O que raios ele disse que fez o popular e valentão do Felipe seder assim? Aaah isso não importa.

O professor entra, todos se calam e a aula começa.

O tempo está passando, algumas cenas insistem em rodar em minha mente num loop infinito. eu sinto meu estômago embrulhar, cubro minha boca com a mão, me levanto e respiro fundo, todos estão me encarando, inclusive Mikhael. 

Do Not Touch MeOnde histórias criam vida. Descubra agora