Capítulo 4

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Ao final do meu "estágio" de duas semanas passando por todos os setores da produtora, só restavam duas experiências para eu conhecer toda a rotina: gravação de algum filme e reunião de roteiro. A gravação eu postergava o máximo que conseguisse por ainda não me sentir tão à vontade ainda para ver pessoas transando em minha frente, limitando meu contato com os filmes às cenas que via sendo editadas. Mas sentar e definir um roteiro eu não podia mais fugir.

O que me deixava apreensiva para a reunião de roteiro era ter que passar por tudo aquilo com JD. Os poucos momentos que convivemos naquelas duas semanas já mostraram como eu ficava ansiosa com sua presença, consequência da tensão sexual constante entre nós dois. Sentada em sua frente na sala que dividíamos, cada movimento seu parecia sexual demais para que eu ficasse imune. Era o jeito que ele coçava a barba no queixo quando estava observando algo em seu computador ou passava os dedos entre o cabelo ondulado durante uma ligação telefônica. Eu tentava disfarçar meus olhos interessados em seus movimentos, não querendo dar esse gostinhos a JD de ter mais uma mulher babando por ele. Achá-lo sexy era uma coisa e dar a entender que eu queria algo mais era bem diferente.

Ficava com uma pulga atrás da orelha ao notar de sua parte um interesse, mesmo que não fosse tão explícito assim. Percebia que ele me observava trabalhar e disfarçava ao fazer uma pergunta aleatório quando eu o flagrava ou nas inúmeras vezes que eu o vi olhando atentamente para meus lábios enquanto eu os apertava em uma mania incontrolável. Eu tinha consciência que muitas pessoas achavam minha boca sexy por conta dos meus lábios mais volumosos e por eu sempre estar usando batom, mas não esperava que JD fosse uma dessas pessoas. Era confuso para minha cabeça um diretor de filmes pornográficos ter uma tara por lábios, ainda mais os meus.

Tentar entender como funcionava a mente de JD era uma missão que estava me fazendo perder muito tempo da minha vida e esperava que na reunião de roteiro não deixasse isso influenciar na minha postura. Fui determinada a não ficar sem graça com o assunto e ser profissional acima de qualquer coisa, tendo vantagem de conhecer as técnicas de escrever um roteiro. Só não fazia ideia de como escrever um para pornô. Os poucos filmes que já tinha assistido se resumiam a uma cena inicial de poucos minutos, para contextualizar o tema principal, e meia hora de sexo em todas as posições possíveis, então não havia espaço para falar de "jornada do herói" ou descrever uma cena com tantos detalhes. Fui de mente aberta para a reunião e sabendo que seria totalmente diferente de qualquer coisa que imaginei.

A sala que iria encontrar JD ficava ao lado do escritório central, rodeada de vidro como se fosse um aquário. Como eu cheguei vinte minutos antes do horário marcado, sentei em uma das pontas da longa mesa de reunião e deixei meu laptop de lado para terminar de me maquiar. Saí tão corrida de casa que só tive tempo de passar hidratante no rosto e coloquei os outros itens na bolsa para me arrumar na produtora, passando rímel com ajuda da câmera frontal do celular. Me concentrava tanto para não borrar que não percebi quando a porta abriu e JD entrou acompanhado de mais dois homens da produção, me encarando com o rímel parado.

- Como você sempre chega atrasado, resolvi terminar de me maquiar antes da reunião. - o informei quando vi sua expressão de quem não estava entendendo o que eu fazia.

- Esses são Ted e Robert, assistentes de produção que vão participar da reunião hoje. - JD me explicou apresentando os dois e eu sorri os cumprimentando. - Você ainda vai demorar para se maquiar?

- Só falta passar o batom.

- Ted, você pode pegar café para a gente? - JD o pediu. - Robert, vá junto para garantir que ele não exploda a cafeteira.

- Foi só uma vez... - Ted murmurou enquanto saía acompanhado de Robert.

Ficamos sozinhos na sala e eu vi JD sentar do outro lado da mesa, bem em frente a mim. Eu segurava o batom na mão enquanto o encarava e esperei alguns segundos por alguma ação sua, mas ele apenas cruzou os braços e manteve os olhos bem concentrados em meu rosto. Pelo jeito que JD me olhava, significava uma coisa: ele queria me ver passando batom. Seu fascínio por minha boca estava ficando cada dia mais nítido, seja pelos olhares que ele me dava enquanto eu falava ou sua atenção estar sempre em meus lábios quando ele me encarava. Se ver meus lábios pintados de vermelho era sua maior tara em relação a mim, eu iria torturá-lo mais um pouco só para me divertir. Não entregaria o prêmio tão fácil assim como ele certamente estava acostumada e eu coloquei a tampa do batom de volta, o deixando sobre a mesa.

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