Atrás da Coroa

Prologo

Capitulo 1 - Você é nosso herói
- Audrey esquece - disse ele baixinho.
Aquilo me doeu e doeu muito. Eu não estava pronta e não queria estar pois eu tinha uma forma de ajudar e não ficaria parada sem tentar.
- Eu não posso - soltei sua mão sentindo meu olho arder. Mas eu não iria chorar.
Ouvi ele suspirar. E antes que ele dissesse alguma coisa eu me levantei da cama e disse:
- Aguarde, pois quando eu voltar o senhor estará tão bem, que essas dores serão como um pesadelo que você teve em uma noite ruim.
Não deixei ele falar nada e sai porta a fora. Eu faria aquilo, eu estava pronta!
2 meses antes:
- Cadê a Ketlyn? - perguntei ao meu irmão.
- Talvez tentando pegar uma laranja no pé e está falhando amargamente - respondeu ele olhando pela janela da cozinha.
- Por que não pediu para ela parar? Você sabe que ela vaia acabar se machucando! - disse soltando o pano de prato na pia e indo em direção a ela.
- Eu estava ocupado
- Talvez... hum - parei fingindo pensar - ocupado demais com seu violão?! - ele revirou os olhos - Você sabe que ela já se machucou várias vezes e deveria ficar de olho nela, pelo menos enquanto eu cuido da comida!
Ele pareceu desapontado e não reclamou. Meu irmão ama tocar violão, ele é um ótimo companheiro mas às vezes é meio... Como posso dizer, tapado.
- Tá, não deixarei acontecer novamente...
Ele estava saindo enquanto eu já estava do lado de fora e chamei a Ketlyn ela pareceu triste, pois sabia que eu iria reclamar com ela.
- Deixa, eu peguei várias para você - disse e ela deu um sorriso de orelha a orelha - estão lá na mesa - ela desistiu de subir na arvore e foi correndo me dando um abraço nas pernas e depois indo em direção as frutinhas.
- Sabe o que é engraçado - tomei um susto quando ele falou e o mesmo começou a rir de minha expressão - Não pera... você tomando um susto é mais legal!
Comecei a rir e dei um tapinha em seu ombro e logo o chamei para ele comer.
- Ah, o que você ia dizer ? - perguntei .
- Ah, sim é engraçado o fato de eu ser mais velho e você que cuida de todos, vou me sentir imprestável - disse ele fazendo carinha de bebe chorão.
- Então fique mais de olho na nossa irmãzinha e você volta para seu lugar.
- Não, acho que prefiro ficar no lugar do mais novo! - ele brincou após olhar minha irmã fazendo sujeira.
- Ketlyn já lavou as mãos ? -perguntei .
Ela abaixou o rosto e negou.
- Vai lá rápido e volta, não vou deixar ninguém roubar sua comida!
Ela saiu acelerada foi lavar aos mãos.
Éramos uma família bem unida. Meu irmão que dizia que agora era o mais novo tinha 24 anos, ele estava pensando em trabalhar para o rei como um de seus guerreiros ou simplesmente tocar violão em alguns lugares e ganhar um dinheiro bom. E eu sabia que ele amava tocar violão, as vezes as tardes ele me pedia para que eu cantasse para ele. Eu sou muito tímida cantando então negava todas as vezes ou as vezes. Richard era um ótimo irmão, ele sabia divertir Ketlyn quando ela estava triste e eles eram tão fofos juntos.
Ele também era bonito, Richard tinha o cabelo loiro, os olhos castanhos e a pele levemente bronzeada e apesar de não praticar muito esporte ele tinha um belo corpo. Nada muito fora do normal, mas se ele tivesse músculos definidos deixaria as plebéias no chão.
E tem meu pai e minha mãe.
Olhei eles vindo em nossa direção e se sentando para comer. Meu pai Ernest está com 57 anos, ele é um ótimo pai. Aparência comum, porém demonstra em seu rosto robusto um homem bravo, tendo também aparência de cansado para quem o conhece melhor. Olhos castanhos e cabelo preto. E minha mãe Marta é um amor de pessoa, ela passa o tempo trabalhando em uma lojinha em frente a nossa casa onde ela faz belos vestidos. Ela tem uma beleza jovial apesar de já estar quase com 60 anos. Tem os cabelos loiros e a pele bronzeada assim como meu irmão, seus olhos também são castanhos. Todos somos bem unidos.
(...)
Estava saindo para comprar algumas coisas. Que por fim estava bem complicado, as coisas estavam ficando difíceis e o rei não parecia o mesmo. Antes, mesmo que pouco, podíamos o ver caminhando ou passeando e falando com os seus súditos. Eu não sabia o que estava acontecendo, se era algum tipo de corrupção ou se algo muito ruim acontecera com o reino e isso estava o prejudicando pois as vendas estavam de mal a pior e o povo parecia furioso.
Cheguei em frente a lojinha favorita em que sempre comprava.
- Senhorita Hannah - chamei e ela saiu dentre as cortinas com um sorriso.
- Está tudo bem ? - perguntei. Eu a conhecerá bem e o seu sorriso não aparentava tão feliz.
- Sim querida, é só que as vendas estão ruins e estamos com medo de não podermos pagar a as contas - ela disse e eu percebi que ela estava se segurando para não chorar.
- Vai ficar tudo bem, eu vou levar bastante - disse pegando várias verduras sem olhar direito - Nossa elas estão maravilhosas - Disse fazendo ela sorrir - Peguei dois tomates e coloquei em frente a meu olho e depois tirei... Ela estava me olhando com uma expressão que dizia ''Eu não sou uma criança Audrey!". E então eu entreguei as frutas para ela.
Enquanto ela guardava tudo na sacola. Eu aproveitei para pegar um pedaço de alface.
- São ... - ela me olhou - AUDREY !! - ela começou a rir e tentou tirar da minha mão.
- Que foi? não acha graça do senhor bigodes - disse fazendo ela soltar uma gargalhada.
Acabei sorrindo junto e ela me deu uma tapinha. Paguei ela e fui embora.
Eu queria saber o que estava acontecendo, mas eu não queria perguntar muito a Hannah. Ela era uma ótima pessoa e eu nunca a vi com olhos tão tristes. Ela e nossa família são bem unidos, mamãe e ela são como melhores amigas.

Peguei um morango da sacola e acabei parando ao ver uma multidão cercando um espaço. Cheguei mais perto e fiquei surpresa... Era uma cavalaria real, algo realmente estava acontecendo. O homem que estava de armadura junto com vários outros ele desceu do cavalo e pegou um aviso grande. Isso não era bom, já fazia tempo que vivíamos em harmonia sem qualquer conflito.
- O rei mandou avisar - ele disse e levantou o tom da voz - Todos os homens e jovens de 18 anos acima deveram se alistar! - muitos ficaram chocados. Eu parei virando e pensei em meu irmão. Eu sabia que as vezes ele dizia sobre isso, mas ele amava tocar violão eu até tinha estranhado quando ele começou a falar da ideia e... Parei pensando. Ele já tinha se alistado, ele já sabia! Ele apenas queria que ninguém se preocupasse com ele quando fossem dar um aviso. O homem continuou falando, mas eu decidi voltar logo para casa. Cheguei apressada e fui até o quarto de meu irmão. Ele estava tocando violão. Eu observei... Tá eu iria conversar com ele e dizer que eu sabia, mas desisti. Aquilo feriria seu orgulho. Então eu apenas dei algo que ele esperava a algum tempo, eu comecei a cantar.
- Espere por um momento... Porque eu ficarei com você por um longo tempo - parei um pouco ao ele me olhar e ele voltou a tocar - Eu sei que você se sente sozinho, nesse momento. - Mas se eu simplesmente erguer a mão, você a pegaria? - Ele começou a tocar mais rápido. ''Eu sei que você sente que vai perder um pouco disso, mas quando voltar eu cantarei até você sorrir, como quando criança, eu sei, que quer nos proteger, você é um herói para nós, você é como um herói para nós " - Você é... Como um herói para nós - Ele parou de tocar e me olhou com um sorriso.
- Sabia que tinha uma voz linda!
Fiquei meio sem graça e tentei mudar o assunto.
- Vai mesmo para o exército?
- Você sabe que eu tenho que fazer isso - tomei um susto.
- Como? - ele me interrompeu.
- A música, você confessou tudo através dela... - tentei dizer alguma coisa, mas ele foi mais rápido - "Seu herói vai proteger a família," eu sentirei saudades daqui, mas não será para sempre - ele tocou meu ombro e sorriu.
- Por que não contou aos nossos pais? -perguntei.
- Amanhã eles viram, os pais já devem saber. - Eu me desencostei da parede.
- O que? - ouvi alguém perguntar quase chorando e me virei e vimos a Ketlyn - Você vai embora?
- Será só por um tempo - ele foi chegar perto dela, mas ela saiu correndo chorando e ele foi atrás da mesma.
- Amanhã - falei para mim mesmo baixinho e suspirei - Algo não está certo...