Amortentia

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Louis derrubou seus livros antes mesmo de colocar os pés no primeiro degrau das escadarias que o levariam para sua aula de Poções. O sonserino bufou desgostoso com a ideia de enfrentar duas aulas seguidas nas masmorras, sentindo o cheiro dos ingredientes mal cheirosos e o fervor dos caldeirões.

Quando ele decidiu que iria continuar com as aulas de Poções no sexto ano, pensou que, talvez, fosse capaz de aprender a gostar um pouquinho mais da disciplina. Nunca fora mestre, principalmente porque aquela matéria em questão exigia muito mais que um simples balançar de varinhas: exigia maestria demasiada, conhecimento prévio sobre diversos ingredientes e prática na arte de manusear cada um deles.

Em resumo, Louis decepcionou-se logo na primeira semana de aula, quando sua poção – da qual ele nem mesmo se recorda o nome ou efeito – começara a borbulhar mais que o esperado, derramando-se pelos seus livros e vestes. O garoto não saberia dizer o que foi pior: ficar dois dias na enfermaria cuidando de suas queimaduras ou observar Harry Styles, o tão desejado garoto da Grifinória, rir da sua situação tão delicada e embaraçosa.

Harry era, sem dúvidas, o motivo de Louis passar tantas noites sem dormir, tantas aulas sem anotar nada e tantos treinos de quadribol sem ouvir uma palavra sequer do que o capitão falava. Louis odiava e amava Harry ao mesmo tempo. Podia-se dizer, facilmente, que ele odiava amar a figura alta de olhos de um verde penetrante, dos lábios tão convidativos, dos cabelos – ainda não comprovadamente – macios. Louis namorava a imagem do cacheado todos os dias e esse fora a principal causa do acidente que acontecera na aula de Poções da semana passada.

Louis estava calmamente esperando que a sua poção começasse a ferver, o que, segundo o Prof. Slughorn, demoraria um pouco. Visando distrair-se, ele começou a observar seus colegas de classe – as aulas de Poções eram, infelizmente, junto dos alunos grifinórios – desenvolvendo a mesma poção que ele. Quando pousou o olhar no garoto Styles, vestido nas vestes bruxas e com os cachos presos, mexendo tão delicadamente a sua mistura no caldeirão em chamas, Louis perdeu o foco e noção de tempo. Não saberia dizer por quanto tempo ele ficou observando o grifinório, não conseguia desviar o olhar.

Em algum momento após aquele devaneio, Harry retribuiu o olhar, com um sorriso – sim, aquele maldito sorriso que fazia o coração de Louis Tomlinson saltar tanto quanto um hipogrifo em fúria. Louis desviou o olhar no mesmo instante, envergonhado por tê-lo encarado tanto, mas, quando seus olhos pousaram na sua poção, já era tarde demais para tentar salvá-la. Ela borbulhava tanto que o calor da fumaça queimava o rosto de Louis. Ele teve a terrível ideia de tentar mexer naquela mistura mal feita, e foi ali que o desastre tornou-se ainda pior: o líquido em combustão derramou-se quase que por inteiro, queimando seus pergaminhos, livros e vestes.

– Merda, merda, merda – Louis apanhou sua varinha e tentou, erroneamente, arrumar a bagunça que fizera. Ele apenas ouviu as risadinhas de Harry Styles acompanhado dos seus marionetes da maldita Grifinória.

– Sr. Tomlinson, quando eu disse que demoraria, esperava que o senhor, ao menos, prestasse atenção no tempo de cozimento – o Prof. Slughorn ralhou, lançando um feitiço para arrumar a bagunça. – Pelas barbas de Merlin, isso dará um trabalho danado para a Madame Pomfrey.

Ficar dias na enfermaria na sua própria companhia, fez Louis repensar que diabos estava pensando. Todos falavam sobre como os sonserinos eram presunçosos de si mesmos, mas ele não conseguia parar de pensar em como os grifinórios adoravam a ideia de ter Harry Styles na sua casa. Afinal, por que todos o idolatravam daquela forma? O que o garoto tinha de tão especial? Louis saberia fazer uma lista completa de tudo que amava no garoto, mas aquilo não era uma regra comum.

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