Not today

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A pior coisa que Harry fez naquela manhã de sábado foi tentar levantar da cama. Como ele poderia, possivelmente, fazer aquilo depois da noite passada? Depois de beber tanto whisky de fogo? Liam Payne era o motivo da sua dor de cabeça, daquilo ele tinha certeza.

Na verdade, Liam apenas sugeriu que Harry bebesse um pouco para "se alegrar e esquecer o baixinho de olhos azuis." No entanto, Harry passou dos limites. Cada vez que ele se lembrava de Louis, dos seus olhos, da sua boca, do seu sorriso... Tudo era motivo para que ele bebesse ainda mais e afundasse suas mágoas no álcool potente que tinha naquela bebida mágica.

Que atitude estúpida. Fora um completo tolo ao pensar que aquilo mudaria sua situação. Bem, Louis não estava com ele, provavelmente estava no seu dormitório xingando Harry de nomes que ele nem mesmo seria capaz de repetir. Ou talvez ele apenas já tinha seguido em frente, até porque, duas semanas haviam se passado sem que os dois nem mesmo se olhassem.

Tudo isso porque a vida era fodida demais. Harry pensava que, não importava a circunstância, tudo na sua vida sempre dava terrivelmente errado.

Todos viviam falando sobre Harry Styles nos corredores de Hogwarts, falando sobre seu talento em feitiços e poções, sobre sua beleza e muitas outras coisas. Isso deixava o garoto irritado, porque nenhuma dessas pessoas sabia que, no fundo, ele estava tão sozinho quanto um vampiro preso no armário de alguém. Ele sentia-se só mesmo quando rodeado de colegas. Sentia-se incrivelmente solitário mesmo quando estava no meio de tantas pessoas tentando chamar sua atenção.

A única vez em que se sentira realmente acolhido e próximo a alguém foi quando teve a oportunidade de conhecer Louis Tomlinson de verdade. Estar ao lado de Louis costumava ser o melhor momento do dia de Harry. Tudo era incrível, desde conversar com ele sobre coisas banais do dia-a-dia, ouvi-lo contar sobre coisas da sua infância – ele falava pouco sobre isso, geralmente apenas sobre suas irmãs – até mesmo os beijos apaixonados que trocavam sempre que ninguém estava vendo. Aqueles momentos eram especiais, únicos e inesquecíveis.

Harry gostava de Louis, muito. Gostava de cada detalhe seu, da sua voz, do seu rosto, seu corpo. Amava quando seus olhinhos azuis encontravam os seus, por segundos, antes dele desviar o olhar para outro lado, sorrindo. Aquelas imagens iam e voltavam para sua mente, trazendo lembranças daquelas semanas incríveis que passaram juntos.

Era idiota ser tão altruísta? Pensar tanto nos outros antes de pensar em si mesmo? Porque Harry se sentia estúpido ao extremo. Porém, ele não podia se dar ao luxo de continuar com ele depois de tudo que ouvira, depois de saber das atrocidades que aconteceram com Felicité Tomlinson apenas por ter ido para a Grifinória. Imagina quando descobrissem sobre ele e Louis. Ele não queria ser o motivo para que algo de ruim acontecesse com o rapaz que ele tanto gostava.

– Finalmente você acordou – disse Tom, um dos seus colegas de quarto. – Você chegou péssimo ontem, vomitou no banheiro todo.

– Sinto muito por isso – Harry desculpou-se com sinceridade, não tinha intenção de dar tanto trabalho.

– Da próxima vez não beba tanto – repreendeu, olhando-o com desprezo, ou algo parecido com isso. Tom era certinho demais e estava sempre se intrometendo na vida alheia. – Além de ser nojento, é proibido.

– Que seja.

Harry pensou no que poderia fazer depois de levantar da cama e tomar banho. Ele não estava nenhum pouco a fim de ir para Hogsmeade com o restante da escola. Não quando aquele lugar lembrava-o tanto de Louis e, principalmente, quando ele sabia que o garoto estaria lá, acompanhado de suas duas irmãs e seu amigo lufano, Niall.

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