Prologue

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A morte é a única certeza que temos na vida. Após ela, sabemos que podemos ir a dois lugares — céu ou o inferno — e nada mais.

O homem se encontrava em um local de tamanho médio, cujas paredes, um dia pintadas de verde musgo, estavam agora descascadas e desgastadas pelo tempo. O ambiente parecia parado no tempo, com marcas de desgaste visíveis em cada canto. Algumas janelas empoeiradas deixavam que raios de luz filtrassem, iluminando parcialmente o espaço e revelando, do lado de fora, árvores majestosas que balançavam suavemente com a brisa daquela madrugada.

Contudo, essa luz era apenas parcial, pois a maior parte do lugar se encontrava imersa em uma escuridão, suficiente para despertar um sentimento de angústia no garoto. Uma lâmpada solitária pendurada no teto emitia um brilho suave, mas constante, lançando uma luz amarelada e opaca, intensificando a sensação de medo que se apossava dele. Aquela iluminação precária parecia não apenas iluminar, mas destacar o abandono e a solidão do lugar.

Apesar da atmosfera aterrorizante, o jovem reconhecia cada canto e cada detalhe daquele ambiente, pois costumava passar tardes brincando naquele mesmo lugar quando era criança. Era um hospital agora abandonado, mas que um dia fora palco de risos e aventuras, onde ele, seu irmão e seus amigos costumavam se perder na inocência da infância. No entanto, naquele momento, tudo o que restava era uma recordação do passado, agravada pelo desgaste do presente.

Chanyeol sentiu seus lábios secos, enquanto o batimento frenético de seu coração ecoava em seu peito, como se a pressão do momento fosse insuportável. Seu corpo tremia de desespero, à medida que percebia seus pulsos e tornozelos amarrados com firmeza por uma corda, prendendo-o a uma cadeira. A visão que se desenrolava diante de seus olhos fez com que suas pupilas se dilatassem e sua respiração se tornasse ofegante, quase à beira da sufocação.

Era impossível para ele acreditar que a pessoa diante dele — aquela em quem depositara toda a sua confiança e amor — fosse capaz de causar-lhe tamanha agonia. O sentimento de descrença e profundo desapontamento consumia-o por completo, como se todas as esperanças e expectativas que ele havia depositado naquela relação tivessem sido brutalmente despedaçadas em um único instante.

A cada passo que aquela pessoa dava em sua direção, Chanyeol sentia como se seu peito estivesse apertado. Seu coração, descontrolado, batia de forma irregular. Ele tentava conter o pânico que subia pela sua garganta, mas os passos do outro ecoavam em sua mente. 

Chanyeol não conseguia desviar o olhar, preso pela intensidade hipnótica daqueles olhos. Escuros e opacos, eles escondiam um brilho que o fez estremecer — algo entre diversão sádica e um desprezo absoluto. Por mais que tentasse, ele não conseguia desviar o olhar. Quando finalmente o homem se curvou, ficando ao nível dos seus olhos, Park pôde sentir um leve aroma de tabaco. A proximidade era sufocante, e arrepios involuntários correram pela sua espinha, um presságio sombrio do que estava por vir.

Um instante depois, a angústia de Chanyeol se transformou em agonia física, quando uma lâmina afiada perfurou impiedosamente sua coxa direita, dilacerando seus músculos com uma imensa crueldade. O choque e a dor o deixaram atordoado, enquanto o sangue quente começava a escorrer, tingindo suas roupas e o chão ao redor.

O grito que escapou de seus lábios foi sufocado pelo terror imenso que tomava conta de seu corpo. Ele mal teve tempo de processar a dor anterior quando a lâmina cravou-se novamente em sua carne, desta vez na outra coxa. A dor lancinante e a sensação de estar sendo dilacerado por dentro o empurraram ao limite, levando-o a um estado de pânico total. A percepção de estar completamente à mercê do agressor, armado com uma lâmina mortal, fez com que um frio percorresse sua espinha, aumentando ainda mais a sensação de desamparo e agonia.

Revenant ✻ ChanbaekOnde histórias criam vida. Descubra agora