Eu me chamo Ton, tenho 25 anos e a história que lhes vou contar está longe de ser a história de um casal qualquer, nem tão pouco a caminhada mais perfeita mas com certeza a mais odiada.
Namoro desde os quinze e nunca fui de ter muitas parceiras sempre gostei das coisas mais demoradas e com o máximo de calma que conseguia lidar com a situação, aos quinze tive a minha primeira desilusão amorosa devidamente válida, aos dezesseis um namoro breve com quem eu jurava ser o amor da minha vida e que mais tarde viraria a minha própria cruz, cravejada de pregos... enferrujados e cobertos por sal.
Vou apelida-la carinhosamente de Satanás. Para que não se esqueçam do motivo pelo qual comecei por ela.
Por exatos dez meses, eu fui o mais dedicado e possivelmente motivado à fazer dar certo, mas Satanás não ligaria para isso, afinal, por que o senhor supremo do inferno se importaria? Tenho a ligeira impressão de que até aquilo a divertia, o divertia, enfim... entendeu.
Neste ponto, quero que imaginem os motivos que me deixavam triste e desapontado e que algumas vezes me empurravam um pouquinho mais fundo no poço chamado Ensino Médio. Motivos estes que não vou citar nenhum, mas fiquem tristes e continuem imaginando, pode parecer estranho mas neste momento, estão me confortando e a ideia de mais alguém compadecido do meu carma me deixa menos vulnerável...
Aos dezessete, já tinha repetido o ano duas vezes, as quais, foram na mesma classe. Não fiquem assustados, não ainda, essa é a parte bonitinha da história, então deixem-me continuar. No final do terceiro ano seguido na mesma série, em meio a todo caos adolescente e os pelos, vislumbrei aquela que seria o ápice dessa história, não do lado certo pois ela fazia parte da cavalaria que rodeava e acompanhava o desenrolar da história do que seria a próxima vítima, digo... cortejada. Não se preocupem, não durou muito e para ser sincero, não sei se chegou a começar.
Este foi o ano em que Satanás e eu tínhamos nos separado e vamos lembrar daquela mania dele de continuar me perseguindo mentalmente e me fazendo colocar os dois pés quilômetros atrás de qualquer que fosse o meu interesse no momento e embora estivesse procurando por alguém, ainda não o tinha esquecido, não pode me julgar por não esquecer o Satanás, não leve para o pessoal, mas nós sabemos que você também não teria.
Até então, não havia trocado nenhum palavra com a personagem chave desta trama e ela tão pouco demonstrava interesse em mudar este fato, começou assim, o que chamamos de jornada do herói que pra você que está se perguntando o que seria, relembre de todos os filmes que viu, do momento em que o herói encontra o vilão pela primeira vez até o final em que eles trocam socos e de uma maneira incrível ele consegue a reviravolta que precisava e consegue finalmente eternizar o seu nome, a jornada entre o qualquer e o ser mitológico, aquilo é a jornada do herói.
O primeiro passo seria mudar isso e eu precisaria de muito esforço e a estratégia perfeita para conseguir me aproximar sem assustar a garota, tinha que pensar nos movimentos, deixar tudo milimetricamente calculado para que não houvessem erros de execução. Bem, o máximo que consegui, foi dar um olá torto o suficiente para notar a expressão de dó dela o que por algum motivo a levou a retribuir e numa breve conversa sobre um tema que eu não lembro pois prefiro esquecer a me deprimir lembrando das vergonhas as quais jamais serão citadas aqui, aliás, a história é minha, e eu pretendo ser o personagem principal com defeitos emocionais facilmente detectáveis mas que ao mesmo tempo faz você pensar que é o herói perfeito, então com licença.
Pedi uma bala, o pouco tempo que passei procurando a amiga dela me fez aprender que ela comprava muitas e seria um bom jeito de conseguir continuar a conversa. Não me julgue pela tática, eu era um estudante, o que você esperava?
Era o final do intervalo e eu havia esperado os vinte minutos para dar inicio à conversa pois sabia que se algo desse errado, o sinal certamente me salvaria. Quem você chamou de estrategista barato mesmo? Estávamos no corredor de acesso aos banheiros e ela olhou em volta como se procurasse por algo ou alguém, possivelmente para salva-la daquilo.
- Vem pegar -disse ela enquanto entrava no banheiro feminino colocando uma das balas na boca
Dei uma leve olhada por cima dos ombros para o corredor semi vazio e escorreguei para dentro do banheiro, ela estava sem a blusa e cuidou para que a porta fosse trancada o mais rápido possível, as mãos dela deslizaram da tranca para a minha nuca tão rápido que mal consegui perceber o quão perto ela estava, me beijou com força e roçava o corpo contra o meu, não tentei esconder a ereção pois obviamente ela estava fazendo propositalmente. Minha camisa voou até a pia e os beijos fortes passaram a caminhar para fora da minha boca que a essa altura estava em choque e claramente pedia que continuasse, mas ela não deu a mínima, desceu todo o meu corpo com beijinhos que volta e meia se transformavam em mordidas finas e que deixavam o local vermelho, eu sabia o que ela pretendia e mesmo assim fui incapaz de lutar contra.
Antes que eu pudesse retrucar, senti a boca quente e macia envolvendo o meu pau e chupando com tanta força... tanta vontade... estremeci e só consegui segurar o cabelo que insistia em cair sobre o seu rosto, com o olhar fixo nos meus olhos e um quase sorriso nos lábios, ela me tocava cada vez mais rápido... intercalando com aquela boca maravilhosa.
Gozei pouco antes do sinal tocar novamente e encher o corredor de alunos que esperavam a troca de aulas, ela não disse uma palavra. Engoliu cada gota até mesmo as que deixei que espirrassem no canto da sua boca, pediu para que eu ficasse atrás da porta, abriu e saiu normalmente... Tranquei a porta novamente e tentei me recuperar do que havia acontecido ali, mas com um sorriso que creio eu estar de orelha a orelha saí e voltei para minha sala. Logo depois disso, o sinal tocou e despertei do meu devaneio, ela já não estava mais na minha frente e provavelmente tinha me achado que eu era algum doido varrido... subi as escadas até as duas aulas que ainda me sobravam após o intervalo. Talvez na saída eu tivesse mais chance de conversar de conversar pois se ela compartilhasse da minha repulsa pelo local, poderíamos curtir juntos o sentimento de liberdade que vinha quando o último sinal tocava e eu podia saborear o ar fora do que apelidosamente carinhei de buraco de demônios.
øøø
Quando o sinal tocou eu estava decidido à falar com ela e óbvio que esperei até que o esquadrão que geralmente a acompanhava até a saída dispersar-se e eu pudesse falar com ela com mais calma, eu sabia que ela ia sozinha para casa, conseguia ver quase metade do trajeto que fazia do meu ônibus e ela estava sempre sozinha. Pouco antes da porta da escola que dava para a rua, consegui alcançar ela e disse o meu oi torto de mais cedo, novamente. As próximas palavras foram as mais aleatórias que vieram na minha mente e deve ter soado com um me dá um selinho? com o corpo quase forçando que ela se encostasse na parede e pro meu espanto, ela balançou a cabeça num gesto de sim, e eu juro que não estava preso nos meus devaneios de novo, é sério, para de me olhar desse jeito.
Não disse mais nada, ajeitei a mochila e segui para casa ainda nervoso, desde Satanás eu não tinha tomado muitas iniciativas. E fiz o que qualquer adolescente faria, passei o restante da tarde procurando o perfil dela no Facebook.
YOU ARE READING
Inquebrantável
General FictionRomances nem sempre são nutridos por situações especialmente boas, as vezes as dificuldades dão o empurrão que falta pra parte da essência vital em que ser impulsivo é aceitável e em que demônios podem se manifestar em emoções muito simples.