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'' Não me magoe, meu coração já tem muitas mágoas..."

Clarice Lispector

Théo segue João e observa cada detalhe. Mulheres dançam em pole dance, beijam homens pelos cantos. Théo se sente mal, contudo continua. Logo que chega ao terceiro andar parece um outro local. É tudo muito organizado, a luz fluorescente clareia o local. Luminárias trazem um ar aconchegante.

Há um enorme sofá na cor bege, com diversas almofadas nas cores vermelho, rosa e vinho. Observa alguns quadros que estão pendurados sobre as paredes pretas. Um quadro de Fernando Botero com todo seu volume e suas cores; outro de Picasso, que consistia em obras sombrias em tons de azul e verde azulado, e um outro de Salvador Dalí, que chamava a atenção pela incrível combinação de imagens bizarras.

Eles param de frente para uma porta grande de madeira na cor vermelha e que tem uma placa escrito: Dama da Noite. Mil e uma noites de prazer.

Théo engole em seco.

— Apenas um recado. Aqui o nome da Marisol é Dama da Noite. Não aceitamos que chame ela por outro nome. Entendido?

— Ok. Mas por quê?

— Porque é a regra. — João responde estressado com tantas perguntas imbecis. — Visita. — João dá três batidas na porta. — Fique à vontade e aprecie com moderação. — Sorri com ironia e se retira.

Théo olha para a porta e sente uma dor no coração. Fica parado alguns minutos tentando saber o que está fazendo ali. Vira de costas, soltando o ar pela boca. Está agoniado, está com medo e sente um frio na barriga.

Ao mesmo tempo que quer vê-la, sente raiva dela por estar em um local desse. Um filme passa na sua cabeça, quando a viu naquela noite ela não parecia prostituta. Parecia uma moça indefesa e ferida.

Toma coragem e coloca as mãos sobre a maçaneta. Vira devagar, abre a porta e entra lentamente. Observa o quarto e não vê ninguém. Fecha a porta bem devagar.

— Hoje você sairá daqui o cara mais feliz da sua vida. — Ouve a voz dela e estremece por dentro.

A luz está apagada, por isso ele não consegue enxergar nada.Uma luz vermelha acende no meio do quarto e ele a fita. Sente sua boca secar e percebe que tinha feito a maior burrada da sua vida.

Ela veste um corpete vermelho que a deixa bem sensual, suas pernas estão cobertas por uma meia ligada com um espartilho que realça suas coxas, uma calcinha toda em renda, um salto alto que a deixa poderosa e sensual. Ele vira o rosto se obrigando a não olhar.

— Se vista, por favor. — Pede. — Se vista agora. — Ela sorri e começa a dançar.

Está acostumada com cada tipo de homem e sabe que alguns que nunca foram a esse lugar, ficam com vergonha na primeira vez.

— Fique tranquilo, eu vou te relaxar. — Ela chega até ele, segura em sua gravata, começa a dançar, mas ele a empurra e grita.

— Marisol, coloque a roupa agora. — Ela escuta seu nome e estremece por dentro.

Ninguém a conhece pelo nome. As regras ali são bem claras, apenas a chamá-la pelo apelido. Corre, pega um robe de cetim na cor vermelha e se veste.

— Como você sabe meu nome? Ela pergunta e Théo fica nervoso na hora.

— Onde está a luz? — Pergunta enquanto apalpa a parede.

Marisol corre até a luz e acende, precisa saber quem é a pessoa que havia a chamado pelo seu nome.

Um Novo Recomeço Livro I (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora