Com o coração acelerado, chamo pelo seu nome, enquanto corro pela sua casa. Quero chorar de alivio quando o vejo na porta da sala, vestindo apenas sua calça de moletom e com seus cabelos ainda molhados do banho. Mas meu medo nem me deixa debruçar em quanto meu namorado é lindo.
— Becca, amor, o que aconteceu?
O abraço mais forte que consigo, enterrando meu rosto em seu peito, tentando controlar meu desespero, e formar alguma palavra sem arfar.
— Você está me assustando, Rebecca. — Ele sussurra
Sinto suas mãos passeando pelas minhas costas, enquanto ele me acalenta.
— Will, me diga que é mentira o que acabei de ouvir no consultório. Você está deixando o país? — Peço através de lágrimas estupidas que não param.
Droga, parece que meu peito vai estourar de tanta dor.
— Vem, vamos nos sentar. — Sua voz é estranha, quase desesperada
Quando abro meus olhos, vejo que no canto dela há diversas malas empilhadas, sinto como se meu coração estivesse parando lentamente, minhas pernas travam, e o nó em minha garganta tenta me impedir de falar.
— Então é verdade, você está mesmo me deixando... — As palavras não passam de um sussurro quase inexistente.
Will não responde de imediato, pelo contrário, apenas fecha os olhos, respirando fundo. Observo suas mãos correndo por seus cabelos, e minha vontade é eu mesma arrancar cada fio dele. Caminho trôpega me sentando em seu sofá surrado, sentindo uma onda de pânico se aproximando.
— E quando pretendia me contar, William? — Digo com raiva.
Vejo quando se vira rápido, me enviando um olhar mortal. Só então percebo seus olhos também vermelhos.
— Não diga idiotices, Rebecca. Sabe muito bem que iriamos almoçar juntos, eu estava deixando as coisas apenas arrumadas ainda tenho alguns dias antes da viagem, e queria passar o máximo de tempo com você.
— Você não pode estar falando sério, Will! — Outro soluço me escapa
Ficamos em um duelo de olhares, onde há tantas palavras para serem ditas, mas nenhum de nós tem a coragem de dize-las.
— Todos já estavam sabendo dessa sua viagem, não é mesmo? — Me sinto uma idiota
Entre todos, Will, era o único que acreditava que nunca me magoaria. Ele tenta se aproximar, mas me afasto do seu toque, não preciso da sua piedade.
— Ninguém, além do dr. Carlos sabia, amor. — Ele se apressa em rebater com desespero — A verdade é que aconteceu tudo tão rápido. Eu não estava esperando ser chamado, é uma vaga realmente concorrida, seria quase impossível conseguir sem a ajuda dos meus pais. Mas eu consegui, e sozinho!
— Então, porque diabos não me disse que se inscreveu?
— Porque não estávamos juntos quando o fiz. E depois esqueci disso! — Ele passa as mãos pelos cabelos — Ou acha mesmo que escondi isso de você de propósito, Rebecca?
— Sinceramente, eu não sei ... — Respondo com sinceridade
Tudo bem que não éramos um casal quando decidiu se inscrever, mas sempre fomos amigos, e ele nunca me disse nada, nem mesmo quando recebeu a resposta.
— Eu preciso disso, potranca, é minha chance de um futuro melhor, e sem depender da ajuda de ninguém.
Ele está certo, é uma grande oportunidade, e embora eu esteja magoada por ter sido pega de surpresa pela notícia, sei que não tenho direito de pedir para me incluir em seus planos. Não quando ele está tão determinado a me deixar.
— Você realmente está certo, é a grande chance de mudar sua história — Sorrio para ele — Todos nós sabíamos que essa brincadeira de peão, sem eira nem beira, acabaria em algum momento, não é mesmo William?
Sei que estou jogando baixo, mas meu peito doí tanto, quero atingi-lo também, deixa-lo dolorido, assim como está fazendo comigo.
— O que eu, a filha pobre e renegada de um maldito alcoólatra teria para te oferecer aqui, não é mesmo?
— Não faça isso, eu te amo, porra! — Ele grita se aproximando
— Para aí mesmo onde está, não me toque! — Me levanto o empurrando — Se me amasse, teria me incluído em seus planos, aberto o jogo comigo, não deixado para fazer na última hora.
— Eu não sabia que teria que embarcar tão rápido, Rebecca!
— Foda-se você e suas mentiras, Will! — Aponto meu dedo em seu rosto — Me deixa em paz, vá para sua viagem e me esqueça!
Ele me segura pelos meus braços, e em segundo estou em seu peito, com sua boca batendo contra a minha, sua língua tomando tudo de mim.
—Eu nunca te deixaria, potranca! — Seus dedos escovam meus lábios — Estou indo para um curso de apenas 1 semestre, volto antes mesmo de sentir saudades de mim, e com meu diploma nas mãos para começarmos nossa vida juntos. Eu prometo.
Segurando meu rosto com as duas mãos, beija meus lábios novamente, mas dessa vez com ternura, paixão, mas meu coração ainda está tão machucado que me faz empurra-lo para longe. Ele apenas me olha como se estivesse maluca, eu o empurro de novo, e decide me soltar.
— Não, Will, você não vai voltar, e se isso acontecer não estarei mais te esperando. Cansei de te esperar, de brincar de amar com você. — Pego minha bolsa no chão — Sinto muito, mas para mim não há como conserta a confiança que foi quebrada.
Não queria ter mostrado tanta insegurança para ele, nunca fui assim, mas o desespero de tê-lo longe me dominou. Jamais deixarei alguém me tratar como segunda opção, ele fez a escolha dele quando mentiu para mim. E vamos combinar que nossos mundos nunca iriam se encaixar mesmo.
Mesmo sendo machucada, quero que ele tenha sempre o melhor, e se esse curso significa tanto assim para ele, que seja muito feliz.
— Não faça isso, Rebecca Fraga, não me coloque para fora de novo! — Ele diz entredentes — Você prometeu que não faria mais isso.
— Vá, Will, essa fazenda já tinha ficado pequena mesmo para você! — Sorrio para ele antes de atravessar a porta
— Esse aqui é meu lugar, Rebecca, junto com você, sua teimosa! — Grita nas minhas costas — Eu te amo, e isso nem mesmo a distância, ou você, pode mudar!
Limpo as lagrimas que teimam em cair, e apenas sinto o oco em meu peito, não há mais nada lá, nem mesmo dor, apenas uma estranha dormência. Eu sei que novamente estou sozinha, dessa vez não haverá meu melhor amigo para me curar, nem seu riso para trazer paz ao meu coração. Dessa vez acabou tudo para mim.
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COMO PROMETIDO, ESTOU REPOSTANDO ESSE CASAL PIMENTA!
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NOSSO AMOR
Short StoryPLÁGIO É CRIME! (+18) ♡ "Rebecca Fraga, sempre fora apaixonada por Will Novaes, o peão da fazenda em que trabalha. Desde a infância eles nutrem algo diferente um pelo outro, mas com o tempo o que era uma grande amizade, se tornou algo maior, se tran...