O barulho dos meus saltos ecoa pelo lobby do consultório, enquanto corro para alcançar o banheiro. Estou mal por vários dias seguidos, nada realmente consegue ficar em meu estomago, me sinto fraca e sonolenta a maior parte do tempo, sem ânimo para nada. Exatos 52 dias se passaram desde que ele viajou, e nada mais foi como antes, o que é deprimente até mesmo para mim. Não consigo parar de pensar se ele também sente minha falta dessa forma, ou nem sequer está pensando em nós.
Como disse, patética!
Com mais esse pensamento idiota, alcanço o sanitário, depositando todo meu café da manhã nele. Fico sentada no chão alguns minutos, tentando regularizar minha respiração, e só depois de melhor o suficiente me levanto. Com minhas pernas ainda trêmulas caminho em direção a pia, lavo minhas mãos, encarando no espelho minha palidez. Com minha pele mais pálida que nunca, minhas imensas olheiras ficam mais evidentes. Pareço ter algum tipo de virose, se continuar assim, terei que pedir alguns dias de folga.
Agora, a única coisa que preciso é voltar ao trabalho.
Me recomponho da melhor forma possível, tomando meu caminho de volta para minha mesa. No final da tarde estou exausta, meu ramal tocou o dia todo, corri de um lado para o outro igual uma barata tonta, e parece que tem uma banda de rock tocando dentro da minha cabeça. Meu chefe, Carlos, está envolvido em mais um dos seus estudos, o que quer dizer que consequentemente de uma maneira indireta, eu também estou. Sendo que ele me chama em sua sala todas às vezes que precisa de algum documento ou arquivo, e isso acontece diversas vezes ao dia.
Mesmo esgotada só encerro meu expediente às 18:30, ainda assim quando meu patrão deixa sua sala me mandando ir para casa descansar. Ultimamente meus dias estão sendo da mesma forma, mesmo me sentindo exausta faço o máximo de hora extra possível, por favor não se assustem, esse fato não é pelo dinheiro, não que ele não seja bom, mas as horas também me mantem longe de casa. Ou melhor, longe do meu pai. Tem sido tempos difíceis, o vício dele piorou muito, antes apenas bebia, agora além da bebida, também joga todo seu dinheiro, que já não sobra muito, em grandes apostas. Chegou no ponto dos caras para quem ele devia irem em nossa casa nos ameaçar para receber a grana, e sem eu soubesse, mamãe deu suas economias de uma vida toda para não o machucarem.
Chego em casa, e encontro minha mamãe na cozinha, e assim que me vê ela colocou o dedo sobre os lábios pedindo silêncio, esse era nosso sinal para quando meu pai estava no seu modo embriagado e agressivo. Na verdade, nem sei porque ainda o chamo dessa forma, ele nunca foi realmente meu pai.
Beijo seu rosto rapidamente, correndo para meu quarto em seguida. Desde de cedo descobri que deveria evitar ao máximo me expor com ele, muito menos dar chance dele me pegar desprevenida. Tiro minhas roupas, jogando-as no canto do banheiro sem me preocupar, entro no box ligando a ducha, e pela primeira vez no dia relaxo meu corpo dolorido.
Depois do banho me jogo na cama, e sinto que o buraco em meu peito só faz aumentar. Meus pensamentos sempre vão para meu ex peão preferido, e o que estaria fazendo, ou com quem. Eu sei que é loucura, afinal não temos nada mais um com o outro, mas meu coração se recusa a aceitar que ele não é mais meu. Abro o aplicativo de mensagens, e masoquista como sou, releio as que trocamos recentemente, antes de eu bloqueá-lo de todas as formas depois do nosso termino.
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NOSSO AMOR
Short StoryPLÁGIO É CRIME! (+18) ♡ "Rebecca Fraga, sempre fora apaixonada por Will Novaes, o peão da fazenda em que trabalha. Desde a infância eles nutrem algo diferente um pelo outro, mas com o tempo o que era uma grande amizade, se tornou algo maior, se tran...